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Frente à qualidade equilibrada dos 25 finalistas desta 27ª edição do concurso Opera Prima, o júri decidiu condecorar, entre os 5 premiados, projetos de naturezas distintas: urbanismo, desenho urbano e arquitetura do objeto.

É de se destacar a predominância de projetos oriundos de universidades federais entre os finalistas desta edição do Opera Prima: dezesseis, entre os vinte e cinco totais. Sem a pretensão de criar uma disputa entre o ensino privado e o público, o que não faria sentido, a menção ao fato é para destacar o contraponto que faz à triste notícia divulgada na imprensa quase concomitantemente ao julgamento da etapa final do concurso, em janeiro deste ano, a respeito da suspensão por prazo indeterminado das aulas na FAU/UFRJ por inadequação física do prédio. Falta manutenção. Algo que não acontece do dia para a noite mas, no entanto, a instituição participa desta edição do Opera - aberta a trabalhos de conclusão de curso apresentados em 2015 - com três projetos finalistas, entre os cinco da sua região (que engloba, ainda, Minas Gerais e Espírito Santo). Um desempenho bastante expressivo e verificado também na concorrida regional São Paulo, onde igualmente o número de três finalistas - entre 149 projetos inscritos - procede de uma mesma instituição: a FAU/USP.

Este 27° Opera Prima tem, de fato, importância redobrada no que diz respeito à reflexão que incita sobre o ensino da arquitetura e urbanismo no Brasil. Não bastasse as universidades públicas atravessarem período de dificuldades financeiras, dado o projeto atual de país em que não se prioriza a educação, está em pauta também a discussão sobre o ensino à distância nesta área de conhecimento. É possível formar um arquiteto e urbanista através de aulas-video transmitidas pela internet? Que é como se dão sinais de caminhar a prática por aqui? Parece não haver dúvida de que a resposta é não.

Dados os alertas, passemos, então, ao que há de bom. Foi equilibrada esta edição do concurso, com notas preliminares, dadas pelos jurados regionais na primeira etapa da análise, e também as finais, pelo júri nacional, bastante equiparadas. Deste modo, Aníbal Coutinho (RJ), Ângelo Arruda (MS), Manoel Dória (PR) e Ruy Ohtake (SP), que conduziram, na sede da PROJETO, a discussão para a eleição dos cinco premiados - o arquiteto Fausto Nilo (CE) não pôde comparecer na rodada final do julgamento nacional, por problemas de saúde -, resolveram adotar o critério da diversidade para condecorar os cinco trabalhos. Ou seja, tendo que decidir entre concorrentes de igual peso, e de regiões distintas, optaram pela escolha de trabalhos de naturezas diversas: urbanismo, desenho urbano e arquitetura - seja a mais utópica ou o desenho do objeto arquitetônico convencional.

Mas, a despeito do que os diferencia, o vazio urbano é assunto presente em três dos cinco premiados. Na capital pernambucana, Juliana de Araújo Ximenes (UFPE) fez do seu trabalho de graduação a oportunidade para pensar uma questão de extrema atualidade no Brasil e cuja condução na vida real tem originado mais problema do que solução: o adensamento de áreas ociosas centrais através de PPP - Parceria Público Privada. Em Recife, cidade da tão divulgada polêmica em torno do desenvolvimento imobiliário do Cais Estelita, ela escolheu uma região igualmente à beira- mar como objeto do seu projeto de desenho urbano, e foi uma das vitoriosas do concurso por causa da maturidade com que elaborou a proposta. Já em São Paulo, Alice Barachini Torres (FAU/Mackenzie) e Fernanda Carlovich (FAU/USP) saíram em busca de vazios residuais no centro da cidade e, por isso, ambos os projetos são espacializações que lidam com as onipresentes empenas cegas no coração paulistano. Alice chegou a elas como consequência do estudo que empreendeu sobre o território conformado pelo Elevado Costa e Silva, a via elevada de ligação leste-oeste que é popularmente conhecida como Minhocão, e seus bairros envoltórios. Nesse percurso, compreendeu que o olhar cartográfico, em planta, não basta para solucionar a permanência do equipamento, ou seja, tem-se que analisar a questão também em corte, mirando as empenas enquanto suportes para novas atividades/edifícios que conectem a cota do solo com a suspensa. Por outro lado, Fernanda se posicionou poeticamente perante a cidade e destinou uma série de vazios de  pequena escala, localizados entre fachadas cegas de edificações, para criar um circuito de atividades corriqueiras, desde um simples terraço ou área de refeições até salas de dança.

E a paisagem é o foco de interesse dos outros dois projetos premiados. A rural, que Wesley de Oliveira (Unievangélica, Anápolis/GO) defende resgatar na pequena cidade de Cocalzinho de Goiás, através dos enquadramentos abertos na praça/edifício que ele cria - configurando, ainda, a centralidade inexistente no local -, e a de preservação. Pois é em meio a uma região de Mata Atlântica remanescente que Hyruan Bolsoni Minosso (Centro de Estudos Superiores Positivo. Curitiba/PR) propõe implantar o seu museu de ciências naturais, dedicado a este bioma. O projeto foi também finalista da categoria especial #ImagineComVidro, que contou com a participação dos jurados Edo Rocha e Igor Alvim, mas quem se consagrou como o premiado nesta seleção foi o trabalho de Thais Denise Zatt (Unisc/RS).

A seguir, apresentamos em detalhes dos projetos vencedores e fazemos uma panorâmica das vinte menções honrosas. São projetos que se destacaram em meio aos 413 trabalhos inscritos, sendo 112 do Sul, 149 de São Paulo, 84 dos demais Estados do Sudeste, 38 do Nordeste e 30 do Norte e Centro-Oeste. Analisados, na fase regional do certame, também pelos arquitetos Bruno Campos, Carlos Alberto Maciel, Fabiano Sobreira, Matheus Seco, Diego Viana, Naia Alban, César Shundi, Luis Espallargas Gimenez, Anibal Verri e Lucas Obino. O 27º Concurso Opera Prima contou com o patrocínio e parceria da Cebrace, líder nacional na fabricação de vidro plano.

clique aqui para conferir os projetos premiados e finalistas da 27ª edição do Opera Prima

clique aqui para ler a ata dos julgamentos do concurso.

Vencedores 27º Opera Prima

source
Concurso Opera Prima
São Paulo, SP

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