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Rüdiger Safranski vem ao Brasil lançar sua grande obra sobre o Romantismo alemão
A Obra
Numa obra em dois tempos, Rüdiger Safranski narra no Livro Primeiro (O Romantismo) a história do Romantismo, seus expoentes, seu ideário, sua evolução e desenlace. Retrata uma época de gênios em floração em torno de um formidável grupo de talentos.
No Livro Segundo (O Romântico), analisa de forma crítica e briosa o que sucederia a esses ideais tão garbosamente alardeados por seus propagadores iniciais. Nos conta a trajetória do “Romântico” e muitos outros que personificaram e estabeleceram sua herança artística e intelectual.
Novalis, um dos expoentes mais vistosos do Romantismo, o aborda da seguinte forma: “Ao dar um sentido elevado ao comum, ao dar ao usual uma aparência misteriosa, ao conhecido a nobreza do desconhecido, ao fugaz uma aparência de eterno, assim é que eu os romantizo.”
Como disse Safranski em artigo no jornal alemão Die Welt, o Romantismo pode ser visto como um sistema contra a monotonia e o que ela tem de corolários: a consciência do vazio, o abismo da futilidade e do nada. As receitas romantizadoras de Novalis darão conta desse enfado reinante, que em última análise vai ter com o horror vacui de Kant?
Essa monotonia toda feita de ócio (e aí entram a contemplação estética, a volta à natureza, as rodas poéticas, festas e demais liturgias românticas) é o verdadeiro inimigo e a ameaça concreta para uma geração que perdeu suas crenças antigas, mas que nem por isso se acomodou com a nova “tirania da razão”, embora louvasse os arroubos da França revolucionária, antes de se voltar inteiramente contra ela nas guerras de libertação antinapoleônicas. Mas aí os românticos já trilhavam sua recaída místico-religiosa e partiam rumo a valores mitológicos germânicos (O anel dos nibelungos...), já longe da busca do eu pregada notadamente por Fichte. Agora imperava o “nós” de uma nação alemã em acelerada formação e imperiosa autoafirmação.
E é esse ressurgir mitológico-nacionalista, inicialmente representado por Nietzsche, depois mais enfaticamente por Richard Wagner e outros, que Safranski discute, na segunda parte do livro, como caldo de cultura para a catástrofe nacional-socialista e antissemita. Aqui, passamos a Thomas Mann e seu Doutor Fausto como representação de uma “dura queda na realidade”, para finalmente desaguar na geração cética, revisitando Adorno, Marcuse e Rudi Dutschke, enfim, o movimento de 68 como manifestação de um romantismo tardio a encerrar essa discussão tão passionalmente alemã, embora pertinente a toda a modernidade.
Alguns Tópicos
Origens românticas: Herder faz seu caminho por mar.
Individualismo e a voz das nações
Da revolução política à revolução estética. Impotência política e atrevimento poético. Schiller conclama ao grande jogo.
Do esquisito ao extraordinário. Friedrich Schlegel e a carreira da ironia.
Fichte e o desejo romântico de ser um eu.
Noites mágicas de luar e a época de Dürer.
Novalis. Amizade com Schlegel.
Hinos à noite.
Religião além do bem e do mal.
O belo e a mitologia.
Mitologia da razão.
Os deuses de Hölderlin.
Da Revolução à ordem católica.
Romantismo em armas.
Ódio à Napoleão. Kleist como gênio do ódio.
E.T.A. Hoffmann: com mão leve.
Hegel como crítico do Romantismo.
Crítica ao céu, descoberta da terra e do corpo.
Wagner: o jovem alemão. Revolucionário romântico em Dresden.
Nietzsche distancia-se de Wagner: libertando-se do libertador.
Hugo Von Hofmannsthal, Rilke e Stefan George.
Romantismo no banco dos réus.
A querela a respeito do romantismo no aparelho cultural do nazismo.
Nuremberg. A postura espiritual romântica como pré-história.
A catástrofe e a sua interpretação romântica: O Doutor Fausto de Thomas Mann.
O vanguardismo, a técnica e as massas.
Quão romântico foi o movimento de 1968?
