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Com curadoria de Cauê Alves, a mostra foca os trabalhos em papel da artista, revelando a importância do material em sua carreira e o modo como soube explorar suas potencialidades
O IAC – Instituto de Arte Contemporânea – apresenta entre os dias 20 de novembro de 2010 a 27 de fevereiro de 2011 a exposição “Mira Schendel: Avesso do Avesso”. Com curadoria do professor Cauê Alves, a mostra reúne cerca de 160 obras, todas em papel, produzidas por Mira Schendel (Suíça, 1919 – Brasil, 1988) entre as décadas de 1950 e 1980.
Os trabalhos, quase todos de coleções particulares, são pouco conhecidos do público, em especial, as obras coloridas, que revelam “um lado menos melancólico e mais solar da artista”, define o curador. “Minha ideia não é fazer uma retrospectiva, mas mostrar Mira de um modo diferente de como ela é normalmente exibida, até mesmo pela montagem da exposição, que não se dará dentro de um ‘cubo branco’ e sim em salas de fundo com fundo marrom, próximo ao do piso”, diz Cauê.
Apesar da carreira de Schendel não se restringir aos papéis, “Avesso do Avesso” ressalta a importância que o material teve no trabalho da artista. Em suas mãos, o papel deixou de ser apenas um suporte, pois ela soube desdobrá-lo e explorar todas as suas potencialidades: a transparência, o frente e verso, a tridimensionalidade, as linhas e os vazios, o dentro e o fora.
Na exposição, se verá o papel-arroz de suas Monotipias, com linhas traçadas que despertam o vazio e definem as relações espaciais. São obras de dimensões pequenas (na vertical, com a altura tendo o dobro da largura, geralmente 46 x 23 cm), intimistas, mas “muito bem resolvidas e verdadeiras”, segundo o curador. O papel-arroz também está presente nas séries Bordados, com desenhos em motivos geométricos, e Bombas, cujos contornos são borrados e os limites indefinidos.
Na série Trenzinhos, Mira estabelece uma rica relação entre o ar, a matéria da obra e a atmosfera ao seu redor, já que qualquer brisa provoca movimentos sutis nas folhas de papel soltas penduradas por um fio de nylon. Em Toquinhos (papel artesanal tingido e colado sobre outras folhas), o trabalho de Schendel ganha maior consistência física e adquire um corpo mais sólido, e os Datiloscritos, trazem coladas sobre o papel letras adesivas e pré-fabricadas.
A chegada de Mira Schendel ao objeto, como em Droguinhas (folhas de papel-arroz retorcidas e trançadas) e nos seus Objetos gráficos (papéis prensados entre placas de acrílico e pendurados por fios de nylon transparentes), se deve a ação de trabalhar pelo avesso, de tecer por trás. “Mas é um avesso que não se opõe ao direito, um atrás que é simultaneamente frente, é transparência, é avesso do avesso”, explica o curador.
Mira Schendel – Pintora e desenhista, Myrrha Dagmar Dub nasce em Zurique, na Suíça, em 1919, e se muda para Milão, na Itália, na década de 1930, para estudar arte e filosofia. Por causa da Segunda Guerra Mundial, abandona os estudos e vai para Roma.
Em 1949, consegue permissão para se mudar para o Brasil. Fixa residência em Porto Alegre, onde trabalha com design gráfico, pintura, escultura de cerâmica, restauro de imagens barrocas e poemas e realiza sua primeira individual no auditório do jornal Correio do Povo, em 1950. No ano seguinte, participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1953, se muda para São Paulo e adota o sobrenome Schendel.
Na década de 1960, realiza desenhos em papel-arroz e cria a série Droguinhas, que é apresentada em Londres, por indicação do crítico Guy Brett (1942). Expõe em Milão, Veneza, Lisboa, Sttutgart e Nurembergue. Em 1968, começa a produzir obras com acrílico, como Objetos Gráficos e Toquinhos. Entre 1970 e 1971, realiza um conjunto de 150 cadernos, desdobrados em várias séries, e na década de 1980, produz as têmperas brancas e negras, os Sarrafos e inicia uma série de quadros com pó de tijolo.
Após sua morte, em 1988, muitas exposições apresentam sua obra dentro e fora do Brasil. Em 1994, a 22ª Bienal Internacional de São Paulo lhe dedica uma sala especial. Em 1997, o marchand Paulo Figueiredo doa grande número de obras da artista ao Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em 2009, o MoMa de Nova York apresentou uma retrospectiva de suas obras ao lado de trabalhos do argentino León Ferrari.
Mira Schendel: Avesso do Avesso