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Apresenta cerca de 600 peças extraídas do acervo que mostram o pai da aviação em diversas facetas – esportista, designer, empreendedor, personagem de referência em seu tempo, leitor voraz, inventor diversificado, de caráter tenaz e conturbado.
De 26 de novembro a 29 de janeiro de 2017, um espaço no Piso 2 do Itaú Cultural, abriga uma réplica da aeronave Demoiselle, considerada a obra-prima de Alberto Santos-Dumont, o conhecido “pai da aviação”. Esse, no entanto, é apenas um detalhe da exposição que fica em cartaz, no mesmo período e andar, na Sala Multiuso do instituto. Com cerca de 600 peças da Coleção Brasiliana Itaú e curadoria da jornalista Luciana Garbin e do Itaú Cultural, a mostra revela a personalidade de Dumont encoberta pela repercussão de sua mais famosa criação, o aeroplano 14 Bis, cujo primeiro voo completa agora 110 anos. A linha curatorial se sustenta em pilares que marcam a sua trajetória tratados hoje em dia como inovação, ciência e empreendedorismo.
Santos-Dumont foi esportista, designer, grande inventor brasileiro e uma personalidade referência, a ponto de criar tendências no modo de vestir e usar o chapéu, uma de suas marcas registradas. Teve criações até hoje pouco conhecidas do público, como o Conversor (ou transformador) Marciano, que servia para ajudar esquiadores a subir. O nome vem de sua ideia de reproduzir a gravidade de Marte e reduzir o peso.
São de sua invenção, ainda, um dispositivo para corrida de galgos, ou o Canhão Paradoxal, uma espécie de catapulta para lançar boias salva-vidas para banhistas que estivessem em perigo no mar. Entre as dezenas de fotos exibidas na exposição, duas são do criador testando o Canhão em uma praia. Essas imagens, como outras com sua aeronave, também haviam sido transformadas em cartões postais, um dos modismos daquela época, ao qual o próprio Dumont aderiu com fervor e cuja coleção é ali apresentada.
Em Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú há muito mais a descobrir sobre esse notável brasileiro nascido em 20 de julho de 1873 no Sítio Cabangu, localizado em Palmira (MG), na Serra da Mantiqueira. Em 1879, foi viver com a família em Ribeirão Preto (SP), onde o pai tornou-se “rei do café” e ele mesmo começou a descobrir a mecânica nas máquinas rurais. Adulto, foi uma celebridade na França em uma época em que o país ditava a moda mundial e a Belle Époque imprimia novos modos de viver e pensar baseada no otimismo e progresso científico. Em 1932, ele morreu, triste, deprimido e sozinho, em um hotel no Guarujá.
Exposição e acessibilidade
Ao entrar na mostra, o visitante encontra uma porta de hangar, onde faz o check in, responde a três perguntas sobre seus conhecimentos a respeito de Santos-Dumont e recebe uma espécie de cartão de embarque, com uma gravura extraída de um antigo jornal com o retrato dele. O “viajante” pode levar o bilhete para casa, que também tem impressão em braile.
Entrando no espaço expositivo, o público encontra documentos, objetos e imagens conservadas por ele próprio e herdadas por membros de sua família, todos de valor inestimável, organizados na curadoria compartilhada de Luciana, em parceria com os núcleos Itaú Cultural de Inovação, Acervo e Enciclopédia, Artes Visuais, Produção e Centro de Memória, Documentação e Referência (CMDR).
Além de peças originais e pessoais de Santos-Dumont, a exposição resgata fotografias históricas de época. São registros de voos dos balões e aeroplanos, retratos pessoais dele tirados pelos maiores fotógrafos em várias partes do mundo e nas tiragens originais guardadas no arquivo pessoal do homenageado.
Há também um grande número de cartas, documentos pessoais – desde certidões de batismo e de óbito, testamento, até declarações de renda – correspondências, patentes originais de alguns inventos, publicações da época exaltando seus feitos, livros de sua biblioteca pessoal, ou de sua autoria, oferecidos com dedicatória.
Até mesmo a vida financeira de seu pai está revelada na mostra. O público tem contato com plantas e documentos que relatam a doação de suas duas casas favoritas: a fazenda de Cabangú e a Villa Encantada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Alguns objetos pessoais completam o acervo, como um binóculo, uma luneta e outros instrumentos científicos usados por Santos-Dumont.
Em um ambiente em que são projetados vídeos históricos de seus voos e fones de ouvido que tocam músicas que falam do inventor, a linha curatorial apresenta espaços definidos como Da fazenda para o mundo, que trata de sua origem e ambienta como viveu em família, na infância, na adolescência no interior do Brasil, como se formou, os livros que leu e o inspiraram, como A volta ao mundo em 80 dias, de Julio Verne, e anotações de sua irmã sobre ele. O Rei de Paris fala de seu trabalho e experimentos, do auge da sua produção, do sucesso e prestígio mundial, entre balões, aviões e dirigíveis. Em Outros inventos, o público fica conhecendo as criações de Dumont além da aviação. Volta ao Brasil, o mostra recebido por multidões, e como seguiu a sua vida como fazendeiro e escritor em propriedades da família, seu cotidiano, a morte e as homenagens que recebeu.
Entre os documentos, encontram-se telegramas da princesa Isabel felicitando a mãe de Santos-Dumont pelos feitos do filho, uma carta escrita por ele a um parente sobre um telegrama que recebeu de Alberto, rei da Bélgica. Tablets, adaptados tanto para videntes quanto para cegos, disponibilizam capas de jornais e reportagens nacionais e estrangeiras, da própria coleção de Dumont, guardadas na coleção Brasiliana Itaú, para que o visitante possa folheá-los. Esta exposição, vale salientar, apresenta ferramentas específicas que a tornam acessível a cadeirantes, surdos e cegos. São, por exemplo, modelos e piso táteis, sistemas de áudio-descrição, explicações em braile.
As publicações exibidas falam sobre Santos-Dumont antes e depois de sua morte, veiculados em diferentes épocas, do começo do século aos anos 1980. Temas vão de efemérides relacionadas ao inventor a notícias de lançamentos de livros e filmes sobre ele. Há reportagens dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de São Paulo, Diário de São Paulo, A Gazeta e Revista da Semana.
A mostra apresenta, ainda, um desenho feito pelo inventor um mês e cinco dias antes de seu suicídio. O sobrinho Jorge escreveu que foi o último e anotou a data de 18 de junho de 1932. É importante porque mostra que ele seguia preocupado com a mecânica poucas semanas antes de sua morte, em um hotel no Guarujá.