Trechos
“Como resposta à Revolução Francesa, Schiller faz a ousada tentativa de superar a França revolucionária com uma revolução alternativa, uma revolução do espírito. Somente o jogo das artes, para ele, poderia verdadeiramente tornar o homem livre. Em primeiro lugar interiormente, e mais tarde — quando a situação na Alemanha tivesse amadurecido — também exteriormente. Ele colocava grande esperança no efeito libertador da arte e da literatura. A primeira geração dos românticos irá se apoiar nessa valorização ímpar do estético.” (p.41-2)
“Mas por que esse medo da política; o que o espírito do inútil tem a temer dela? Há mesmo um perigo desse lado? Thomas Mann pinta o fantasma do Iluminismo melhorador e da filantropia revolucionária na parede, como se o espírito do progresso da democracia social não mais admitisse tais inúteis. Enganou-se no tempo e na direção. Aquilo que prevê como o espírito do Ocidente se torna real apenas em 1917, com a Revolução Russa no Leste: a redução terrorista do homem em animal trabalhador socialmente útil. Apenas aí trata-se de uma questão de sobrevivência para os inúteis — os rouxinóis de Heine.” (p. 292)
“É uma lição a respeito de que seria melhor conservar o Romantismo longe da política. Mas há também, não apenas na cultura alemã, mas especialmente nela, a tentação de ligá-los. Um desconhecimento dos limites da esfera política, na qual a razão pragmática, a segurança, a concórdia, a promoção da paz, a justiça deveriam ser determinantes, e não a sede de aventura, o desejo pelas coisas extremas, a sede de intensidade, o amor e o desejo de morte.” (p. 314)
“Vale ressaltar que Mann pôde afirmar, mas não conseguiu representar artisticamente aquela interpretação da catástrofe alemã segundo a qual um excesso do espírito romântico teria levado ao crime político. Como é que ela poderia ter sido representada? Provavelmente só assim: Leverkühn — por uma postura romântica e em busca de um novo impulso vital e criativo — cai na esfera da embriaguez dionisíaca e — em analogia com o Nietzsche dos últimos anos — se entrega a um decisionismo do poder e da violência [...] Leverkühn devia ser uma figura que personificasse esse contexto através do seu destino. Ele porém se tornou diferente para o autor, e isso parece indicar que a consciência artística não lhe permitiu uma representação assim e que ele seguiu de boa vontade os conselhos de Adorno a respeito da criação do perfil artístico de Leverkühn. Por quê? Talvez porque a inicialmente planejada interpretação da ligação entre o espírito romântico e a política criminosa não possa mesmo ser sustentada, e Mann percebeu que sua falsidade se teria manifestado num esquematismo artificial.” (p. 339)
O autor
Rüdiger Safranski nasceu em 1945 em Rottweil (Württemberg). Estudou filosofia (com Adorno entre outros), estudos alemães, história e história da arte em Frankfurt e Berlim. Desenvolveu atividades acadêmicas em Berlim Ocidental a partir de 1972, optando por uma bem-sucedida carreira de escritor e ensaísta de 1987 em diante, destacando-se por importantes obras sobre Schiller, E.T.A. Hoffmann, Schopenhauer, Nietzsche e Heidegger, sendo que a atual obra entrou para as listas alemãs de best-sellers.
Desde 2002 dirige com Peter Sloterdijk o “Quarteto Filosófico”, programa televisivo de grande influência na Alemanha. Vive entre Berlim e Munique.
Lançamento do livro e debate
São Paulo
12/04 (segunda-feira), às 19h
Goethe-Institut São Paulo (auditório)
Porto Alegre
19/4 (segunda-feira), debate às 19h30
Goethe-Institut Porto Alegre (auditório)
Rio de Janeiro
27/4 (terça-feira), às 18h30
UERJ – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Rüdiger Safranski
Romantismo. Uma questão alemã - Tradução de Rita Rios - 384 páginas, 16 x 23 cm. Inclui anexos. ISBN: 978-85-7448-181-4, preço: R$ 56,00. Capa edição em alemão. Editora Estação Liberdade