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Com três artistas remanescentes da montagem original, espetáculo ganha nova encenação e estreia em 21 de outubro, no Teatro Paulo Autran.
De 21 de outubro a 19 de novembro, o Sesc Pinheiros recebe o espetáculoO Rei da Vela, concebido pelo Teatro Oficina, a partir da obra de Oswald de Andrade celebrando em 2017 o aniversário de 50 anos da primeira montagem. A temporada, com direção de José Celso Martinez Correa, segue aos sábados e domingos no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros até 19 de novembro. O espetáculo celebra ainda os 80 anos de Zé Celso e deRenato Borghi e terá o cenário original de Hélio Eichbauer, com palco giratório e painéis artísticos idênticos aos utilizados 50 anos atrás.
Além da temporada, serão realizadas ações formativas, como o encontro Rei da Vela: Ontem e Hoje, no dia 26 de outubro, com a presença do diretor Zé Celso e do ator Renato Borghi, em que avaliam e validam a importância da remontagem da peça dentro do atual cenário político e cultural.
O Rei da Vela, escrito por Oswald de Andrade em 1933 e publicado em 1937, foi adaptado para o teatro e posteriormente para o cinema, retornando em 2017 para o palco.
A primeira encenação é concomitante à explosão da Tropicália e ao movimento de descolonização do Brasil, na Primavera Cultural de 1967, em plena ditadura, tendo o poder de se despedir da quarta parede e rever toda dramaturgia da história mundial por meio da devoração poética de Oswald.
Ao ser reencenada cinco décadas depois, a dramaturgia que escancara a estrutura colonial, escravagista e patriarcal tem, de acordo com Martinez Correa, “o poder de acender a vela da percepção no labirinto dos nossos cérebros, intestinos, sexos, corpos e despertar o apetite de devoração deste estado de espera imposto pelas crises [...] o espetáculo foi uma desenfreada descoberta crítica do Brasil, uma implacável e impiedosa revisão de valores que começava agredindo a nós mesmos, numa etapa de um vertiginoso processo de libertação de preconceitos e formação cultural colonizada [...] a peça ‘O Rei da Vela’ foi uma forma de realizar uma radiografia do país, revelando sua podridão, seu tecido interno canceroso, e assim mesmo resistente, porque se renovava em nossa passividade e em nosso ingênuo conformismo. Transformou-se, assim, numa bandeira radical, num manifesto político cultural, explosivo e criativo. Todo o irrefreável e desmedido vômito ganhou uma estrutura orgânica trabalhada em seus mínimos detalhes.”
Sinopse
No escritório de usura de Abelardo & Abelardo, o protagonista Abelardo I, banqueiro, agiota, o Rei da Vela, com seu domador de feras, o empregado socialista Abelardo II subjugam clientes numa jaula - devedores, impontuais, protestados. Burguês, Abelardo faz um negócio para a compra de um brasão: casar com Heloísa de Lesbos, que se negocia como valiosa mercadoria para manutenção da família, falida pela crise do café, no seleto grupo dos 5% da elite. Abelardo I, submisso ao capital estrangeiro do Americano, no terceiro ato leva um golpe de Abelardo II, que o sucede na manutenção da usura do capital.
Além de Renato Borghi e Zé Celso, fazem parte do coro de protagonistas Sylvia Prado, Camila Mota, Danielle Rosa, Joana Medeiros, Marcelo Drummond, Regina França, Ricardo Bittencourt, Roderick Himeros, Tony Reis, Túlio Starling e Vera Barreto Leite.
Histórico
Ano de 1967. Flávio Império e Rodrigo Lefèvre entram em cena para a reconstrução do novo Teatro Oficina, destruído num incêndio, e muitas das descobertas da Arquitetura Nova (movimento criado com Sérgio Ferro) foram incorporados. O Oficina procurava um texto para a inauguração de sua nova casa de espetáculos que, ao mesmo tempo, inaugurasse a comunicação ao público de toda uma nova visão do teatro e da realidade brasileira. As remontagens que o grupo foi obrigado a realizar por causa do incêndio estavam defasadas em relação à sua visão do Brasil desde abril de 1964. O problema era o do aqui e agora, recorda Zé Celso: “E o aqui e agora foi encontrado em 1933, em ‘O Rei da Vela’, de Oswald de Andrade”.
A peça estreou em setembro de 1967, continuando com temporadas de sucesso pelo Brasil e Europa. Em 1968, foi apresentada no Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano – na época com 1.600 lugares na plateia –, seguindo para Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém e Manaus. Na Europa, foi apresentada em Florença (Itália), Nancy e Paris (França).
