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Devido ao grande número de bons trabalhos selecionados, o Comitê Editorial decidiu manter o mesmo tema na próxima edição da revista, a ser lançada em junho de 2018, permitindo que mais trabalhos já selecionados possam ser publicados.

Disponível aqui.

Em um futuro próximo ou distante, do que vamos nos lembrar? De que maneiras vêm sendo construídas essas lembranças, e por quem? Estas perguntas, formuladas no texto de chamada desta edição, vêm balizando nossa compreensão do amplo tema da construção da memória, e conduzem-nos no percurso proposto pelos artigos que a décima quinta edição da V!RUS oferece à leitura.

Diferentemente do que, à primeira vista, se esperaria de uma revista da área de Arquitetura e Urbanismo, os processos de construção da memória aqui apresentados situam-se no cruzamento de diversas áreas do conhecimento, tratados com enfoques extremamente variados. Filosofia, artes, psicologia, jornalismo, cinema, letras, história, engenharia, hipermídia, geografia, computação e pedagogia: a arquitetura e os estudos urbanos são apenas mais um dentre eles.

Parece-nos, hoje, fundamental que nos inquietemos de como se constróem tais processos, diante da manipulação cada vez menos velada de notícias à população, que artificializa sentimentos cívicos e visões de mundo, e opera, intencionalmente, o próprio desmantelamento das memórias individuais. São cenários de dominação e de espoliação de lembranças que constituem "um dos mais cruéis exercícios da opressão na sociedade moderna", nas duras e sábias palavras de Ecléa Bosi, na entrevista que publicamos nesta edição.

Quais signos e informações de uma dada realidade estão presentes em uma obra - audiovisual, arquitetônica, urbana, literária, musical - e que aspectos das memórias individual e social se perdem quando ela é destruída? Por quais processos informacionais somos, com frequencia, convencidos a não nos perguntarmos as razões que comandaram tal destruição? Que novas obras tomam o lugar das anteriores, e de que novos valores são elas suporte e veículo?

Respostas a estas e outras questões, abordando conceituações e novas compreensões são propostas pela filósofa alemã Yvonne Förster [A carne: conceituando tempo e memória no mundo digital], o artista e filósofo espanhol Jaime Del Val [Hipermemória e micromemórias no algoriceno], a psicóloga Ecléa Bosi e o jornalista Mozahir Bruck [Memória: enraizar-se é um direito fundamental do ser humano], e os arquitetos argentinos Rodrigo Martin e Marcelo Robles [Topoheterocronías: modelos analógicos para la visualización del tiempo].

Aproximações a partir do patrimônio cultural imaterial são delineadas pelas pesquisadoras em cinema Ana Ângela Gomes e Keline Freire [Memória em rizoma: cinema brasileiro e uma certa ideia de Nordeste], pela arquiteta e performer Julia Delmondes [Lembranças arquitetônicas corporificadas], pela historiadora social e pesquisadora em ciências da informação Giulia Crippa [Memória e patrimônio e o turismo globalizado], e pelas arquitetas Cristiane Duarte e Ilana Sancovschi [O lugar judaico na obra de Moacyr Scliar: memória e narratividade].

O patrimônio edificado como suporte de memória é tratado de maneira específica em dois trabalhos, cujas preocupações são bastante distintas mas curiosamente complementares. Um museu em uma cidade-símbolo de uma nação é abordado pelo arquiteto Eduardo Soares [A narrativa do Museu da Cidade: Brasília inscrita na pedra], enquanto um olhar sobre o papel das ruínas é lançado pelos arquitetos Laís Lima, Karin Meneguetti e Hélio Hirao, ele também geógrafo urbano [A valorização das ruínas como espaços livres].

Em duas dimensões distintas são igualmente abordadas a cidade e questões urbanas. Uma, histórica, trata dos reflexos de políticas urbanas na definição de uma cidade, pela arquiteta Flávia do Nascimento [Memória e políticas urbanas do Rio de Janeiro]. A outra, sociocultural, lida com os entremeios entre a cidade real e a imagem que dela se vende, pelas também arquitetas Moema Parode e Alicia de Castells [Memória e conflitos urbanos: Florianópolis para quem?].

Ainda que a questão das tecnologias da informação e comunicação e os meios digitais permeie boa parte das reflexões apresentadas, três autores a examinam mais detidamente. São eles o engenheiro e pesquisador em ciências da comunicação e informação Khaldoun Zreik e o pesquisador em hipermídia Nasreddine Bouhaï [Design da informação do patrimônio cultural na era pós-digital], e o psicólogo e mestre em tecnologias da inteligência Werley de Oliveira [Autonomia e dependência na relação homem-máquinas].

Por fim, buscando pensar espaços de resistência e ressignificações, as ações do coletivo português Entremeios são apresentadas pela artista plástica e mediadora cultural Patrícia Godinho [O contributo da educação patrimonial na construção da memória], e o uso de meios digitais em ações com a comunidade é discutido em uma pesquisa-intervenção pelas arquitetas e pesquisadoras do Nomads.usp Jessica Tardivo e Anja Pratschke [Educação e memória: métodos e experiências digitais].

A qualidade e o bom número de trabalhos recebidos em resposta à nossa chamada animou-nos a repartí-los em duas edições da revista, produzindo agora este volume 1, e um segundo volume, na décima sexta edição da revista, em junho de 2018.

Esperamos, assim, ainda que muito modestamente, contribuir para a compreensão de que a memória de um povo se constrói todo dia, em modo contínuo, de maneira plural e conflituosa. Segundo dinâmicas rizomáticas, como quer sugerir o projeto gráfico desta edição da V!RUS. E que temos o direito, senão o dever, de ser protagonistas nos processos que decidem as lembranças que, no presente e no futuro, forjarão nossas vidas.

Lançamento da 15ª edição da revista V!RUS

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Marcelo Claudio Tramontan
São Paulo, SP

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