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Regulamento prevê conversão do prêmio em homenagem in memoriam
O livro Ministério da Educação e Saúde. Ícone urbano da modernidade brasileira (1935-1945), de autoria de Roberto Segre e publicado pela Romano Guerra Editora em 2013, ganhou o Prêmio Jabuti 2014 na categoria Arquitetura e Urbanismo. Contudo, segundo o Regulamento do prêmio, a obra foi transferida para a seção In Memoriam da mesma categoria, pois o autor Roberto Segre é falecido. No item V– Da Premiação, o parágrafo 6 diz o seguinte: “Obras inéditas de autores falecidos, classificadas pelo júri como vencedoras, serão transferidas para a seção In Memoriam da mesma categoria em que tenham sido inscritas e serão premiadas com o troféu Jabuti, não recebendo o prêmio em dinheiro, nem concorrendo ao Livro do Ano – Ficção e Livro do Ano – Não Ficção. O lugar deixado vago pela transferência de seção será ocupado pela obra subsequente na classificação geral da categoria” (1).
Com o deslocamento do livro de Roberto Segre para a seção In Memoriam, a classificação final da categoria Arquitetura e Urbanismo ficou a seguinte:
(in memoriam): Ministério da Educação e Saúde. Ícone urbano da modernidade brasileira (1935-1945), de Roberto Segre, Romano Guerra Editora;
1º lugar: As minas de ouro e a formação das Capitanias do Sul, de Nestor Goulart Reis Filho, Via das Artes;
2º lugar: Preservação e restauro urbano: intervenções em sítios históricos industriais, de Manoela Rossinetti Rufinoni, Editora Fap-Unifesp;
3º lugar: Cidadela da liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompéia, de Andre Vainer e Marcelo Ferraz, Edições Sesc SP.
Observação: na divulgação inicial seguimos a primeira divulgação da organização, onde constava outro livro como terceiro classificado: Da taipa ao concreto, de Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Selo Editorial Três Estrelas.
Sobre o livro
O livro conta a história da concepção e execução de um dos mais importantes edifícios da arquitetura brasileira, de fama internacional, a sede do Ministério da Educação e Saúde Pública. O atual Palácio Capanema foi projetado por equipe de arquitetos brasileiros – Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Affonso Reidy, Jorge Machado Moreira – liderados pelo mestre da arquitetura moderna brasileira, Lucio Costa, e contou com a colaboração do arquiteto suíço-francês Le Corbusier nos momentos iniciais de sua elaboração.
Com 544 páginas, fartamente ilustrado com desenhos de arquitetura, paisagismo e artes, além de fotos antigas e atuais, encadernado em capa dura (tamanho 17 x 24 cm), o volume é o registro final de mais de mais de uma década de trabalho do autor e de sua equipe de pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Engajada no projeto desde janeiro de 2006, a Romano Guerra Editora participou de forma intensa de todas as etapas do livro: tradução da primeira versão, totalmente revista por diversas vezes, pesquisa de documentação primária em acervos diversos; registros fotográficos dos mais variados aspectos do projeto estudado e de dezenas de outros que serviram como ponto de apoio para a argumentação; projeto gráfico etc.
Roberto Segre
Roberto Segre (Milão, 1934 – Niterói, 2013), de nacionalidade ítalo-argentina, residiu na Itália (1934-1939), Argentina (1939-1963), Cuba (1963-1994) e Brasil (1994-2013). Doutor em Ciências das Artes, Havana, e Doutor em Planejamento Regional e Urbano, Rio de Janeiro. Encerrou sua carreira com Professor Titular no Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Prourb FAU UFRJ) e Pesquisador 1A do CNPq.
Durante estas décadas de atividades profissionais em três países distintos, tornou-se crítico e historiador respeitado, com vasta produção de livros e artigos de extrema relevância, que constituem peças fundamentais da historiografia da arquitetura latino-americana. Nos últimos quinze anos de sua vida, em paralelo às atividades docentes e de crítico de arquitetura, Roberto Segre se dedicou a uma aprofundada pesquisa sobre a história do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Capanema, inaugurado no Rio de Janeiro em 1945. Em 2009, seu trabalho chegou às mãos de Luiz Fernando de Almeida, na ocasião presidente nacional do Iphan, que o convocou para coordenar a elaboração do documento que pleiteia a inclusão do edifício na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco.
A morte trágica do autor
Quando o livro estava entrando na gráfica, aconteceu um fato dramático: o autor Roberto Segre faleceu de forma trágica na cidade de Niterói, onde residia: “No dia 10 de março de 2013, o arquiteto, crítico e historiador da arquitetura Roberto Segre teve sua rotineira caminhada matinal aos domingos interrompida ao ser atropelado por uma motocicleta. Levado ainda vivo a hospital de Niterói, Segre não resistiu aos gravíssimos traumas do acidente e faleceu” (2). Diante da situação inesperada, foi elaborado um posfácio sobre o episódio, que foi incluído na última página do livro e posteriormente republicada no portal Vitruvius. O texto termina assim:
“Na manhã do dia 10 de março de 2013, dois dias antes de o livro iniciar o processo gráfico, Roberto Segre enviou para o editor a correção final: ‘Achei um último erro. Na bibliografia, aparece repetida a referência do livro América Latina fim do milênio! Verifique isso’. Saiu então para sua caminhada domingueira na praia. Logo depois, a aventura magnífica de sua vida foi interrompida por uma motocicleta em alta velocidade” (3).
