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Paralelamente, o Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto apresenta mais uma edição do programa Arte Atual – “é como dançar sobre a arquitetura”, com os artistas Lia Chaia, João Castilho e Jorge Soledar.

As descobertas de Jirí Kolar: colagem e experimentação

Um dos representativos nomes da arte do século XX, oriundo da Europa Central, Jirí Kolár, (Protivín, 1914 – Praga, 2002) ganha a primeira exposição individual no Brasil. O artista tcheco, que também se notabilizou como poeta, escritor e tradutor, foi um dos premiados da 10ª Bienal de São Paulo (1969), conhecida como “Bienal do Boicote”. Kolá? esteve ainda, ao lado do alemão Joseph Beuys e dos brasileiros Hélio Oiticica, Lygia Clark, Cildo Meireles, entre outros, na coletiva Além dos Preconceitos a experiência dos anos sessenta, que aconteceu no Paço Imperial RJ e no MAM SP (2001/2002).

As cerca de 70 obras reunidas nesta mostra com curadoria de Jirí Machalický são provenientes do Museu Kampa - Coleção Jan e Meda Mládek, em Praga. Segundo o curador, são trabalhos concebidos no período mais importante da produção de Kolár, ou seja, anterior à sua emigração de Praga para Berlim e depois para Paris. Ainda para Machalický, essa foi a época fundamental na formação das convicções do artista, momento em que deixava a poesia escrita para substituí-la pela expressão visual, na qual usava abordagens semelhantes às da criação literária.

O artista começou a se dedicar à colagem nos anos 1930, quando fez uma exposição com trabalhos atrelados à visualidade surrealista, no Teatro D 37, local que E.F. Burian disponibilizava para jovens artistas progressistas. Mais tarde, junto ao Grupo 42, que reunia pintores, fotógrafos, poetas e teóricos tchecos, Kolá? afastou-se das artes plásticas, dedicando-se progressivamente à poesia, expressão pela qual foi tão admirado pelos outros membros do grupo.

Segundo o curador, os anos 1940 foram decisivos para o artista, momento em que passou a colecionar materiais que representavam sua relação com a cidade, com a história e com as descobertas na ciência e na tecnologia. Tal repertório apontava a sua extraordinária abertura para apreender o mundo em toda a sua diversidade e, ao mesmo tempo, retomava sua expressão nas artes plásticas. “Kolár aplicava em suas composições alguns princípios literários como, por exemplo, a sobreposição livre dos temas, o ritmo da composição das palavras e frases, a versologia, etc.”, explica o curador.

Nas suas séries de confrontage e reportage, técnicas que lhe permitiram captar o ritmo da poesia visual, o artista utilizava tanto reproduções de revistas, a maioria em preto e branco, quanto xilogravuras, projetando relações em que o espectador pode analisá-las à sua maneira. Já em suas collages encontradas, Jirí Kolár elevou a composição, originalmente concebida apenas como uma ilustração para revista, ao status de obra de arte por meio da alteração da narrativa das imagens, introduzindo-as em diferentes possibilidades históricas. Depois de anos de experimentação, no final dos 1950 e início dos 1960, descobriu seus procedimentos principais, nos quais a palavra se transforma em instrumento artístico e compositivo, assim como os acontecimentos políticos internacionais tornam-se temas recorrentes. Um desses procedimentos foi a froissage, que deforma os temas originais das imagens por meio do ato de amassar (xilogravuras, reproduções, mapas, etc.), assim, pode-se percebê-las em proporções novas, de pontos de vista pouco comuns. A rollage, outra de suas técnicas importantes, consistia em cortar reproduções de imagem em faixas ou quadrados e as recolocar em novas composições de acordo com regras preestabelecidas. Nessas, ao misturar épocas, fundia mundos supostamente incompatíveis.

Na prollage, Kolár também misturava diferentes universos e criava conjuntos inteiros de um tema específico. Um desses motivos eram talheres. Recortou formas de colheres, garfos e facas, colou, por exemplo, uma imagem do pintor Piero Dorazio por baixo e chamou a prollage de Talheres Italianos. Por baixo da silhueta de uma vaca, colocou o motivo da imagem do pintor americano Marc Tobey e a intitulou A vaca que comeu T. No grande conjunto de prollages, Ornitologia, utilizou um processo semelhante ao colocar por baixo das silhuetas das aves as imagens de pintores conhecidos como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e  Jackson Pollock. 

Enquanto a stratifie– método de colar papéis coloridos e cortá-los com bisturi, formando imagens aproximadas do informalismo europeu foi utilizada pelo artista por pouco tempo, a técnica de chiasmage, com as novas possibilidades de escrita, foi fundamental na evolução da sua obra. Trata-se de rasgar ou cortar pedaços das páginas de livros antigos ou novos, impressos em vários idiomas e diferentes fontes, com outros materiais como manuscritos, partituras, mapas históricos ou astronômicos, tecidos ou símbolos de peças de xadrez - e os mesclava criando padrões e texturas, fazendo com que o texto não tivesse mais sentido semântico original e esse conjunto se tornasse uma nova composição figurativa.    

