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architectourism ISSN 1982-9930

Fazenda Pau d'Alho, região de Campinas SP. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
O artigo aborda aspectos da exposição comemorativa dos 100 anos da regulamentação urbana de Nova York. Questiona os desafios do planejamento urbano diante da ausência de visão sistêmica que una os interesses dos atores e usuários das cidades.

english
The paper addresses aspects of the commemorative exhibition of the 100 years of NYCity's urban regulation. It questions the challenges of urban planning in the absence of a systemic vision to unite the interests of the stakeholders and users of the cities

español
Acerca de la exposición conmemorativa de los 100 años de regulaciones urbanas en NY. Cuestiona los desafíos de la planificación en la ausencia de la visión sistémica que una a los intereses de las partes interesadas y de los usuarios de las ciudades.


how to quote

SANTANA, Gisela. Nova York: a cidade e o humano. Arquiteturismo, São Paulo, ano 11, n. 120.02, Vitruvius, mar. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/11.120/6441>.


A exposição Masterig the metropolis, New York and zoning 1916-2016, em andamento e com eventos paralelos até dia 23 de abril de 2017, no Museu da Cidade de Nova York, traz importantes insights sobre a relação da produção dos arranha-céus e dos espaços públicos, confrontados com os interesses e os importantes valores sociais e culturais prezados pelas pessoas que utilizam e habitam o lugar e a vizinhança (1).

Museu da Cidade de Nova York, Nova York. jan. 2017
Foto Gisela Santana

Ao traçar os fatos históricos e a evolução das ferramentas de zoneamento e, aproveitando o marco histórico do centenário da primeira resolução de zoneamento urbano nos Estados Unidos em 1916, a exposição propõe reflexões sobre os efeitos desta legislação e o que possa ser considerado como a cidade “ideal”.

Museu da Cidade de Nova York, Nova York. jan. 2017
Foto Gisela Santana

O skyline de Nova York sempre foi marcado por seus arranha-céus. Porém, assim como em qualquer outra metrópole mundial, o caráter de desenvolvimento dos bairros é gerido por um jogo de interesses estabelecido pelas forças da sociedade, do mercado imobiliário e do poder legislativo definido pelas instituições gestoras da cidade. No caso de Nova York, o zoneamento, surgiu com o intuito de “domesticar” a forma como o mercado atuava, e ainda atua, ao promover a verticalização e a ocupação do solo urbano. A resolução de zoneamento de 1916 estabeleceu contrapartidas de amenidades públicas, de ocupação e usos para a liberação de praças e serviços, na conflituosa relação entre o direito a luz e os impactos nos fluxos do ar ao nível das calçadas e das habitações. As leis e as demais alterações que a sucederam foram exercícios de complementação no intuito de contrabalançar esses interesses.

Resolução de zoneamento da cidade de Nova York, datada de 1916. Museu da Cidade de Nova York, Nova York. jan. 2017
Foto Gisela Santana

Visitar esta exposição, no meu caso em particular, trouxe muitos insights e conexões com as pesquisas e experiências vivenciadas nas últimas três décadas sobre as relações entre os estilos de vida, os comportamentos humanos e a verticalização em cidades brasileiras.

Estar em Nova York 20 anos após ter escrito sobre as relações de vizinhança e verticalização e 10 anos após ter escrito sobre as transformações promovidas pelo mercado imobiliário, no livro Marketing da sustentabilidade habitacional, publicado em 2013, e ainda, ter contato com a exposição Masterig the metropolis, New York and zoning 1916-2016, é um verdadeiro presente. É como se tudo se encaixasse, como as peças de um quebra-cabeças, corroborando com as hipóteses estabelecidas para a busca do equilíbrio e da harmonia na relação entre o espaço humano das relações públicas e o interesse da produção econômica e imobiliária.