Repercussão
A repercussão de sua morte foi imensa, não só no Brasil como no exterior. A arquiteta cubana Lohania Aruca Alonso escreveu emocionado texto sobre Roberto Segre, destacando tanto suas qualidades humanas como a abrangência de sua atividade intelectual: “Possuía um enorme prestígio como divulgador de revistas científicas da especialidade, Arquitectura Cuba e Arquitectura y Urbanismo, trazem numerosas colaborações dele como editor, articulista e fotógrafo de excelência. Sua obra escrita aparece em numerosos livros como autor único ou em colaboração com outros autores, e ensaios magistrais; além disso, colaborou com prestigiosas revistas científicas estrangeiras e com portais digitais” (4). O argentino Ramón Gutiérrez, grande historiador da arquitetura, apresenta de forma categórica as qualidades de Segre: “Aqui se devem observar três virtudes essenciais do Roberto: sua enorme capacidade de trabalho, seu compromisso crescente com América Latina e seu desenvolvimento de pontos de vista transversais que, superando os limites locais e nacionais, projetarem-se ao mundo do Caribe e, progressivamente, no âmbito continental” (5). O Docomomo Journal, do International Committee for Documentation and Conservation of buildings, sites and neighbourhoods of the Modern Movement, entidade voltada para a preservação da memória e dos bens do movimento moderno em arquitetura, republicou em inglês o posfácio do livro (6).
Prêmios
A trajetória do livro tem sido marcada por prêmios significativos. Em 2013 ganhou o prêmio do IAB/RJ, distinção outorgada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento do Rio de Janeiro (7). Em agosto de 2014 veio um prêmio internacional do CICA (Comité International des Critiques d'Architecture / The International Committee of Architectural Critics), entidade internacional que tem como presidente o importante intelectual Joseph Ryckwert. Na ata, se lê o seguinte: “O júri decidiu por unanimidade outorgar um Prêmio Especial do Júri CICA ao falecido Roberto Segre por sua obra ao longo da vida e, em especial, por seu último livro: Ministério da Educação e Saúde (Romano Guerra Editora)” (8). Agora, em outubro de 2014, acaba de ser divulgado o 1º lugar no Prêmio Jabuti 2014, categoria Arquitetura e Urbanismo.
referências
1. Regulamento do Prêmio Jabuti 2014 <http://premiojabuti.com.br/wp-content/uploads/2014/06/Regulamento-Premio-Jabuti-2014-v2.pdf>.
2. Morre Roberto Segre. Crítico e historiador de arquitetura é atropelado em Niterói. Vitruvius, São Paulo, 10 mar. 2013 <www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/1559>.
3. GUERRA, Abilio. Roberto Segre. Uma vida de aventura que se encerra com uma tragédia banal. Drops, São Paulo, ano 13, n. 067.01, Vitruvius, abr. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.067/4704>.
4. ARUCA ALONSO, Lohania. Honor a la memoria del doctor arquitecto Roberto Segre Prando. Drops, São Paulo, ano 14, n. 076.07, Vitruvius, jan. 2014 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/14.076/5023>.
5. GUTIÉRREZ, Ramón. Roberto Segre. Turim, Itália, 1934 – Niterói, Brasil, 2013. Drops, São Paulo, ano 13, n. 066.08, Vitruvius, mar. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.066/4690>.
6. GUERRA, Abilio. Roberto Segre 1934-2013. A Life of Adventure that Ends with a Banal Tragedy. Docomomo Journal, ano 24, n. 48, Lisboa, p. 93.
7. Vencedores da 51ª Premiação Anual do IAB-RJ. Vitruvius, São Paulo, 9 dez. 2013<www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/1824>.
8. Roberto Segre ganha Prêmio CICA 2014 – Comité International des Critiques d'Architecture. Vitruvius, São Paulo, 4 ago. 2014 <www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/2021>.
Roberto Segre diante de painel de Portinari, no Palácio Capanema
Foto Silvana Romano Santos
(in memoriam): Ministério da Educação e Saúde. Ícone urbano da modernidade brasileira (1935-1945), de Roberto Segre, Romano Guerra Editora
1º lugar: As minas de ouro e a formação das Capitanias do Sul, de Nestor Goulart Reis Filho, Via das Artes
2º lugar: Preservação e restauro urbano: intervenções em sítios históricos industriais, de Manoela Rossinetti Rufinoni, Editora Fap-Unifesp
3º lugar: Cidadela da liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompéia, de Andre Vainer e Marcelo Ferraz, Edições Sesc SP