Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

newspaper

agenda cultural

Mostra dá continuidade à parceria entre CCBB e Cinemateca Brasileira

Entre os dias 21 de abril e 16 de maio o projeto Clássicos & Raros do Cinema Brasileiro II dá continuidade à bem sucedida parceria estabelecida entre o Centro Cultural Branco do Brasil de São Paulo e a Cinemateca Brasileira que, em 2007, resultou no evento batizado originalmente Clássicos & Raros do Nosso Cinema. A nova edição, que será realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, propõe uma reflexão sobre a riqueza e variedade do cinema realizado no Brasil. (confira a programação no final deste release)

Paralelamente à exibição dos filmes, a série de encontros entre o público e os cineastas, artistas e técnicos que participaram das produções apresentadas contribui para uma visão mais nítida sobre o processo de criação cinematográfica. Os debates a serem realizados neste contexto e a conseqüente reflexão sobre a produção cinematográfica brasileira por eles gerada tendem a se refletir na qualidade da produção teórica sobre o assunto e a promover o intercâmbio entre os que consomem, os que pensam sobre e os que fazem o cinema brasileiro.

O mais antigo e raro filme brasileiro escolhido para a mostra Clássicos & Raros do Nosso Cinema II é o curta-metragem de animação MACACO FEIO… MACACO BONITO... (1929). Realizado no período silencioso, o filme revela  o traço elegante e o humor sofisticado do artista, ilustrador, cartunista e cineasta carioca Luiz Seel. Simbolizando a ruptura com uma linha autoral mais clássica, a mostra inclui a versão original com viragens (processo laboratorial que transforma a imagem do filme preto e branco na cor desejada) coloridas da comédia anarco-tropicalista A MULHER DE TODOS (1969), a mais iconoclasta aventura cinematográfica de Rogério Sganzerla, com performances magistrais dos atores Helena Ignez e Jô Soares.

Outra prova de que o bom humor traz longevidade é CALA A BOCA, ETELVINA! (1958). Há 100 anos fazendo o brasileiro rir e refletir sobre seus preconceitos e dilemas, Dercy Gonçalves aparece em plena forma nesta comédia dirigida por Eurides Ramos. As mulheres realmente são destaque na segunda edição da mostra e seguem servindo de pretexto para boas confusões em uma raridade produzida na Boca do Lixo paulistana: NINFAS DIABÓLICAS (1978), filme de terror e mistério dirigido por John Doo. Outra produção rodada na Boca do Lixo que tem a mulher como protagonista é LILIAN M: RELATÓRIO CONFIDENCIAL (1975), drama de ambição mais autoral, clássico da filmografia do premiado cineasta Carlos Reichenbach. Em uma curadoria que destaca a presença feminina no cinema brasileiro, Nelson Rodrigues não poderia ser esquecido. Um verdadeiro clássico à espera de uma revisão mais criteriosa é a raríssima primeira versão de BONITINHA, MAS ORDINÁRIA (1963), dirigida por J. P. de Carvalho, com música de Carlos Lyra.

Dois dos gêneros mais populares do cinema brasileiro se encontram – e praticamente se misturam – em outro conjunto de títulos selecionados para a mostra: o filme policial e o melodrama. JUVENTUDE SEM AMANHÃ (1959) é uma relíquia do cinema carioca independente dos anos 50. Realizado em cooperativa por um grupo de jovens aspirantes a cineastas, é o primeiro filme brasileiro a denunciar o cotidiano e as práticas criminosas da chamada “juventude transviada” entre nós. A prostituição, um dos temas mais explorados pelo melodrama criminal, aparece em dois momentos históricos distintos, mostrando claramente a mudança de abordagem, por nossos cineastas, de uma das principais contradições da moral burguesa. São eles: PREÇO DE UM DESEJO (1952), dirigido por Aluízio T. de Carvalho, e DAMAS DO PRAZER (1979), argumento e roteiro de Ody Fraga, dirigido pelo experiente fotógrafo Antônio Meliande.

