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FREITAS, Ruskin. Revendo a qualidade de vida no ambiente urbano. Resenhas Online, São Paulo, ano 08, n. 096.01, Vitruvius, dez. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.096/3013>.


Passados dezoito anos, desde a primeira edição do livro Ambiência urbana, a preocupação com a relação entre os ambientes natural e construído continua atual, sendo extremamente pertinente uma releitura sobre a qualidade de vida nas cidades. Os autores, preocupados com a ambiência urbana, analisam as transformações produzidas pelos edifícios e seus efeitos sobre o ambiente natural, contribuindo para a degradação da paisagem e para a diversificação dos climas urbanos. Nesta terceira edição, acrescenta-se a abordagem da “ambiência urbana hoje”, avançando em três principais aspectos: a atualização, a interdisciplinaridade e a praticidade.

Não só a inserção de novos volumes edificados na paisagem urbana, mas, sobretudo, a disposição, as formas e as alturas dos edifícios, definidas a partir de gabaritos, recuos, afastamentos laterais e frontais, taxas de ocupação dos lotes e alinhamentos impostos pela legislação vigente (e pelas anteriores também) definem a morfologia das diferentes partes da cidade. A transparência ou a opacidade, as aberturas e as vedações são alguns dos princípios de composição, tanto da cidade como de edificações, para dar o caráter desejado ao recinto urbano. Porém, geralmente, os profissionais da arquitetura e do urbanismo desconsideram as consequências ambientais e energéticas de suas decisões compositivas.

O livro Ambiência urbana descreve um conjunto de espaços urbanos diferentes, ambiental, morfológica e funcionalmente, inclusive, hierarquicamente nas cidades, analisando não só espaços de maior visibilidade e utilização, mas também espaços secundários, nos quais as transformações da estrutura original e o tratamento do recinto estejam modificados.

Entre os diferentes fatores que contribuem para a diversificação do já complexo sistema climático, dois temas podem ser destacados como de maior relevância para a habitabilidade dos espaços abertos construídos: o fator de céu visível e a vegetação.

O fator de céu visível, ou a área da abóboda celeste que pode ser vista a partir de um ponto na superfície terrestre, depende da forma urbana, do sistema viário (traçado, larguras, direções) e das edificações (densidade, alturas, afastamentos). Apesar de sua importância, esse assunto é ainda pouco explorado pela maioria dos profissionais. A partir da utilização de engenhosa técnica, são desenvolvidas neste livro, análises, pontuais e comparativas, da influência do fator de céu visível, sobre a insolação, a iluminação e o aquecimento dos recintos urbanos, cosequentemente, sobre sua qualidade ambiental.

A vegetação urbana, localizada em espaços livres (ruas, praças, parques, equipamentos públicos e até no interior de alguns lotes), desempenha importante papel para a composição da paisagem, assim como para o equilíbrio térmico da mesma. Ao longo do livro esse papel é pormenorizado, sendo destacada sua contribuição para a amenização de problemas ambientais, vantagens para a conformação de ambiências, assim como para a caracterização de recintos urbanos. Cada espécie, apresentada de maneira isolada, ou compondo maciços, ora homogêneos, ora heterogêneos, caracteriza os recintos urbanos e influencia os elementos climáticos, sobretudo temperatura, umidade, ventilação, iluminância, contribuindo ainda para a formação de ambiências de tranquilidade, liberdade, higiene, entre outras.

No capítulo “A ambiência urbana hoje”, logo de início, participamos do diálogo interdisciplinar entre a arquitetura e a geografia, ao encontrarmos referências de alguns geógrafos, que já se tornaram recorrentes nos estudos de climas urbanos, como Max Sorre e Roberto Tarifa. A partir dele, os autores desencadeiam contribuições recíprocas entre os ritmos climáticos e os ritmos urbanos, tão importantes para compreendermos a interação dialética entre diferentes fenômenos, físicos e humanos, que ocorrem nos espaços urbanos.

Em seguida, também somos convidados a refletir sobre um contexto atual de agravamentos das questões climáticas, que tem ultrapassado os circuitos técnico-científicos e chegado à mídia e aos debates populares. A população em geral já começa a se interessar por possíveis práticas locais de enfrentamento ao aquecimento térmico e às mudanças globais.

A praticidade vem capitaneada pela legislação e pelas práticas de planejamento urbano. A ambiência urbana retorna, hoje, com o reconhecimento de que o aumento da atividade urbana gerida no contexto da cidade nas últimas décadas, do adensamento das edificações, o processo de verticalização, a dominância das superfícies impermeáveis, entre outras causas, alteraram as existentes e criaram condições críticas de uso do solo urbano.

Para o autor, repensar a ambiência urbana é refletir sobre a qualidade de vida na cidade, perante as atuais condições de crise global e local. A mudança desde os anos de 1990 tem sido grande e desfavorável. O clima urbano está mais quente devido ao aumento das fontes de calor, resultantes das modificações na forma urbana (volumes edificados, sistema viário, permeabilidade do solo, atividades antrópicas) que, por sua vez, geram modificações no comportamento dos elementos climáticos (em geral, aumento da temperatura, diminuição da umidade, diminuição da velocidade do vento e modificação na sua direção, aumento das precipitações, entre outras).

Guardadas as devidas especificidades morfológicas, socioeconômicas e climáticas, todas essas análises são de extrema valia para a promoção do conforto dos usuários, para a eficiência energética das edificações e para a qualidade de vida no ambiente urbano. Neste sentido, louvamos e damos as boas vindas a essa terceira edição, atualizada e acrescida de visões, que contribuem para a elaboração de diretrizes e para a produção da ambiência urbana.

sobre o autor

Ruskin Freitas é graduado em Arquitetura e Urbanismo e mestre em Geografia pela UFPE, doutorado em Arquitetura pela UFRGS. Fez estágio de doutorado na Faculdade de Marseille-Luminy, França. Atualmente é professor adjunto da UFPE e diretor técnico da RD Metropolitana, na Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – Condepe Fidem

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