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A exposição retrata a trajetória deste artista da primeira geração de designers modernos no Brasil, permite se aprofundar em sua vida, obra e pensamento e fomenta o debate sobre importantes questões levantadas por ele, como a educação do design no país.
O designer Aloisio Magalhaes (1927-1982) nasceu em Pernambuco no fim da terceira década do século XX e morreu prematuramente em Veneza, aos 55 anos, exercendo o papel de virtual ministro da cultura do país. Não à toa a data de seu aniversário, 5 de novembro, marca o dia nacional do designer. De 26 de julho a 24 de agosto, o Itaú Cultural abre a Ocupação que o homenageia com o seu nome, e o público pode checar o grande legado cultural que ele deixou por meio de cerca de 70 de suas obras. A curadoria é de João de Souza Leite, ele próprio um renomado designer, que foi assistente do homenageado e assina importantes identidades visuais, como a do Jockey Club Brasileiro e do Banco Central do Brasil. O arquiteto Vlamir Saturni é o responsável pela expografia da mostra.
“Sendo pintor, designer ou formulador de políticas públicas, Aloisio foi, como sempre dizia, um ‘projetivo’ – alguém inteiramente consciente do que e do como projetar”, observa Souza Leite. Para ele, a Ocupação Aloisio Magalhães homenageia o seu pioneirismo no campo do design moderno, e também o seu pensamento voltado para um desenvolvimento social e econômico mais harmonioso do país, e a sua visão política que transformou, por algum tempo, o trato dos bens culturais no Brasil. “Em toda a sua ação, Aloisio sempre privilegiou a ideia de um projeto de futuro para o país, coisa de que tanto carecemos hoje”, conclui.
Estas três facetas do artista estão divididas na Ocupação Aloisio Magalhães em sete núcleos temáticos, apresentados por uma linha do tempo: Aloisio Magalhães; Um designer em três tempos; Aloisio, artista plástico; O Gráfico Amador; Uma linguagem experimental; Aloisio Magalhães, designer; As possibilidades do objeto impresso; A cultura como objeto de ação política.
Eles se agrupam em três tempos, começando por suas pinturas, gravuras e aquarelas não expostas em São Paulo há mais de 40 anos, e por sua experiência gráfica em O Gráfico Amador. Também a produção como resultado de sua vivência nos Estados Unidos, junto com o artista gráfico Eugene Feldman, no auge do modernismo, quando o design desempenhou protagonismo inquestionável. A mostra apresenta imagens geradas por essa experiência, seus livros premiados e fotos que documentam aquele momento da vida de Aloisio.
Um “segundo tempo” da mostra, apresenta a sua realização no campo do design propriamente dito. Alguns símbolos empresariais que marcaram a paisagem urbana brasileira por algumas décadas serão reproduzidos e impressos em 3D, como do IV Centenário do Rio de Janeiro, do Banespa e da Bienal de São Paulo. Também serão exibidas cédulas de dinheiro desenhadas pelo artista, entre as quais, a do Cruzeiro dos anos de 1960 e final da década de 1970. Ali estão, ainda, experimentos gráficos em publicações – originais e reproduzidos virtualmente –, como o Aniki Bobó e o Doorway to Portuguese, este em parceria com Eugene Feldman. Assim como colagens de cartões-postais denominadas Cartemas – o Pátio com Colunas e o Cartema Barroco, de 1975.
Por fim, a mostra retrata a sua chegada formal ao campo da cultura: a constituição do Centro Nacional de Referência Cultural e seu desdobramento nos mais variados projetos; e a posterior renovação institucional da área da cultura ao nível da administração federal. O seu papel diante da cultura nacional é explicado em imagens e textos seus.
Aloisio por João
A partir de 1960, Aloisio Magalhães integrou a primeira geração de designers modernos no Brasil, e se fez presente tanto na discussão sobre a educação de design no país como no debate sobre o que constituía a nova atividade. Foi aí que ele montou a primeira versão do seu escritório de design, que viria a ser o maior do país ao longo dos anos 1970, e fez parte do grupo que criou o primeiro curso de desenho industrial em nível superior, na Escola Superior de Desenho Industrial, Rio de Janeiro.
Seus desenhos para marcas e símbolos, seus projetos para programas de design e identidade visual de empresas chegaram a atender a dimensão de uma cidade como o Rio de Janeiro, e fizeram de Aloisio um dos mitos do design brasileiro, tendo sido a um só tempo a voz mais presente na divulgação da nova profissão no período de 1960 a 80 e o defensor de princípios que enfatizavam a relação com o contexto, contrariamente ao que havia se definido como característica marcante do design moderno no Brasil.