Saindo de uma linha mais dramática e enveredando para o filme de ação, a mostra apresenta o policial colorido O MATADOR PROFISSIONAL (1969), produzido, dirigido e protagonizado por Jece Valadão. No filme, cuja trilha sonora original foi composta pelo grande maestro Erlon Chaves, o ator-diretor Jece Valadão constrói seu personagem a partir da figura de Alain Delon em O samurai, filme francês de Jean-Pierre Melville. A figura do anti-herói também aparece no faroeste GREGÓRIO 38 (1969), produção classe B produzida, dirigida e protagonizada por Rubens da Silva Prado, ator e técnico auto-didata formado na “fábrica de cinejornais” de Primo Carbonari. GREGÓRIO 38 é o primeiro filme brasileiro a pegar carona no sucesso do western-spaghetti e, praticamente, inaugura um modelo de produção de fundo de quintal que mais tarde será chamado genericamente de “cinema da Boca do Lixo”.

Concluindo esse panorama sobre os títulos selecionados para a nova versão da mostra Clássicos & Raros do Nosso Cinema II está uma raridade quase totalmente desconhecida do público contemporâneo: a comédia musical É SIMONAL (1970), dirigida por Domingos Oliveira, que capta Wilson Simonal no auge de sua carreira e inclui cenas antológicas de apresentações do cantor no Maracanãzinho e na boate Sucata.

Cinemateca Brasileira
CCBB de São Paulo

21 de abril a 16 de maio

CCBB do Rio de Janeiro
11 a 30 de maio

CCBB de Brasília11 de maio a 06 de junho

Sinopses

UMA AVENTURA AOS 40
de Silveira Sampaio
Rio de Janeiro, 1947, 35mm, pb, 77’, 10 anos
Flávio Cordeiro, Silveira Sampaio, Nilza Soutin, Ana Lucia

Durante um programa de televisão, famoso psiquiatra revela episódios não-oficiais de sua vida: as diabruras da infância, a ascensão casual na profissão, o casamento por conveniência e sua maior aventura, um caso de adultério com uma bela jovem. Enquanto isso, o interlocutor do programa, contrariado, insiste em rememorar a face politicamente correta de sua trajetória. Comédia de costumes, paródia de ficção científica, cuja ação se desenrola no longínquo ano de 1975. Ator, dramaturgo, comentarista político, diretor de cinema e teatro, Silveira Sampaio apontou novos rumos para a produção satírica brasileira, tanto no jornalismo quanto nas artes. Em meados dos anos 50, envolveu-se com a recém-criada televisão, tornando-se um pioneiro dos chamados “talk shows”.

BONITINHA, MAS ORDINÁRIA
de J. P. de Carvalho
Rio de Janeiro, 1963, 35mm, pb, 100’, 16 anos
Jece Valadão, Lia Rossi, Odete Lara, Ambrósio Fregolente

Moça de boa família lê num jornal uma notícia espetacular: a curra sofrida por uma empregada doméstica. Obcecada com o fato, ela pede ao cunhado, seu amante, que a faça vítima de idêntico ultraje. Quando parentes descobrem seu plano, tentam a todo custo lhe arranjar um casamento. Sexo, perversão, amor, culpa e violência – ingredientes dos melodramas e folhetins de Nelson Rodrigues – irrompem nesta primorosa adaptação da peça teatral para as telas. Depois do sucesso de “Boca de Ouro” nos cinemas, no qual intepretou o papel principal, e se valendo do êxito de “Bonitinha, mas ordinária” nos palcos cariocas, Jece Valadão volta ao universo ficcional de Nelson Rodrigues, agora como produtor, ator e roteirista, para arrebatar mais uma vez o grande público. No elenco, nomes de peso como Odete Lara e Ambrósio Fregolente – ator que mais intrepretou personagens de Nelson Rodrigues no cinema e no teatro. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

