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reviews online ISSN 2175-6694

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português
Nesse novo trabalho, o escritor e crítico de arte Sebastian Smee apresenta de forma inovadora as fascinantes histórias de amizade e hostilidade, enfrentamento e ruptura de quatro duplas de célebres artistas plásticos modernos.

english
The latest title of the writer and art critic Sebastian Smee presents the fascinating stories of friendship and hostility in an innovative way, confrontation and rupture of four pairs of famous modern fine artists.

español
En el último título, el escritor y crítico de arte Sebastian Smee presenta de forma innovadora las fascinantes historias de amistad y hostilidad, enfrentamiento y ruptura de cuatro pares de célebres artistas plásticos modernos.

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FORTE, Graziela Naclério. Rivalidade entre artistas. Resenhas Online, São Paulo, ano 17, n. 197.04, Vitruvius, maio 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/17.197/6988>.


Wilem de Kooning, Autorretrato com irmão imaginário, c.1938, lápis sobre papel, 33,3X26cm
Imagem divulgação [Ilustração do livro, p. 224]

Em A arte de rivalidade, o crítico Sebastian Smee nos apresenta as fascinantes histórias de amizade e hostilidade, enfrentamento e ruptura de quatro duplas de célebres artistas plásticos modernos: Lucien Freud e Francis Bacon, Édouard Manet e Edgar Degas, Henri Matisse e Pablo Picasso, Jackson Pollock e Willem de Kooning.

Nesse novo trabalho, publicado em 2016 nos Estados Unidos e em 2017 no Brasil, utilizou-se de ampla bibliografia e baseou-se em Renaissance Rival: Michelangelo. Leonardo, Raphael and Titian, obra de Rona Goften e Titian, Tintoretto, Veronese: Rivals in Renaissance Venice, de Frederick Ilchman.

Nos dois primeiros capítulos, Sebastian Smee adotou princípios da História Social Contemporânea da Arte, ou seja, abordou tanto os aspectos internos como a produção dos agentes, as propriedades das obras pictóricas e os processos artísticos. Revelou, ainda, os aspectos externos que organizaram o contexto em que a obra fora realizada e exposta em salões ou mostras coletivas e individuais.

Em um misto de história da arte e biografia, o ponto de partida é uma obra pictórica que une os dois notórios artistas modernos. Dentro dessa perspectiva, o retrato de Francis Bacon feito por Lucian Freud, em 1952, que desapareceu de um museu alemão, em 1988, e nunca mais visto é o fio condutor para revelar duas personalidades antagônicas: Bacon como um ser calmo, extrovertido, cativante e, portanto, com muitos amigos, enquanto Freud era recatado, misterioso, fascinado pelo jogo e pelo risco, que havia se casado inúmeras vezes e tivera muitos filhos. Enquanto este dependia da presença do retratado, aquele pintava retratos a partir de fotos e de memória. Bacon se relacionava com homens por vezes retratados por Freud, a quem ajudava financeiramente.

Na sequência Smee apresentou a obra Monsieur e Madame Édouard Manet, datada de 1868-1869 e assinada por Degas como o principal motivo pelo desgaste da relação entre os dois pintores, narrando as aproximações e os afastamentos que vivenciaram no âmbito familiar, privado.

Tal método permanece pouco explorado no Brasil. É no exterior que encontramos estudos que colocam a obra de arte no centro da análise. Sem configurar propriamente um grupo, os historiadores da arte Michael Baxandall, T.J. Clark, Svetlana Alpers, Gill Perry, Tamar Garb, Charles Harrinson e Griselda Pollock, todos originários de países de língua inglesa, mais especificamente da Inglaterra, Estados Unidos e África do Sul, trabalham no sentido de trazer inovação a uma abordagem relativa às artes plásticas e aos artistas, renovando a maneira de pensar o tema assim como fez o crítico de origem australiana.

