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Exposição do fotógrafo Stéphane Herbert revela semelhanças entre a capital brasileira e a cidade indiana projetada por Le Corbusier
Duas cidades que traduzem o espírito do século XX. Modernas, ousadas e distantes geograficamente, Brasília e Chandigarh, na Índia, são contemporâneas e partilham da mesma ousadia nas formas de sua arquitetura. Ambas revelam a mesma confiança no futuro que caracterizava seus criadores. Ambas se deixam atravessar pela luz e pelos espaços vazios. Este diálogo foi percebido pelo fotógrafo francês Stéphane Herbert e agora será conhecido pelo público brasileiro. De 6 de outubro a 7 de novembro, o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República recebe a exposição BRASÍLIA-CHANDIGARH – Patrimônio Moderno, composta de 30 fotografias assinadas por Stéphane Herbert. Sob curadoria de Claudia Estrela Porto, estão imagens destas duas cidades simbólicas do século XX, em aspectos poucos explorados. A mostra – que tem o apoio da Embaixada da França - poderá ser vista de terça a domingo, sempre das 9h às 18h30. Entrada franca.
Brasília-Chandigarh - Patrimônio Moderno
Reúne 15 fotografias sobre Brasília e 15 sobre a cidade indiana de Chandigarh, todas no mesmo formato de 50 x 75 cm. A proposta do autor é levar o observador a estabelecer uma comparação entre a arquitetura e o traçado das duas, perceber a “estética da fluidez” de Brasília e o “espaço indizível” de Chandigarh, como costuma dizer Stéphane Herbert. As fotografias também revelam a identidade de pensamento entre o brasileiro Oscar Niemeyer e seu mestre Le Corbusier - figura central na formação de Niemeyer.
Além da exibição das imagens, a mostra contará com o lançamento de um catálogo com 78 páginas, incluindo textos da curadora Claudia Estrela Porto, professora do Departamento de Artes da Universidade de Brasília, do arquiteto Cláudio Queiroz, do filósofo e musicólogo Claude-Marin Herbert e do próprio fotógrafo, Stéphane Herbert, além de 40 fotografias, com reprodução de todas as imagens que integram a exposição. BRASÍLIA – CHANDIGARH – patrimônio moderno contará ainda com programa educativo durante todo o período em que estiver montada. A idéia é estimular os alunos e visitantes em geral a conhecerem mais e refletirem sobre a cidade onde vivem. A exposição tem o patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do GDF e conta com a parceria do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
Semelhanças e Diferenças
A indiana Chandigarh é a capital dos estados de Punjab e Haryana. Foi planejada no início dos anos 1950 por um dos maiores propagadores da arquitetura moderna, o francês Le Corbusier. Brasília foi criada pouco tempo depois, segundo projeto de um discípulo do arquiteto francês, o carioca Oscar Niemeyer. Durante 15 anos, Le Corbusier supervisionou pessoalmente as obras de urbanismo na cidade de Chandigarh, cujos princípios de circulação e as condições de natureza concretizam suas concepções revolucionárias: uma cidade dividida estritamente por funções, com setores residenciais, escolares e área industrial. Cada área residencial com suas lojas e outros serviços essenciais. O mesmo princípio que norteou a criação de Brasília.
Os habitantes de Brasília são geralmente ligados a um modo de vida original da capital assim como a seus símbolos arquitetônicos. Desejada desde o século XIX, Brasília foi imaginada como proposta de interiorização geográfica do desenvolvimento do País. Uma forma de democratizar os avanços tecnológicos, estender para o interior a qualidade de vida e incrementar a produção agrícola brasileira. Toda a audácia da decisão do presidente Juscelino Kubitschek, a confiança lúcida do urbanista Lúcio Costa, as curvas poéticas em concreto do arquiteto Oscar Niemeyer e uma dinâmica notável caracteristicamente brasileira foram necessárias para construir essa cidade excepcional nas terras virgens do Planalto Central. Se o eixo monumental se enche rapidamente de símbolos arquiteturais potentes, o espírito de Brasília repousa nas asas residenciais inteiramente sobre pilotis, numa vasta vegetação com mais de quatro milhões de árvores. Desde 1987, classificada pela UNESCO como Patrimônio Mundial, Brasília representa hoje uma etapa evidente do projeto de civilização brasileira.
Após a divisão da Índia, em 1947, Lahore, capital histórica da vasta região de Penjab, tornou-se território paquistanês. Preocupado em simbolizar a modernidade da Índia independente, o então primeiro-ministro Jawâharlâi Nehrû convidou, em 1950, o arquiteto Le Corbusier para construir uma cidade nova diante dos contrafortes do Himalaia. Le Corbusier supervisionou durante 15 anos as obras do complexo majestoso do Capitólio, assim como o urbanismo geral da cidade cujos princípios de circulação e as condições da natureza concretizam suas concepções revolucionárias. Sofrendo de uma divisão administrativa, Chandigarh é, no entanto, uma cidade indiana do mesmo nível de outras cidades tradicionais, como Fatehpur Sikri e Jaipur, planificadas nos séculos XVI e XVIII. Ápice da obra universal de um arquiteto do século XX, Chandigarh inscreve-se na história de uma das civilizações mais antigas do mundo.
Tanto Brasil quanto Índia são considerados países emergentes, em franco processo de desenvolvimento, gigantes que surgem como promessas econômicas do futuro. Brasília e Chandigarh participam e refletem este espírito de modernidade, incluindo um aspecto a mais na noção de crescimento: o respeito pela natureza. Cidades distintas que nasceram sob o signo de uma proposta social e arquitetônica revolucionária. A exposição pretende chamar a atenção para o fato de que, para analisar o modo de vida e a cultura destas duas cidades, o visitante precisa, em primeiro lugar, livrar-se dos preconceitos e abrir-se a novas possibilidades de vida comunitária.
Sobre o fotógrafo
Nascido na Guatemala, em 1968, e com nacionalidade francesa, Stéphane Herbert estudou fotografia em Lyon e civilizações orientais em Paris. Começou a fotografar em Nova York e Istanbul. Em 1986, trabalha para uma grande agencia de arquitetura em Paris. De 1988 a 1989, faz as primeiras reportagens sobre a ocupação soviética no Afeganistão, o levante palestino na Cisjordânia e em Gaza. Em seguida, realiza um trabalho sobre a independência das repúblicas da Ásia Central e fotografa a cidade afegã de Hérat, depois da guerra. Desde então, vem atuando em reportagens sobre países tão distantes quanto Curdistão, Iraque, Guatemala, Irã, Chechênia, Hungria, Canadá, Itália, Estados Unidos, Portugal, Argélia e França. Sua obra é publicada em importantes revistas internacionais como Géo e Grands Reportages (França), Hors Ligne (Suíça), Alisei (Itália) e Equinox (Canadá).
O fotógrafo conheceu o Brasil em 1995. Focalizou na cultura afro-brasileira através dos rituais Capoeira-Candomblé-Carnaval. Retratou os mestres Lucio Costa e Oscar Niemeyer e fotografou Brasília. Continuou sua pesquisa sobre o patrimônio moderno em Chandigarh e apresentou a exposição BRASILIA | CHANDIGARH nas principais cidades da Índia em 2008-09, como tambem na cidade de Firminy na França em setembro 2010.
Co-autor do livro “BRASILIA, l’épanouissement d’une capitale”. Membro da organização Globe Vision. (Portfólio : www.imaginals.com).