CALA A BOCA ETELVINA
de Eurides Ramos
Rio de Janeiro, 1958, 35mm, pb, 102’, livre
Dercy Gonçalves, Humberto Catalano, Manuel Vieira, Paulo Goulart

Etelvina é empregada de um jovem casal que passa por problemas financeiros. Cansada da situação, a esposa resolve voltar para a casa da mãe. Contudo, o marido recebe a visita do tio, um rico criador de jacarés, que preza a unidade familiar e é sua esperança de melhoria. Mas o tio confunde Etelvina com a mulher do sobrinho, criando as maiores confusões. Chanchada com produção da Cinedistri, entremeada por números musicais com Emilinha Borba, Nelson Gonçalves, Jackson do Pandeiro, The Golden Boys, entre outros. O filme retoma o universo popular do teatro de revista e das comédias ligeiras, gêneros de espetáculo onde Dercy Gonçalves exerceu sua genialidade de comediante nas décadas de 30 e 40. O sucesso de “Cala a boca Etelvina” nos cinemas reuniria novamente a atriz e o diretor Eurides Ramos em outra comédia – “Minervina vem aí” – também baseada em peça de Armando Gonzaga. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

CAVEIRA MY FRIEND
de Álvaro Guimarães
Salvador, 1970, 35mm, pb, 84’, 16 anos
Manoel da Costa, Maria da Conceição Senna, Gó Muniz, Sônia Dias

A exemplo de filmes como “Meteorango Kid, o herói intergalático”, de André Luiz Oliveira, expressão da vanguarda cinematográfica baiana dos anos 70, “Caveira my friend” radicaliza o discurso fílmico por meio de uma linguagem fragmentada, livre de amarras ideológicas, que joga luz sobre a forma cinematográfica. Com trilha sonora dos Novos Baianos, apresenta uma narrativa rarefeita em que um grupo de assaltantes, liderados por Caveira, comete crimes pela cidade. Figura atuante, Álvaro Guimarães escreveu crítica teatral e dirigiu montagens de Dias Gomes e Nelson Rodrigues. No cinema, foi assistente de Glauber Rocha em “Barravento” e de Walter Lima Jr. em “Menino de engenho”. Além de “Caveira my friend”, realizou em 1960 o curta “Moleques de rua”, montado por Caetano Veloso. Cópia restaurada pela Cinemateca Brasileira.

DAMAS DO PRAZER
de Antonio Meliande
São Paulo, 1979, 35mm, cor, 82’, 16 anos
Irene Stefânia, Bárbara Fazio, Paulo Hesse, Nicole Puzzi

Os desejos e contradições de um grupo de prostitutas, formado por novatas e veteranas, diante da dura realidade do mercado do sexo na Boca do Lixo, em São Paulo. Segundo filme de Antonio Meliande, um dos maiores fotógrafos do cinema brasileiro. Com roteiro de Ody Fraga, “o pornógrafo dos pornógrafos”, e inspirado em “Nana”, romance de Émile Zola, “Damas do prazer” conta com desempenhos magistrais das atrizes Irene Stefânia e Bárbara Fazio. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

OS DESCLASSIFICADOS
de Clery Cunha
São Paulo, 1972, 35mm, cor, 92’, 16 anos
Darcy Silva, Joana Fomm, Hélio Souto, Jesse James

Playboy deseja sexualmente a madrasta, amante de um gerente de banco. Para se vingar do adultério, ele planeja um assalto à agência onde o homem trabalha. Mas o crime fracassa, os bandidos fogem e se escondem num quarto, onde a situação fica cada vez mais tensa, diante da iminente chegada da polícia. Filme policial rodado na Boca do Lixo, “Os desclassificados” baseou-se na história verídica de um jovem de alta classe que para obter as mais prazerosas sensações, arquitetou o roubo de um carro forte no início dos anos 70. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