Já em suas collages clássicas, Kolár valeu-se de referências literária e visual. Realizou também as chamadas anticollages, recurso em que retirava da composição seu elemento fundamental, como, por exemplo, no autorretrato de Henri Rousseau, que se encontra na Galeria Nacional em Praga. A série de objetos de collage dos anos 1960 e 1970, também se destacam, assim como os banners que, combinando tecido e diferentes técnicas de collage, refletem o olhar irônico de uma arte engajada e tornaram-se seu protesto contra o regime totalitário.

A obra de Jirí Kolár foi apreciada, desde a primeira metade dos anos 1960, em países como França, Alemanha, Itália e Estados Unidos, onde foram organizadas exposições em instituições prestigiadas e editadas grandes monografias. Na Tchecoslováquia totalitária havia silêncio, sobretudo depois de Kolá? se ter tornado signatário da Carta 77 e ter emigrado do país, não havia exposições, tampouco era possível adquirir obras para coleções oficiais. Tanto seus trabalhos quanto os de outros artistas – tchecos e estrangeiros – que o próprio Kolá? possuía, foram apreendidos pelo Estado após sua saída forçada da Tchecoslováquia e entregues à Galeria Nacional em Praga. Apenas depois da queda do regime comunista, no final da sua vida, foi reconhecido e admirado em seu próprio país. Os museus e galerias tchecos e eslovacos competiam, nos anos 1990, para a organização de exposições sobre seu trabalho. Dois anos antes de seu falecimento, foi apresentada uma grande retrospectiva na Galeria Nacional em Praga (1999-2000), acompanhada por uma monografia representativa com textos de Josef Hlavárek, Jan Rous e Jirí Machalický.

O Museu Kampa emprestou a coleção de Jirí Kolár a muitos países do mundo, como à Alemanha, Polônia, Rússia e Finlândia, onde foram organizadas importantes retrospectivas. Desta vez, a coleção de Jan e Meda Mládek, que foi transferida para Praga no início dos anos 1990, apresenta-se em São Paulo.

É como dançar sobre a arquitetura

O Instituto Tomie Ohtake criou em 2013 o programa Arte Atual, uma plataforma para pesquisas de jovens artistas, de caráter experimental, na qual, por meio de uma questão sugerida pelo seu Núcleo de Pesquisa e Curadoria, um grupo de artistas convidado desenvolve um novo trabalho.

Nesta quinta edição do programa, em É como dançar sobre a arquitetura, foram convidados Lia Chaia (Galeria Vermelho), João Castilho (Galeria Zipper) e Jorge Soledar (Portas Vilaseca Galeria), artistas cujas obras selecionadas exploram a relação entre corpo e espaço, tanto em seu aspecto mais intimista quanto em perspectiva com a cidade. São performances, fotos e vídeos que explicitam e problematizam essa relação por intermédio de sua dimensão mais coreografada, ensaiada e também do embate e encaixe entre corpos.

O título da exposição É como dançar sobre a arquitetura provém de uma citação cuja autoria original é desconhecida, já atribuída a inúmeros autores como Laurie Anderson, Martin Mull, Elvis Costello, Frank Zappa: “Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura”. Numa analogia acerca das possibilidades de simbiose e relações intercambiantes entre diferentes campos.

O Arte Atual conta com a parceria de galerias para a produção das obras, desenvolvidas por meio de diálogos entre a equipe curatorial do Instituto Tomie Ohtake e os artistas convidados. O percurso se inicia nos ateliês e é finalizado na instituição, com a montagem da exposição e elaboração de atividades paralelas. 

Lia Chaia (São Paulo, SP, 1978. Vive e trabalha em São Paulo, SP) investiga os embates do corpo, em geral o seu próprio, com a cidade, a partir de uma produção que transita pela performance, fotografia, vídeo e instalação. Já João Castilho (1978, Belo Horizonte. Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG) aproxima-se do cinema e explora em sua obra as dimensões cíclicas de narrativas que possuem um início, porém sem conclusão definida (suportes: fotografia, vídeo, escultura e instalação). Por sua vez, Jorge Soledar (Porto Alegre, 1979. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ), por meio de performance, instalação e fotografia, aborda a mobilidade e a imobilidade física do sujeito frente a arte e as convenções sociais.

Jiří Kolář, Astonished Venus, 1969.

Jiří Kolář, Astonished Venus, 1969.

Jiří Kolář, Apple, 1965.

Jiří Kolář, Apple, 1965.

Jiří Kolář, Another world, 1967.

Jiří Kolář, Another world, 1967.

João Castilho, série Comunidade, 2017.

João Castilho, série Comunidade, 2017.

Lia Chaia, Piscina frame.

Lia Chaia, Piscina frame.

Primeira mostra individual do artista Checo Jiri Kolar

happens
from 15/02/2017
to 02/04/2017

opening
15 de fevereiro, às 20h

where
ITO
Instituto Tomie Ohtake
Av Faria Lima, 201, cep 05426-010, Pinheiros
São Paulo SP Brasil
terça a domingo, das 11h às 20h
+55 11 22451900

source
Pool Comunicação
São Paulo, SP

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