Esses propósitos, enunciados desde seu tempo como pintor – de que a produção artística deveria pertencer ao seu próprio tempo e associar-se ao seu próprio lugar, de que a vivência mais local poderia comportar questões universais – pautaram a sua trajetória. Ao longo do caminho iniciado como artista plástico, cenógrafo, figurinista e mestre de bonecos no tão pernambucano teatro de mamulengo, Aloisio traçou um percurso que progressivamente o aproximou de questões coletivas.
Com essas ideias, em 1979 assumiu a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – do Ministério da Educação e Cultura. E logo propôs e colocou em prática o desenho que pensava para a administração da cultura no país. Nesse percurso, criou a Secretaria da Cultura do Ministério, e foi um virtual ministro da cultura do país.
Ao final da longa série de governos militares, sua presença no MEC criou uma indiscutível renovação de ares na área da cultura, que a partir daquele momento voltava a ser merecedora da atenção devida.
Ocupando este cargo, em um colóquio em Veneza, Aloisio Magalhães sofreu um violento acidente vascular cerebral, vindo a falecer abruptamente, em junho de 1982.
Sobre João de Souza Leite
Designer formado pela ESDI em 1974. Iniciou sua vida profissional em 1966, como assistente de Aloisio Magalhães. Entre seus projetos estão a identidade visual do Jockey Club Brasileiro e do Banco Central do Brasil. Realizou inúmeros projetos na área editorial e foi consultor da Casa da Moeda, do Iphan e da Presidência da República. Entre suas publicações está Design: entre o saber e a gramática, premiado pelo Museu da Casa Brasileira, em 2003. Pesquisou e organizou A herança do olhar: o design de Aloisio Magalhães, também premiado pelo MCB em 2004. Em 2005, fez a curadoria de Design’20: Formas do Olhar, em Porto Alegre, e O Outro Sentido do Moderno: Aloisio Magalhães e o Design Brasileiro, no Rio. Atualmente é professor da ESDI e desenvolve estudos e análises sobre as relações entre design e sociedade no Brasil.
Design: mais um foco de atenção do Itaú Cultural
A Ocupação Aloisio Magalhães é mais uma etapa na proposta do Itaú Cultural de, a partir deste ano, introduzir o design gráfico como objeto de discussão, debate e difusão em sua programação anual.
O evento que inaugura este calendário especial acontece ainda em julho, de 14 a 18, com o workshop A Interpretação de Imagens: Interações e Sentidos, ministrado pelo designer ítalo-suíço Bruno Monguzzi e cujas vagas foram preenchidas em menos de 48 horas.
Esta oficina é uma prévia para o congresso AGI Open, que acontecerá nos dias 18 e 19 de agosto no Auditório Ibirapuera, equipamento cultural gerido pelo instituto, para o qual a venda de ingressos já começou – mais informações em http://agi-open.com e www.ingresso.com.
Em novembro, o Itaú Cultural realiza a mostra Cidade Gráfica: Design no Brasil Hoje, com curadoria dos designers Celso Longo, Daniel Trench e Elaine Ramos. A proposta curatorial para a exposição é reunir a produção gráfica nacional a partir de um tema: a vida urbana. A exposição também contará com trabalhos selecionados a partir de uma chamada aberta que convoca projetos de design gráfico cujo tema seja a vida nas cidades e contribuam para o debate acerca do gênero e de suas fronteiras no contexto da metrópole contemporânea. A inscrição para essa chamada aberta deve ser realizada por meio do site até o dia 18 de julho de 2014.
Informações
Ocupação Aloisio Magalhães
abertura 26 de julho, sábado, às 11h
em cartaz de 26 de julho a 24 de agosto
de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
entrada franca
classificação indicativa: livre
Estacionamento com manobrista: R$ 14 uma hora; R$ 6 a segunda hora; mais R$ 4 p/ hora adicional
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado
Aloísio Magalhães em seu escritório, 1966.
Acervo Aloisio Magalhaes [Divulgação]
17_Símbolo do IV Centenário do Rio de Janeiro - versão tridimensional, 1963.
Acervo Aloisio Magalhaes [Divulgação]
24_Cédula de 500 Cruzeiros desenhada por Aloísio Magalhães, 1972.
Acervo Banco Itaú [Divulgação]