Curadora Amanda Bonan reúne livros originais da editora experimental que marcou época entre 1954 e 1961 no Recife. De 13 de maio a 23 de julho de 2017. Entrada gratuita.

A Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 13 de maio, sábado, às 11 horas, a exposição “O Gráfico Amador”, com textos, fotografias, imagens, documentos, vídeos e, sobretudo, livros que recuperam a história da gráfica e editora experimental homônima do Recife, fundada por um grupo intelectuais e artistas, que funcionou de 1954 a 1961. Organizada por Amanda Bonan, a mostra oferece ao público um panorama da produção gráfica da primeira editora do Recife.

“O Gráfico Amador” foi uma editora formada por um grupo de intelectuais que produziu cerca de 30 obras - 27 livros, três volantes, dois boletins e um programa de teatro - que vieram a se tornar um marco na história contemporânea da literatura e do design do Brasil. Os trabalhos da gráfica eram projetados e realizados por Aloisio Magalhães, Gastão de Holanda, José Laurenio de Melo e Orlando da Costa Ferreira, que tinham como associados autores como Carlos Drummond de Andrade, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, entre outros.

Os livros, impressos numa prensa manual, tinham como característica, além da pequena tiragem, o pequeno formato.  Os textos dos livros recebiam um cuidadoso apuro tipográfico e as ilustrações eram realizadas em diversas técnicas de impressão como litografia, clichê de metal, xilogravura, entre outras.

A exposição traz ao público textos, fotografias e imagens (ampliadas) e livros raros e históricos de “O Gráfico Amador”. Como forma de aproximar o público leigo da linguagem impressa dos anos 1950, a exposição monta uma oficina permanente de tipografia no local, com uma prensa manual, sob orientação do coletivo Oficina Tipográfica de São Paulo. O atendimento gratuito ao público é oferecido pelo Projeto Educativo Gente Arteira de 14 de maio a 23 de julho, de terça a domingo, às 14h30.

"O Gráfico Amador foi, no anos 1950 e 60, um atelier gráfico e editora de livros de alto grau de experimentalismo visual, estético, gráfico e poético. Nossa intenção não é apenas fazer uma retrospectiva histórica do grupo, mas propor uma exposição-oficina, onde o visitante é convidado à experimentação gráfica através da prensa manual e de atividades tipográficas, já que estamos tão distantes da produção de um objeto tão sedutor como o livro, feito hoje em grande parte através de um processo completamente digital”, escreve no catálogo da mostra Amanda Bonan, curadora da exposição.

Fundadores da editora “Gráfico Amador”

Aloísio Magalhães 

Nasceu em 1927, em Pernambuco, e morreu na Ita?lia, em 1982. Formou-se em Direito e, em Paris, frequentou o Atelier 17, onde estudou pintura e gravura. Professor universita?rio e designer gra?fico, e? um dos fundadores da Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de Janeiro. Entre seus trabalhos de maior destaque esta?o os projetos de identidade visual de empresas como Souza Cruz e Light, a criac?a?o dos si?mbolos comemorativos do IV Centena?rio do Rio de Janeiro e a elaborac?a?o do padra?o moneta?rio brasileiro de 1967.

Gastão de Holanda 

Nasceu em 1919, em Recife, e faleceu em 1997, no Rio de Janeiro, cidade onde se radicou em 1972. Bacharel em Direito, foi professor universita?rio, designer gra?fico e escritor. E? autor dos livros Zona de sile?ncio (1951), Os escorpio?es (1954), Macaco branco (1955), O burro de ouro (1960), Cor-porificac?a?o (1979), O jornal (1981), O draga?o encurralado (1983), A casa da torre de Garcia d’A?vila (2002 - publicac?a?o po?stuma), entre outros.

Losé Laurênio de Melo 

Nasceu em Alagoas, em 1927, e faleceu em 2006, no Rio de Janeiro. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Recife. Em 1950, publicou seu primeiro livro de poesia, Palhano. Ainda como poeta, escreveu As conversac?o?es noturnas, em 1954, primeiro livro da editora O Gra?fico Amador, de que era um dos fundadores. No final da de?cada de 1950, morou em Londres e trabalhou na BBC; dedicou-se a? traduc?a?o durante toda a sua vida. Foi diretor da Ra?dio Universita?ria de Recife, afastado em 1964, durante o Golpe Militar. Nos anos de 1970, foi editor da Jose? Olympio, da revista do Iphan e da editora Rocco.

Orlando da Costa Ferreira 

Nasceu em Rio Formoso, Pernambuco, em 1915. Diplomou-se em Biblioteconomia e tornou-se professor da Universidade do Recife, atual UFPE. Estagiou na Biblioteca Nacional de Paris, em 1959. Seu interesse por tudo que dizia respeito a livros deu lugar a uma copiosa produc?a?o de artigos e ensaios publicados em perio?dicos de grande circulac?a?o e a verbetes para o diciona?rio de Aure?lio Buarque de Holanda. Em 1975, quando faleceu, chefiava a Biblioteca da Fundac?a?o Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e deixou conclui?do o primeiro volume de Imagem e Letra: introduc?a?o a? bibliologia brasileira.

Programação paralela

27 de maio, sábado, às 15h
Lançamento e distribuição gratuita do catálogo

27 de maio, sábado, das 15h às 16h
Impressão com clichês tipográficos com a Oficina Tipográfica de São Paulo (Claudio Rocha e Marcos Mello)

11 de junho, domingo, das 15h30 às 18h30
Workshop gratuitode criação e impressão de desenho executado com barbante e cola com a equipe da Oficina Tipográfica de São Paulo. Destinado a artistas, designers gráficos, desenhistas e estudantes em geral. Inscrição pelo email: atividades@coletiva.art.br. 15 vagas;

18 de junho, domingo, das 15h30 às 16h30
Impressão com tipos de madeira com a Oficina Tipográfica de São Paulo. Destinado ao público em geral. Inscrições pelo telefone: (11) 3321 4400. 30 vagas;

16 de julho, domingo, das 15h às 18h
Workshop gratuito de criação e impressão de desenho executado com barbante e cola com a equipe da Oficina Tipográfica de São Paulo. Destinado a artistas, designers gráficos, desenhistas e estudantes em geral. Inscrição pelo email: atividades@coletiva.art.br. 15 vagas.