Maquete comparativa de volume de um “supertall”. Museu da Cidade de Nova York, Nova York. jan. 2017
Foto Gisela Santana

Desvela-se para mim que o exercício do altruísmo social é um viés desta reflexão que grita e salta aos olhos, desde o primeiro dia que cheguei em Nova York.  Uma cidade, assim como tantas outras do mundo, permeada de paradoxos e contrastes econômicos e sociais. Uma cidade onde as construções de habitações se multiplicam em um mercado de luxo e que está permeado por homeless, que não puderam honrar seus compromissos de pagamento da casa própria e que, envergonhados, são ignorados pelos transeuntes das ruas geladas, sob um inverno de vento cortante. Uma cidade que contrasta o paradoxo do luxo, do brilho dos materiais, das marcas e dos nomes simbólicos emprestados para aumentar a valorização dos empreendimentos supertall ou super altos, na fronteira sul do Central Park com aqueles que usam o discurso da proximidade com o High Line, no processo de revalorização do antigo bairro industrial do Chelsea ou, ainda, dos tantos outros que arrendam o nome do mais célebre empresário e atual gestor do país.

Novos prédios vizinhos ao High Line, Chelsea, Nova York, jan. 2017
Foto Gisela Santana

Confronta-se a isso, as iniciativas de Barak Obama que, às vésperas de deixar a Casa Branca, ainda trabalhava para ajudar a combater a crise e os débitos dos americanos com habitação.

Estes elementos nos remetem automaticamente à Jane Jacobs quando fala que a cidade se constrói com a prática e, quando confronta o fato de que a teoria do planejamento urbano não consegue abarcar as soluções para os problemas urbanos e, ainda que, estas também não estão, necessariamente, condicionadas à posse ou não do dinheiro e às soluções que este possa vir a trazer.

A nossa reflexão se encaminha para a própria condição humana e o processo de evolução da sociedade e do indivíduo, em seus condicionamentos, valores sociais, econômicos e culturais.

As peças do quebra-cabeça social e individual nos propõem uma correlação de inúmeros fatores que permeiam a relação homem e cidade e que serão definidoras em suas complexidades, quando correlacionadas aos comportamentos de múltiplas vias entre a produção do espaço que é produto do comportamento humano ao mesmo tempo em que o reproduz. O indivíduo define e é definido por estes espaços, ambientes e lugares; consome e é consumido por eles, impacta e é impactado em suas múltiplas facetas e  papéis. A complexidade ultrapassa as fronteiras do conhecimento tácito, extrapola o material e o físico, transcende ao simbólico e às capacidades humanas de compreensão uma vez que, sua condição ainda tão cartesiana e egóica ainda o impossibilita de abarcar simultaneamente toda a sua multiplicidade e complexidade sistêmica, quântica e holográfica.

Superposição entre estilos e épocas, Empire State Building ao fundo. Chelsea, Nova York, jan. 2017
Foto Gisela Santana

Valores de distinção, de superioridade, de inferioridade, de ética, de respeito a si, aos outros, ao ambiente, aos direitos e deveres estão em jogo neste panorama que delineia as múltiplas facetas destas relações. A arte de manipular as ferramentas, os métodos, a teoria e as práticas que constituem este universo material, natural, simbólico, humano, sistêmico e quântico que permeiam as cidades e as sociedades que nelas habitam é uma alquimia. Está em processo e precisa ser muito estudada pelos gestores e atores que dela participam para que possamos buscar um ideal de cidade. Desta miscelânea alquímica na estrada, fica a reflexão para que novos e virtuosos horizontes possam se mesclar para desvelar um novo skyline do planejamento mais equânime das cidades e das metrópoles para pessoas.

nota

1
Exposição Mastering the Metropolis: New York and Zoning, 1916-2016. Nova York, MoMA, jan./abr. 2017 <www.mcny.org/zoning100>.

sobre a autora

Gisela Santana, arquiteta urbanista, ecologista e consultora, Doutora em Psicologia Social, Mestre em Desenvolvimento Urbano e Regional e, autora do livro “Marketing da Sustentabilidade Habitacional: lançamentos imobiliários e ecologia urbana”.

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120.02 exposição
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