E A PAZ VOLTA A REINAR
de Yoshisuke Sat
oSão Paulo, 1955, 35mm, pb, 71’, 14 anos
Dem Obinata, Verena Stalder, Yassuo Otani, Lea Pellegrini

Imigrante japonês, noivo da filha de um fazendeiro brasileiro, envolve-se com a crescente tensão de compatriotas que não querem acreditar na derrota do Japão na Segunda Guerra. Enquanto isso, um grupo de estelionatários procura tirar proveito da situação, vendendo yens desvalorizados. Filme raro, que joga luz sobre um capítulo obscuro da história da colônia japonesa no Brasil – o surgimento da organização secreta Shindo Renmei no interior paulista. Alegando que a notícia da derrota do exército japonês na guerra era fruto de propaganda dos países aliados, a Shindo Renmei promoveu, entre 1946 e 1947, uma “limpeza ideológica” na colônia, declarando guerra aos derrotistas, apelidados de “corações sujos”. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

É SIMONAL
de Domingos Oliveira
Rio de Janeiro, 1970, 35mm, cor, 95’, 10 anos
Wilson Simonal, Irene Stefânia, Irma Alvarez, Oduvaldo Viana Filho

Fã do cantor Simonal viaja para o Rio de Janeiro esperando encontrar seu ídolo. Passando-se por jornalista, consegue se aproximar dele durante um ensaio. Insólita comédia musical embalada pelo sucesso de Wilson Simonal nos anos 70. Reúne imagens antológicas do artista em shows na boate Sucata e no Maracanãzinho, onde regeu um coro extasiado de 35 mil pessoas – parte delas foram usadas no documentário “Simonal – ninguém sabe o duro que dei” (2009). No elenco, nomes como Jorge Dória, Maria Gladys, Marília Pêra e Ziembinsky. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

A FILHA DO ADVOGADO
de Jota Soares
Recife, 1926, 35mm, pb, 79’ | Silencioso, 10 anos
Jota Soares, Guiomar Teixeira, Euclides Jardim, Noberto Teixeira

Antes de partir para a Europa, advogado revela segredo a um amigo jornalista – tem uma filha fora do casamento, que vive com a mãe numa fazenda – e pede a ele que traga as duas para Recife. Na cidade, o jornalista e a moça começam um discreto namoro, logo atrapalhado pela aparição do filho legítimo do advogado, um jovem farrista e mulherengo. Na década de 20, um grupo de amantes do cinema em Recife realizou uma série de filmes pioneiros que até hoje servem como referência da produção brasileira do período. “A filha do advogado” é uma de suas mais bem sucedidas produções. Realizado pela Aurora Filme, fez notável carreira comercial pelas salas do Rio de Janeiro na década de 20. Cópia restaurada pela Cinemateca Brasileira.

A GRANDE FEIRA
de Roberto Pires
Salvador, 1961, 35mm, pb, 94’, 14 anos
Geraldo D'El Rey, Luiza Maranhão, Helena Ignez, Antonio Luis Sampaio

Feirantes de Água dos Meninos, em Salvador, são ameaçados de despejo por um empresa imobiliária e lutam para não perder o terreno. A partir deste acontecimento, uma série de histórias se entrelaçam envolvendo a personagem Maria da Feira. Ao lado de cineastas como Glauber Rocha e Luiz Paulino dos Santos, Roberto Pires é personalidade fundamental para a história do cinema baiano. Inventor e mestre da narrativa, foi um exímio cultor do thriller policial. Pioneiro, Pires rodou ainda o primeiro longa-metragem baiano, “Redenção” de 1958.