Em 1971, com outras duas montagens do repertório da companhia, “Pequenos Burgueses” e “Galileu Galilei”, a peça circulou na viagem Utopia dos Trópicospor 19 cidades brasileiras em dez meses: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife, Fazenda Nova (Nova Jerusalém), Mandassaia, Santa Cruz, Brejo da Madre de Deus, Garanhuns, Caruaru, Natal, Fortaleza, Crato, Juazeiro, São Luís, Belém e Manaus.
Sobre o Teatro Oficina
Fundada em 1958, a Companhia Teatro Oficina se profissionalizou nos anos 60 e obteve imenso sucesso nacional e internacional de crítica e público. Em espetáculos como “O Rei da Vela”, “Roda Viva” e “Gracias Señor”, experimentou tirar o ator do palco; tirou o público da cadeira; foi censurada e exilada nos anos 70 pelo regime militar, reexistindo em Portugal na apresentação de espetáculos em fábricas durante a Revolução dos Cravos e realizando obras cinematográficas em Portugal, Moçambique, Inglaterra e França. Com a abertura política, a companhia foi, aos poucos, retomando as atividades no Brasil. Em 1984, transformou-se em Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, misturando em seus ritos teat(r)ais música, artes plásticas, vídeo, arquitetura, urbanismo, em processos de co-criação entre artistas. Oteatro, projetado por Lina Bo Bardi e Edson Elito, mas ainda sem sua expansão pelo entorno, estreou com “Ham-let”, de Shakespeare, em 1993, seguido de montagens que até hoje fazem parte do repertório da companhia, como “Bacantes”, de Eurípedes, e “Os Sertões”, concebido a partir do livro de Euclides da Cunha. A bigorna, lugar onde se forja o ferro e o corpo, onde se transforma e interpreta a vida, é símbolo da companhia desde sua fundação e foi colocada, por Lina Bo Bardi, na fachada do prédio.
Tombado pelo COMPRESP, CONDEPHAAT e IPHAN, o teatro foi esculpido por quase seis décadas de incessante criação artística. Em 2015 foi considerado pelo crítico de arquitetura do jornal The Guardian o melhor e mais intenso teatro do mundo.
Programação Paralela
O Rei da Vela - Ontem e hoje
José Celso Martinez Correa e Renato Borghi falam sobre os 50 anos da montagem de O Rei da Vela - encenada primeiramente em 1967, quando se transformou em um marco do teatro brasileiro. Vivendo esse reencontro, os dois falam sobre o contexto que os levaram à montagem do espetáculo na época e fazem uma avaliação de como essa remontagem continua atual até o momento.
A mediação é de Luiz Fernando Ramos.
Dia 26/10, quinta, às 20h
Livre. Grátis. Retirada de ingressos a partir das 14h.
Ler e reler "O Rei da Vela"
Oficina que tem por objetivo ler e reler a peça “O Rei da Vela”, do escritor, poeta e dramaturgo Oswald de Andrade (escrita em 1933).
O trabalho será realizado em três etapas:
• Aula aberta sobre o texto de Oswald de Andrade e seu contexto histórico, no momento de sua criação. Com Luis Fernando Ramos.
Dia 7/11, das 19h às 22h
• Análise e Deglutição em Ato
Análise do texto O Rei da Vela para iniciar a oficina prática em que serão vivenciados experimentos cênicos, propondo aos participantes uma deglutição do texto original a partir da releitura da peça. Com Cibele Forjaz, professora, doutora do curso de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Os interessados deverão impreterivelmente participar da Aula Aberta com o professor Luis Fernando Ramos, que será realizada em 7/11.
Dirigida a atores, estudantes de teatro, dança e interessados nas artes do corpo. A partir de 16 anos. Vagas limitadas.
Inscrições a partir de 1º /11, na Central de Atendimento.
Dias 8, 14 e 15/11, das 19h às 22h.
• Contracultura à Moda Brasileira
Tomando como base o contexto artístico e social da primeira montagem de O Rei da Vela, os críticos Carlos Calado, Manoel da Costa Pinto e Welington Andrade conversam sobre os movimentos culturais que surgiram a partir desse momento histórico e de como se deu a evolução dos mesmos nesses 50 anos que se passaram.
Dia 17/11, sexta, às 20h30.
Local das atividades: Teatro Paulo Autran
Grátis. Retirada de ingressos a partir das 13h, no dia do evento.