Baxandall, por exemplo, tratou da representação das ideias e dos efeitos que as obras provocam e as conexões de uma maneira geral entre o que está expresso na tela e o como, onde, por que e para quem. T. J. Clark, no entanto, embasou sua análise pelo viés da classe social (tipos populares) como a Olympia, personagem da obra de Manet, de 1863. A partir do mesmo objeto de Clark, Griselda Pollock mostrou divergir do colega ao centrar os estudos nas questões de gênero. Já Tamar Garb ressaltou a visão do espectador masculino na representação da mulher ao espelho. Svetlana Alpers, por sua vez, partiu da matéria pictórica para revelar as relações de Rembrand com o mercado. Gill Perry, contudo, preferiu ressaltar os aspectos do primitivo inscritos na pintura, em uma oposição direta à vida moderna e dinâmica das cidades grandes. E Charles Harrison entendeu a modernidade como um processo associado à Revolução Industrial que deu início a uma cultura urbana.

Como é possível notar, inúmeras são as possibilidades de abordagem a partir da obra de arte e os estudiosos acima citados não foram capazes de esgotar o tema. Assim como eles, Smee propôs algo novo. Em outros termos, o escritor e crítico australiano partiu da obra de arte para percorrer uma sociabilidade constituída no seio do “pequeno mundo estreito” que os artistas plásticos dividiam como os encontros sociais. No entanto, não há referências à atuação política dos personagens justamente porque as relações pessoais e os aspectos psicológicos da dupla de artistas é que estavam no centro da análise.

Para abordar as relações entre Matisse e Picasso, Pollock e De Kooning, Sebastian Smee voltou a análise para a sociabilidade artística. Ou seja, nesta segunda metade do livro o foco passou a ser as amizades, os ambientes de encontros e, mais especificamente, a trajetória biográfica de Matisse e Picasso entre os anos de 1903 e 1913 e as disputas travadas com o intuito de garantir a atenção de Leo e Gertrude Stein, casal de colecionadores franceses. Ao conquistá-los, ambos os pintores acreditavam que poderiam assumir a liderança no mundo das artes da época.

Jackson Pollock e Willem De Kooning, da mesma forma que a dupla anterior, disputavam o prestígio e a autonomia artística. Em meio aos romances e bebedeiras a amizade seguiu até a morte trágica de Pollock. O acidente de carro abriu caminho para que um ano depois De Kooning se envolvesse com Ruth Klingman, a amante do amigo falecido, assumindo, dessa maneira, uma “herança” amorosa além de obter o reconhecimento e respeito da crítica.

A obra não segue necessariamente uma ordem cronológica e certamente é inovadora porque foi capaz de proporcionar uma visão humanizada de seus personagens através de aspectos específicos como as origens sociais, os ambientes frequentados, os vínculos afetivo-familiares a intimidade, as influências, os rompimentos e, eventualmente, as traições. Mostra como eram os relacionamentos que iluminaram o processo criativo e as influências mútuas na produção dos envolvidos. Trata, indiretamente, da mudança no conceito de grandeza que nos séculos anteriores estava centrado na técnica. Com a arte moderna do século 20, o diferencial passou a ser a originalidade.

Nas páginas finais de A arte da rivalidade o leitor é acometido de uma enorme vontade de conhecer os detalhes de outras duplas de famosos ou famosas. O livro é indicado para todos que se interessam pelas artes plásticas e àqueles que gostam de biografias.

sobre a autora

Graziela Naclério Forte é professora-pesquisadora de História da Arte Brasileira, pós-doutora pela Unesp-Marília, doutora pela Unicamp e mestre pela USP. Autora dos livros Diversão e Arte no Clube de Artistas Modernos e Carlos Prado: trajetória de um modernista aristocrata (Bookess, 2014) e diversos artigos voltados aos temas relativos a sociabilidades artísticas, arte e política.

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resenha do livro

A arte da rivalidade

A arte da rivalidade

Sebastian Smee

2017

197.04 livro
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original: português

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197

197.01 exposição

FAU 70 anos

Exposição comemorativa dos setenta anos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

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197.02 exposição

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197.03 reportagem

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