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Mostra apresenta em sua maioria trabalhos inéditos, cujo ponto de partida é o interesse do artista na crescente influência da tecnologia sobre nossas ações, emoções e formas de organização coletiva.
Entre pintura, fotografia, vídeo e objeto, o artista navega entre o low e o high-tech para questionar o estatuto da imagem, bem como explorar o impacto da cibernética e seu efeito colonizador no corpo e na psique. Trata-se de uma investigação sobre a experiência humana contemporânea e as estruturas bio-políticas digitais que a rodeiam num momento marcado pelo quadro de crise contínua. A vídeo-instalação Monocromo, desenvolvida com o apoio da Cité International e dês Arts e da Cidade de Paris, em 2012, reflete sobre o uso de televisores e a artificialidade da construção de imagens nos centros urbanos.
Ao considerar as múltiplas maneiras que a internet molda nossos relacionamentos sociais e comerciais, Pedro Victor Brandão aborda com apurado espírito crítico as interfaces que mediam o vasto universo de zeros e uns, bits e bytes do espaço virtual. Historicamente, novas tecnologias, inclusive o computador, eram entendidas como extensões do nosso corpo, verdadeiras ferramentas protéticas que visavam facilitar o que o corpo humano já era capaz de fazer. O carro, por exemplo, apenas acelera o deslocamento do corpo entre dois pontos, mas a capacidade de locomover-se entre eles já era garantida pelas nossas pernas. Os desenvolvimentos tecnológicos recentes se afastaram deste paradigma. Fomos invadidos por eles e agora vivemos dentro da máquina: um espaço virtual onde nos projetamos e habitamos.
Pelo fato destes artefatos serem inanimados, podemos supor que eles não podem criar determinados tipos de comportamentos. Contudo, é um grande equívoco perceber as tecnologias como livres de intencionalidade e consequências. Cada ferramenta oferece aos seus usuários uma maneira específica de ver o mundo e interagir com os outros, de acordo com os valores e aspirações – benignas ou malignas – depositadas em cada uma delas. Em suas pinturas a óleo com impressão ultravioleta, o artista cita trechos do manual de uma SmartTV que admite condições de uso espantosas. Uma delas é exemplar em demonstrar a intrusão sem precedentes de nossa intimidade neste novo ambiente. Caso o usuário habilite o reconhecimento por voz que permite a interação com a televisão, ele automaticamente autoriza a empresa a transmitir os dados captados para serviços terceirizados que converte voz em texto, incluindo informações pessoais e confidenciais.
Investigando as funções e possibilidades de telas sensíveis ao toque, softwares e aplicativos, em detrimento da ilusão e fetichização das novas tecnologias, Pedro Victor Brandão estimula a conscientização do público acerca dos atuais mecanismos hegemônicos de controle, vigilância e distribuição de imagem e imaginários. Mais do que mera denúncia ou comentário crítico sobre esta situação, o artista revela de maneira poética e perspicaz as insuficiências lógicas da máquina ao mesmo tempo que propõe formas de resistência a partir de seus próprios recursos, como um poderoso antídoto social. Não há, entretanto, respostas ou um resultado final, apenas a articulação de novos enunciados que contribuem para a formação de um horizonte sensível fora do senso comum.
Sobre Pedro Victor Brandão
Pedro nasceu no Rio de Janeiro (1985), onde vive e trabalha. Desde 2003 o artista e autor desenvolve trabalhos em fotografia, vídeo, texto, e experimento sociais. Suas séries são criadas a partir de diferentes paisagens politicas envolvendo áreas como direito a? cidade, cibernética social, propriedade e autoria; e os limites legais da arte. O aspecto principal da sua pesquisa e? a relação entre imagem e verdade, apontando para questões sobre a natureza manipulável do meio fotográfico. Também se interessa pelas políticas de vigilância em massa e seus efeitos na subjetividade. Desde 2011 pesquisa sobre a financializac?a?o da nossa presença virtual e a materialidade de sistemas autossustentáveis. Pedro é graduado em Fotografia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA, Rio de Janeiro, 2007-2009) e atendeu aos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, entre 2005 e 2010; e em 2015). Seus trabalhos foram mostrados em várias instituições nacionais e internacionais, como Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro), Casa França-Brasil (Rio de Janeiro), SESC Vila Mariana (São Paulo), Portas Vilaseca Galeria (Rio de Janeiro) e Niklas Schechinger Fine Art (Hamburgo, Alemanha). Fez residência pelo Lastro Centroamérica (Cidade do Panamá, Panama, 2015), Z/KU – Zentrumfür Kunstund Urbanistik (Berlim, Alemanha, 2014), Halfmannshof (Gelsenkirchen, Alemanha, 2013), Terra UNA, (Liberdade, Minas Gerais, Brasil) e Cité International e dês Arts (Paris, França, 2012). Entre 2007 a 2015 colaborou com vários coletivos (Laboratório Tupinagô, OPAVIVARÁ!, Epistomancia e Agência Transitiva).