GREGÓRIO 38
de Rubens Prado
São Paulo, 1969, 35mm, pb, 88’, 14 anos
Alex Prado, Gran-Dini, Rosana Mondin, Bruzone Dantas

Depois de trabalhar e juntar dinheiro para saldar as dívidas da família, jovem retorna para o sítio dos pais e encontra todos os seus parentes mortos. Descobre que foram assassinados por jagunços chefiados por Gregório, um temido pistoleiro. O herói então decide perseguir implacavelmente os facínoras. Como muitos colegas de geração, Rubens Prado aprendeu a fazer e produzir filmes sem respaldos oficiais, no dia-a-dia dos sets de filmagem. Ao lado dos inúmeros artistas e técnicos que deram corpo e vida ao cinema da Boca, dirigiu alguns dos maiores clássicos do western feijoada. Inspirado por filmes como “Da terra nasce o ódio” (1954), “A lei do sertão” (1956) e “Homens sem paz” (1957), Rubens Prado tomou por cenário a cidade de Guararema, no interior paulista, para as filmagens de “Gregório 38”, seu primeiro bangue-bangue. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

JUVENTUDE SEM AMANHÃ
de Elzevir Pereira da Silva e João Cézar Galvão
Rio de Janeiro, 1959, 35mm, pb, 75’, 16 anos
Charles Florentino, Celme Silva, Humberto Heitor, Iracema Vitória

“A verdade sobre os cafajestes!”; “A curra dos playboys, em audaciosas sequências filmadas em ritmo alucinante, que porá seus nervos em polvorosa!” prometem os anúncios publicados nos jornais da época. O lançamento de “Juventude sem amanhã” foi precedido de inúmeros escândalos, incluindo o suicídio de um de seus diretores, Elzevir Pereira da Silva, que, no dizer de um jornalista da época, havia sido “morto pela imprensa marrom”. O filme retrata as práticas criminosas de um grupo de jovens delinqüentes – a juventude transviada – em Copacabana. Baseado em fatos verídicos, acompanha a trajetória de um rapaz que, vítima de uma infância miserável, é atraído pelo fantástico mundo do crime. “Juventude sem amanhã” capta diversos aspectos do submundo da noite carioca – os inferninhos de Copacabana, a prostituição, o tráfico de drogas e as terríveis curras. Assistência de direção de Leon Hirszman. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

LILIAN M: RELATÓRIO CONFIDENCIAL
de Carlos Reichenbach
São Paulo, 1975, 35mm, cor, 90’, 16 anos
Célia Olga Benvenutti, Benjamin Cattan, Edward Freund, Lee Bujyja

Seduzida por um mascate, jovem abandona o marido lavrador e os filhos para ganhar a vida em São Paulo. Um acidente de carro faz com que ela siga sozinha para a capital, onde assume outro nome – Lilian – e se torna amante de um industrial e de seu filho. O triângulo amoroso termina em tragédia e ela se envolve com outro homem poderoso, mas é novamente abandonada. A sós, Lilian é levada para a baixa prostituição pelas mãos de um marginal. Após três anos dedicando-se ao filme publicitário, Reichenbach radicaliza sua volta ao cinema, realizando uma obra à frente de seu tempo, e com influências do cinema de  Shohei Imamura. Produzido com as sucatas de cenários da extinta Jota Filmes, “Lilian M.” faz uma súmula da visão cinematográfica de seu diretor. Destaque para a participação especial do produtor e programador de cinema Bernardo Vorobow, recentemente falecido. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

MACACO FEIO... MACACO BONITO...
de Luiz Seel
Rio de Janeiro, 1929, 16mm, pb, 5’ | Exibição em 35mm, livre

Inspirado pelo estilo dos irmãos norte-americanos Max e David Fleischer, fundadores da Fleischer Studios, companhia produtora que lançou nas telas personagens famosos como a sedutora Betty Boop e o marinheiro Popeye, “Macaco feio... macaco bonito...” é um dos filmes pioneiros do cinema de animação no Brasil. Esquete cômico, tem como personagem um macaco que provoca as maiores confusões depois que foge de um Jardim Zoológico. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

