Como professor de história da arte em cursos de arquitetura, percebi que a bibliografia disponível, em especial, a introdutória, carece de aprimoramentos e adequações a uma didática em concordância, por exemplo, com a tecnologia à disposição do ensino. Não quero colocar em discussão a capacidade de autores consagrados, mas lanço uma crítica ao conteúdo oferecido que, em alguns casos, peca, entre outras coisas, pelo rigor de informações sem que sejam confrontadas, o que é fundamental na abertura de caminhos para a construção do conhecimento. Nesse sentido, um dos princípios que sigo é o de oferecer uma visão que em alguns momentos quebre a linearidade da linha do tempo para que assim sejam percebidas as reais influências exercidas de uma civilização em outra ou as que continuam presentes na nossa cultura até hoje. Para tanto, eis alguns questionamentos que serão oferecidos que poderão contribuir: “o que teria a ver a arte primitiva com a do Movimento Moderno, no Século XX”? “Ou, qual a relação que pode ser feita entre o projeto do Museu de Escultura de São paulo e os dolmens do Neolítico?”
As gerações mais novas são pouco apegadas ao hábito da leitura. Os livros deixam, infelizmente, de ajudar como deveriam para que isso seja revertido. O conteúdo em muitos casos é árido e, como consequência, pouco didático e com pouca capacidade de sedução. Como tentativa para reverter isso, cada capítulo contará, primeiramente, com a contextualização do período abordado, sem o qual acredito ser mais difícil entender a arte de maneira plena. Um dos objetivos é ensinar história ao mesmo tempo em que os ensinamentos da arte são transmitidos, pois parto da premissa do filósofo Hegel de que o homem é produto do processo histórico. A arte, por sua vez, é consequência do desenvolvimento desse processo, além de servir como meio para registrá-lo.
O estudo da História não pode ser encarado apenas como uma necessidade imposta por protocolos curriculares para conhecer o passado como parte de um processo “burocrático”da educação. Muito do conhecimento que foi produzido desde os primórdios da humanidade é atemporal. Ademais, a História é, com efeito, uma linha do tempo fluida de fatos encadeados. Compreender isso, pode nos ajudar a perceber o que pretendemos a partir do que fomos e dessa forma, a vislumbrar um futuro cada vez melhor. Para o pensador Walter Benjamin, passado e presente não têm uma relação de simples sucessividade. Ao contrário, o passado é contemporâneo do presente, sobrepondo-se e não, se justapondo – agem simultaneamente. Podemos a cada momento da evolução da história perceber outros valores que o passado contém que foram subestimados ou mesmo, nunca percebidos.
Entre outras fragilidades encontradas nas bibliografias, está o fato de que os livros, de maneira geral, deixam de contar com imagens de reconstituições tanto das cidades como da arquitetura para assim, demonstrar como eram de fato. Entendo que as simulações em desenho ou computação gráfica podem assumir um papel fundamental para as explicações e a compreensão da Arquitetura em todos os seus aspectos. Além disso, ao final de cada capítulo, links de vídeos são colocados para proporcionar um estudo mais dinâmico, bem como, para complementar o conteúdo e incentivar a continuidade da pesquisa – os livros impressos deveriam ter como bônus mídias – CDs – cujo conteúdo tivesse animações que permitissem visualizar a reconstituição das construções em três dimensões. A publicação eletrônica é uma boa opção para suprir essa carência, na medida em que pode oferecer, além dos Links de documentários, o acesso a outras publicações acadêmicas disponíveis no meio eletrônico. Um e-book ou um blog podem, portanto, podem ser desmembrados indefinidamente em outras fontes.
Os autores dos livros introdutórios sobre arte, talvez, por não serem arquitetos ou artistas, deixam de realizar análises de natureza morfológica das obras arquitetônicas, o que contribui deveras para a formação do arquiteto, quando isso é revertido em referências que venham a interferir de maneira positiva na escolha de soluções formais. O arquiteto não pode prescindir da erudição. Na Arte e na Arquitetura nada vem do nada. Mesmos os gênios necessitam de estudo, pois sem o conhecimento nenhuma genialidade pode florescer. Acima, está o link de um artigo de minha autoria sobre Oscar Niemeyer, que serve como bom exemplo para comprovar o que afirmo.
Procuro lançar mão de uma escrita objetiva que possa ser acessível a todos, além de oferecer um conteúdo com um bom nível de síntese, que, como consequência, seja abrangente e possibilite extrair o conhecimento mínimo necessário ao mesmo tempo que possa abrir caminhos insinuados para o aprofundamento por meio de outras fontes.
Sem a pretensão de criar uma forma, por assim dizer, padronizada de apreciar a arte, busco sempre lançar um olhar analítico próprio sobre cada obra de arte apresentada com o intuito de ajudar no entendimento do que está em jogo tanto na avaliação estética como técnica usada e, dessa maneira, contribuir para a formação da visão crítica do leitor.
A ideia é a de oferecer mais a frente vídeos-aula que apresentarão comentários de minha autoria de maneira a ajudar ainda mais na compreensão do conteúdo de cada capítulo.
O blog será aos poucos alimentado de capítulos, seguindo a linha do tempo. A intenção é que isso se estenda até o período contemporâneo, o que demandará muito trabalho a frente. Sendo assim, peço aos leitores a paciência necessária e que se tornem seguidores para que possam receber as mensagens acusando as atualizações.
Os textos poderão sofrer alterações eventuais com o intuito tanto de aprimorar o conteúdo, bem como, o de acrescentar informações que tenham sido omitidas ou para fazer correções.
O blog está aberto tanto às discussões como aos pedidos de orientações, para os que tenham interesse em aprofundar o seu conhecimento.
Críticas e sugestões serão muito bem-vindas, pois a pretensão é a de evoluir sempre no sentido de cada vez mais oferecer mais possibilidades para o aprendizado.
Mais informações no Blog.