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Figuras do cotidiano, narrativas locais, lendas, animais fantásticos, símbolos religiosos e personagens bíblicos revelam o universo do artista pernambucano Gilvan Samico.
A Caixa Cultural apresenta, de 18 de outubro a 30 de novembro de 2014, a mostra individual “Linhas, Trançados e Cores: no Reino de Gilvan Samico”, exibindo um conjunto de 39 xilogravuras e 5 estudos selecionado pela curadora Renata Pimentel. Na ocasião da abertura, às 11 horas, a curadora promove uma visita guiada com o público. A entrada é gratuita e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.
Samico ficou conhecido por suas xilogravuras, elaboradas e criadas meticulosamente com, muitas vezes, mais de 100 esboços até a impressão final, chegando a fazer até três Provas do Artista. A simplicidade e rigor, dedicação e ausência de pressa que construiu seu reino imagético o levaram, a certa altura da carreira, a produzir apenas uma gravura por ano e, nesse processo, fazia esboços e estudos a lápis grafiti, matrizes únicas para experimentar a criação.
A paixão e o interesse pela estética da cultura regional nordestina levaram Samico, nos anos 1970, a trocar o expressionismo pela visualidade tropical ligada ao cordel. Então, figuras do cotidiano, narrativas locais, lendas, animais fantásticos, símbolos religiosos e personagens bíblicos passaram a se fundir em sua obra para criar alegorias cujos motes são a fantasia e o romanceiro popular nordestino. “Eu vivia numa época de espaços abertos, habitados por bichos, muitas árvores... Convivia com esses espaços e com cabras, bois, cavalos, passarinhos, cobras, sapos... Tudo isso passou a ser minha referência”, comentou Samico em conversa com Renata Pimentel.
O afeto é o norte da curadoria da exposição, “Do meu olhar de leitora de Samico, que cresceu testemunhando a criação do universo dele, acompanhando o processo, vendo ano a ano surgirem suas novas estórias em desenho, madeira, tinta e o finíssimo papel de arroz”, diz Renata. E também a precisão de detalhes: “Conhecendo o Samico perfeccionista, que no processo de se tornar amante íntimo dos materiais que elegia para trabalhar (todos eles, não só a madeira), ia criando vidas”, completa.
Samico foi pintor, desenhista, professor e gravador. Seu traço preciso, misturando luzes e texturas, foi revelado logo no começo da carreira - em 1957, 1958 e 1960 quando premiado no XVI Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco. Para aprimorar sua arte, deixou o Recife e estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. O reconhecimento de seu trabalho alcançou o Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York, que tem obras em seu acervo, e participou duas vezes da Bienal de Veneza.
Era um grande leitor e, como tal, vivia preenchido de um mundo interior mágico e fértil. Suas referências não são óbvias, não é apenas pela superfície que se lê sua obra: “O outro lado do rio”, por exemplo, seria jeito de o nosso Samico contar sua versão d’“A Terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, o mineiro tão sertanejo e regional quanto absolutamente universal e que, declaradamente, não acreditava em acasos?”, exemplifica Renata.
Em paralelo à exposição a Caixa Cultural exibe o documentário “No Reino de Gilvan Samico”, produzido pelo Studiointro em parceria com a Oiya Projetos Culturais. O filme de 21 minutos apresenta um panorama construído por memórias afetivas de quem conviveu com Samico, alinhado a proposta da exposição. Para a gravação deste filme, o diretor e idealizador do projeto, José Luiz Sampaio, viajou a Olinda, cidade onde Samico viveu e produziu grande parte de sua obra. As gravações, realizadas em fevereiro de 2014, tiveram como cenário a oficina do artista e sua própria casa. Trailer
A Chave de ouro do reino do vai -não-volta, 1969 _ Xilogravura _ 55x32,5cm
Gilvan Samico
Apocalipse, 1964 _ Xilogravura _ 36x50,8cm
Gilvan Samico
O outro lado do rio, 1980 _ Xilogravura _ 90x47cm
Gilvan Samico
O rapto do Sol, 1984 _ Xilogravura _ 57,1x90,8cm
Gilvan Samico