O MATADOR PROFISSIONAL
de Jece Valadão
Rio de Janeiro, 1969, 35mm, cor, 80’, 14 anos
Jece Valadão, Darlene Glória, Fábio Sabag, Carlos Eduardo Dolabella

Matador é contratado por uma quadrilha para dar cabo de um figurão que atrapalha os planos do grupo. Recebe a primeira parte do pagamento e a gangue lhe assegura que a outra será paga depois do assassinato. O crime é consumado, mas os criminosos não cumprem o acordo e o matador parte em busca de vingança. Em sua caçada, não poupará ninguém, até mesmo a bela mulher que lhe jurou um falso amor. Produzido, dirigido e protagonizado por Jece Valadão, “O matador profissional” conta com trilha sonora original composta pelo grande maestro, pianista e cantor Erlon Chaves. Neste filme, Valadão constrói seu personagem a partir do policial interpretado por Alain Delon em “O samurai” (1967), dirigido pelo francês Jean-Pierre Melville. Fotografia de Hélio Silva. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

MATAR OU CORRER
de Carlos Manga
Rio de Janeiro, 1954, 35mm, pb, 100’, 12 anosOscarito, Grande Otelo, José Lewgoy, Renato Restier

Dois forasteiros chegam à cidade de Matagorda, no Velho Oeste, lugar dominado por um temido bandoleiro. Durante uma briga num saloon, acabam nocauteando, por acidente, o criminoso. Em gratidão a este ato heróico, os cidadãos de Matagorda nomeiam um deles como xerife da cidade. No entanto, as coisas se complicam quando o bandoleiro foge da prisão, sedento por vingança. Paródia do faroeste americano “Matar ou morrer” (1952), de Fred Zinnemann, “Matar ou correr” é o último filme com a dupla Oscarito e Grande Otelo.

A MULHER DE TODOS
de Rogério Sganzerla
São Paulo, 1969, 35mm, pb/cor, 80’, 16 anos
Helena Ignez, Jô Soares, Paulo Villaça, Renato Correa de Castro

As aventuras eróticas, e em “sexycolor”, da vampiresca Angela Carne Osso. Depois de largar um amante, a bela ninfômana segue para o litoral e, na exótica Ilha dos Prazeres, tira prazer de inúmeros homens. Seu marido, um magnata das histórias em quadrinhos, decide investigar seus passos e contrata um detetive particular. Depois do escândalo de “O bandido da luz vermelha”, Rogério Sganzerla volta a desconcertar crítica e público com esta anárquica comédia pornográfica. Tomando como referência a chanchada, Helena Ignez realiza em “A mulher de todos” um trabalho de interpretação sem precedentes na história do cinema brasileiro. Uma nova cópia 35mm do filme, com as viragens originais, foi confeccionada para a mostra.

NA SENDA DO CRIME
de Flaminio Bollini Cerri
São Paulo, 1954, 35mm, pb, 71’, 14 anos
Miro Cerni, Cleide Yáconis, Silvia Fernanda, Renato Consorte

Acostumado a regalias e luxo, rapaz tenta encontrar um modo fácil de ganhar fortuna. Com a ajuda de uma quadrilha, planeja um assalto a uma grã-fina. Policial produzido pela Vera Cruz já em sua fase crepuscular. Nascido em Milão, Flaminio Bollini Cerri foi assistente de direção de Luchino Visconti. Veio a São Paulo ainda muito jovem para trabalhar no Teatro Brasileiro de Comédia, onde assumiu o posto de encenador. No TBC, dirigiu espetáculos fundamentais para a cena teatral paulista, como “Ralé”, de Maximo Gorki. Além disso, foi também responsável pela primeira encenação profissional de Bertolt Brecht no Brasil, com a montagem de “A alma boa de Set-Suan” pelo Teatro Maria Della Costa. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

