Making of EstereoEnsaios

Dia 18 de janeiro de 2018, quinta-feira, às 19h, no Cine Sesc da rua Augusta, acontece o lançamento do curta-metragem EstereoEnsaios São Paulo 3D. Será também exibido passagens do filme São Paulo: sinfonia da metrópole, com execução da trilha por orquestra de Músicos de Rua ao vivo. A entrada é livre e gratuita, e os ingressos devem ser resgatados com antecedência pelo público (1h30 pelos credenciados plenos do Sesc; 1h antes para outros interessados).

Sobre o filme

O filme foi composto como sinfonia musical com o intuito de dialogar com o filme São Paulo, Sinfonia da Metrópole, realizado em 1929. Em EstereoEnsaios, a cidade de São Paulo é revisitada dos pontos de vista macro e micro em um ensaio poético experimental em 3D, que é intercalado com cenas em preto e branco do filme antigo. Atravessando a imensidão de São Paulo, onde as disparidades socioeconômicas e a falta de planejamento urbano geraram uma grande diversidade de edifícios, o filme retrata a cidade do ponto mais alto, o Terraço Itália e também se conecta com o micro espaço de pedestres e vendedores de rua, misturados com a multidão de carros e motocicletas da cidade. O filme traça a arquitetura modernista de Niemeyer, com suas curvas e movimentos, mostrando a convivência das pessoas em um ambiente futurista e utópico do passado recente. O filme, antes de tudo, reorganiza e ressignifica a espacialidade visual. Com um design de som autônomo, EstereoEnsaios São Paulo pretende ser um registro poético de uma cidade de nossa época.

EstereoEnsaios São Paulo é um filme inspirado nos filmes “Berlim Sinfonia da Metrópole” (1927) de Walter Ruttman, “São Paulo Sinfonia da Metrópole” (1929) de Adalberto Kemeny e Rudolf Lustig e “O homem com uma câmera” (1929) de DzigaVertov. EstereoEnsaios São Paulo foi filmado com tecnologia de câmeras 4K 3D (super-alta- definição e estereoscópica). O filme explora a linguagem do gigantismo da cidade por coerência com a tecnologia 4k que reflete mais de oito milhões de pixels por frame. O filme foi captado com apenas um par de câmeras 5k (RedEpic) suportadas e posicionadas em um rig para produzir a estereoscopia. Desta forma, trabalhamos no limiar da tecnologia fílmica e, ao mesmo tempo, em condições muito parecidas com a dos pré-cinemas e/ou do Cinema Silencioso. A cidade de São Paulo propicia imagens com incontáveis “camadas” (níveis ou planos) com seus inúmeros edifícios, pessoas e carros. Estas camadas são essenciais para se explorar a linguagem 3D. A montagem seguiu o procedimento de módulos, já que tratamos de “ensaios” e que o roteiro permitiu rearranjos de sequências e mesmo blocos temáticos. Um dos procedimentos estéticos do documentário foi a montagem poética que privilegia os ritmos mais do que os significados. Não se pretende divulgar ideologicamente a cidade, mas trazê-la em relevo estereoscópico como o documento de uma época.

EstereoEnsaios São Paulo explora o "espaço", usando estereografia não como um efeito, mas como uma linguagem. O filme é inspirado em Walter Benjamin e seus escritos sobre a cidade moderna do início do século XX, em que ele descreve edifícios e objetos que se destacam no olho do observador, estereoscopicamente, como se fossem “gavetas abrindo”. No filme, há um plano em que a frase de Benjamin sobre a estereoscopia e a cidade moderna está projetada nas vitrines de LED do centro (Santa Ifigênia), juntamente com o filme São Paulo, Sinfonia.

Jane de Almeida, diretora do filme, afirma que “este é meu terceiro filme experimental 3D em resolução 4k e sempre ressalto que nossas condições fílmicas são tão difíceis quanto as dos tempos iniciais do cinema: muito tempo para configurar as câmeras, correção manual da estereoscopia, lidar com dados computacionais gigantes e, afinal, descobrir uma linguagem”.
A trilha sonora composta por LivioTragtenberg tem autonomia sinfônica e foi escrita em partitura musical para ser executada em shows e espetáculos ao vivo, retomando a tradição das sinfonias das cidades.

Contexto da produção cinematográfica

A filmagem aconteceu em outubro de 2016 em São Paulo. Os locais foram selecionados levando em consideração a relação com os espaços do filme de 1929, mas também de forma econômica, pensando nas distâncias e tempo disponíveis de filmagem. Eles também foram selecionados com base na gigantesca escala da cidade de São Paulo, com a grande variedade de edifícios e sua arquitetura caótica. O microcosmos de São Paulo é apresentado com os vendedores ambulantes, trabalhadores, estudantes e nos movimentos do transporte público, carros, trens e aviões.

O filme foi feito com o apoio do Proac (Programa de Ação Cultural) do Estado de São Paulo e patrocinado pela Eletropaulo (Companhia de Eletricidade de São Paulo) usando a lei audiovisual para produções cinematográficas.

Créditos

Direção| Director: Jane de Almeida
Roteiro | Scriptwriters: Alfredo Suppia e Jane de Almeida
Fotografia | Cinematographer: Patricia Gimenez
Trilha sonora | Soundtrack: LivioTragtenberg
Estereógrafo | Stereographer: José da Silva Neto (Chiquinho)
Montagem | Film editor: Luca Alverdi

Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural – 2015