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Exposição coletiva sobre arquitetura brasileira, com curadoria de Abílio Guerra, privilegia a relação entre obra de arquitetura e o meio natural, uma das características mais marcantes do moderno brasileiro.
A exposição Arquitetura Brasileira: Viver na Floresta, com curadoria de Abílio Guerra, foi originalmente exposta no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, de 15 junho a 1 agosto 2010. Na itinerância em Belo Horizonte, ficará exposta no Palácio das Artes, da Fundação Clóvis Salgado, de 08 de abril a 08 de maio de 2011.
Sobre a exposição
Em 1934, Lúcio Costa projetou uma vila operária para a Siderúrgica Belgo-Mineira. A Vila Monlevade, não construída, almejava, ao mesmo tempo, os benefícios das conquistas recentes do urbanismo moderno, em especial a setorização de usos, e a manutenção do improviso, da irregularidade e da dispersão que caracterizam as cidades interioranas brasileiras.
Síntese entre elementos e valores aparentemente díspares – concreto e barro, telha de amianto e venezianas de madeira, pilotis e muxarabi, festança da roça e móveis standard, estradas rurais e preceitos da urbanização moderna – monta-se um cenário onde vive um homem ao mesmo tempo bucólico e urbano, de temperamento simples, quase rústico, mas atualizado com as conquistas dos novos tempos. Um microcosmo onde impera uma felicidade silenciosa e algo melancólica, onde o novo aparece embalado pela solidão e nostalgia que exala de um passado soterrado e esquecido.
Está aqui esboçada uma visão abrangente sobre a adaptação dos princípios modernos europeus às condições civilizacionais, culturais e climáticas locais, um verdadeiro projeto de estabelecimento do homem brasileiro no território tropical. As questões propostas por este “urbanismo pau-brasil” se espraiaram para diversos programas, regiões e grupos de arquitetos, extravasando os limites iniciais estabelecidos pelo mestre carioca e seus seguidores.
Nesta rica genealogia – aonde se destacam projetos magníficos da invenção brasileira, como a Vila Serra do Navio, de Oswaldo Bratke, o conjunto residencial para operários da CBMM em Araxá, do escritório Rino Levi, e o Parque Guinle e a Superquadra de Brasília, ambos do próprio Costa – observa-se algumas constantes: a preservação do meio natural e seu uso como suporte paisagístico; a liberação e a pouca interferência no solo; a incorporação de tipologias tradicionais; a reinterpretação de elementos construtivos vernaculares de proteção climática, como treliçados, beirais, venezianas etc.
Visto retrospectivamente, este conjunto de projetos, realizados ou não, constitui um patrimônio rico e diversificado da nossa cultura construtiva, expressando as múltiplas interpretações ao longo do tempo concebidas por personagens de geografias diversas. Contudo, quando observados a partir do novo paradigma ecológico que se impôs nas últimas quatro décadas, tais projetos se mostram surpreendentemente atuais, uma significativa contribuição brasileira para o futuro dos estabelecimentos humanos no território.
Abilio Guerra, curador
ficha técnica
exposição: Arquitetura brasileira: viver na floresta
período: 15 junho a 01 agosto 2010
curadoria: Abilio Guerra
assistente: Rodrigo Ohtake
projeto expositivo: Felipe Tassara, Iara Terzi e Tânia Mara Menecucci
filmes: Helena Guerra (direção), Daniel Belinky (fotografia) e Marcelo Lima (som)
maquetes: Maira Pais de Barros Carrilho
fotos animadas: Pedro Kok
animação: Henrique Blutau
diagramação dos painéis: Rafael Craice