NEM SANSÃO NEM DALILA
de Carlos Manga
Rio de Janeiro, 1954, 35mm, pb, 90’, livre
Oscarito, Fada Santoro, Cyll Farney, Eliana

Através de uma máquina do tempo, barbeiro é transportado para outra época – vai parar no Reino de Gaza, anos antes de Cristo. Valendo-se de uma peruca mágica, que lhe dá poderes descomunais, torna-se um temido ditador. A partir daí, tem de lidar com as manobras de poder dos políticos locais que procuram, por meio da sedutora Dalila, arrancar-lhe as forças. Paródia do drama bíblico de Cecil B. DeMille, “Nem Sansão nem Dalila” é uma comédia debochada, repleta de ironia e sátira ao governo Vargas. Contém uma das cenas mais antológicas de toda a história do cinema brasileiro – Oscarito imitando os trejeitos do então presidente. Fato curioso é que o épico de DeMille foi também alvo de outra paródia nos anos 50, “Lo que le Pasó a Sanson”, do mexicano Gilberto Martinez Solares.

NINFAS DIABÓLICAS
de John Doo
São Paulo, 1978, 35mm, cor, 85’, 16 anos
Sérgio Hingst, Aldine Müller, Patrícia Scalvi, Ewerton de Castro

Pai de família respeitável é assediado por duas jovens estudantes quando segue em viagem de negócios para o litoral. Depois de pedir carona, elas o seduzem e o levam até uma praia deserta onde, inesperadamente, fatos estranhos e perturbadores começam a acontecer. Bruxaria, suspense, demonismo, horror e fortes doses de erotismo marcam a estreia de John Doo na direção de cinema. O sucesso de bilheteria de “Ninfas diabólicas” impulsionou a carreira do cineasta na Boca, estimulando-o a escrever novos roteiros com temas fantásticos. O filme conta com fotografia de Ozualdo Candeias e música original do maestro tropicalista Rogério Duprat. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

O PAGADOR DE PROMESSAS
de Anselmo Duarte
São Paulo, 1962, 35mm, pb, 96’, 10 anos
Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo d'el Rey

Camponês tenta cumprir promessa feita num terreiro de candomblé – carregar uma cruz, de sua cidade até Salvador, e colocá-la na Igreja de Santa Bárbara, em troca da cura de seu burro. Chegando à igreja, no entanto, o pobre se depara com a resistência de um padre, que o acusa de blasfêmia. Um dos filmes mais premiados da história do cinema brasileiro, ganhou em 1962 a Palma de Ouro no Festival de Cannes, feito inédito até os dias de hoje, e foi indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro em 1963. Adaptação da peça de Dias Gomes.

PERFUME DE GARDÊNIA
de Guilherme de Almeida Prado
São Paulo, 1992, 35mm, cor, 118’, 16 anos
Christiane Torloni, José Mayer, Walter Queiroz, Cláudio Marzo

Dona de casa é convidada a fazer uma ponta num filme que está sendo rodado em seu bairro. Fascinada com o espetáculo do cinema, e querendo largar a condição servil de esposa, ela abandona a família para se tornar uma verdadeira estrela da Boca do Lixo. Sua decisão, no entanto, vai lhe custar a diabólica vingança do marido. “Perfume de gardênia” foi rodado num momento crítico para o cinema brasileiro – logo após o desmanche do mercado pelo governo Collor. Com o fim da experiência industrial da Boca, e das pornochanchadas, Guilherme de Almeida Prado tocava num assunto tabu para realizadores e produtores brasileiros – a possibilidade de uma nova dramaturgia popular, baseada agora na leitura original das telenovelas e do teatro de Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Jorge Andrade.

PREÇO DE UM DESEJO
de Aluizio T. de Carvalho
Rio de Janeiro, 1952, 35mm, pb, 90’, 16 anos
Angela Fernandes, Carlos Cotrim, Nélia Paula, Ambrósio Fregolente

Melodrama criminal sobre uma jovem que cai nas garras da prostituição depois de ser expulsa de casa. Estreia de Aluizio T. de Carvalho na direção, recebeu elogios do então exigente crítico da revista ilustrada “O Cruzeiro”, Pedro Lima, primeiro jornalista a se dedicar a uma reflexão ordenada sobre as dificuldades econômicas e técnicas do cinema brasileiro. Além deste, Aluizio T. de Carvalho dirigiu comédias de sucesso, como “Maluco por mulher” (1957) e “O batedor de carteiras” (1958), que lançaram ao estrelato o comediante Zé Trindade. “Preço de um desejo” foi realizado pela produtora de Nilo Machado, figura lendária que alcançou fama no cinema brasileiro ignorando as regras tradicionais da realização e comercialização cinematográficas. Nilo Machado costumava enxertar, por conta própria, números de strip-tease em obras alheias para então redistribui-las no cinema. Uma nova cópia 35mm do filme foi confeccionada para a mostra.

O SACI
de Rodolfo Nanni
São Paulo, 1953, 35mm, pb, 65’, livre
Paulo Matozinho, Lívio Nanni, Aristéia Paula Souza, Olga Maria

Adaptação da obra de Monteiro Lobato para as telas, narra as aventuras de Pedrinho, Emília e Narizinho, personagens do clássico “Sítio do Picapau amarelo”, às voltas com as criaturas fantásticas da mata. Para resolver os mistérios que assombram o sítio, os inseperáveis amigos embrenham-se na floresta à procura do Saci. Uma das primeiras e mais bem-sucedidas produções brasileiras voltadas para o público infantil, “O Saci” contou com elenco de atores iniciantes e com profissionais em início de carreira, como Nelson Pereira dos Santos, assistente de direção do filme. Artista singular na história do cinema brasileiro, Rodolfo Nanni percorreu o difícil caminho da produção independente em busca de formas para expressar seu talento artístico.

TERRA EM TRANSE
de Glauber Rocha
Rio de Janeiro, 1967, 35mm, pb, 107’, 14 anos
Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha

Em Eldorado, país imaginário dos trópicos, um poeta agoniza em meio às diferentes forças políticas que disputam o poder. Uma das mais contundentes respostas artísticas ao golpe militar de 1964, “Terra em transe” é uma vigorosa e visionária alegoria política sobre o Brasil e a América Latina dos anos 60. Obra-prima de Glauber Rocha, responsável pela consagração internacional do cineasta, inaugurou um debate sobre o populismo no país e foi o ponto de partida para o Tropicalismo.

VIAGEM AO FIM DO MUNDO
de Fernando Cony Campos
Rio de Janeiro, 1968, 35mm, pb, 95’, 16 anos
Karin Rodrigues, Silvio Porchat, Anik Malvil, Jofre Soares

Imagens de arquivo, canções tropicalistas, ícones do consumo, cenas de guerra, fome e romarias religiosas, Machado de Assis, contracultura, narração fragmentada e anarquia de linguagem fazem de “Viagem ao fim do mundo” uma obra de invenção, um legítimo representante da vanguarda cinematográfica brasileira dos anos 60. Diversas personagens embarcam num avião – um rapaz que lê as “Memórias póstumas de Brás Cubas”, uma garota propaganda, freiras, um sertanejo com alucinações eróticas, o dirigente de um time de futebol etc – para uma inusitada viagem. Seus sonhos, delírios e reflexões formam o enredo do filme.

Fotograma do filme "O pagador de promessas"<br />Direção de Anselmo Duarte

Fotograma do filme "O pagador de promessas"
Direção de Anselmo Duarte

Centro Cultural Banco do Brasil apresenta Clássicos & Raros do Nosso Cinema II

happens
from 21/04/2010
to 06/06/2010

source
Daniele Tomadon
São Paulo SP Brasil

share


© 2000–2025 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided