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Mostra celebra a longa relação do coletivo com o Masp, constatado pela grande quantidade de obras comissionadas aos artistas desde 2017 por ocasião de diferentes exposições e projetos no Museu
O MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), fundado em 2013, é um coletivo de artistas baseados entre o município de Jordão e a aldeia Chico Curumim, na Terra Indígena Kaxinawá (Huni Kuin) do rio Jordão, estado do Acre. Atualmente, o MAHKU é um dos principais agentes no cenário da arte contemporânea brasileira em geral e, em particular, indígena.
Seu início remonta ao final da década de 2000, quando algumas lideranças do povo Huni Kuin, especialmente Ibã e três de seus filhos, Acelino, Bane e Maná, começaram a realizar oficinas para registrar em desenhos os cantos, os mitos e as práticas huni kuin. Muitas das obras do MAHKU são traduções visuais dos cantos huni meka, conhecimento tradicional que acompanha os rituais de nixi pae com a bebida da ayahuasca – uma espécie de chá com potencial alucinógeno preparado com plantas amazônicas e utilizado há séculos por diversos povos na América do Sul.
As experiências visuais provocadas pela bebida – denominadas mirações, título desta exposição – são a matéria-prima principal para os trabalhos dos integrantes do MAKHU. As pinturas e os desenhos também figuram narrativas míticas e histórias ancestrais sobre o surgimento do mundo e a divisão entre as espécies – elementos fundamentais para a vida do povo Huni Kuin, a produção de sua humanidade e sua relação com os outros animais, vegetais e seus espíritos.
A mostra MAHKU: Mirações marca os dez anos do surgimento oficial do grupo. A exposição também celebra a longa relação do coletivo com o MASP, constatado pela grande quantidade de obras comissionadas aos artistas desde 2017 por ocasião de diferentes exposições e projetos no Museu. Esta é a maior exposição já realizada com o coletivo, reunindo 108 trabalhos – dos quais 58 pertencem ao MASP –, entre pinturas, desenhos e esculturas. Incluem-se ainda três novas telas produzidas especialmente para a mostra, bem como uma pintura realizada nas icônicas escadas do Museu.
Nesta mais de uma década de produção, o MAHKU segue criando pontes entre os mundos indígenas e os não indígenas, entre o visível e o invisível. Ao se associar ao universo das exposições, o coletivo constrói caminhos sustentados para fortalecer seus modos de existência, fazendo circular jacarés, jiboias e a “bebida do cipó”, difundindo assim seus mitos, suas histórias e sua arte.
Fazem parte do MAHKU os artistas Acelino Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Batani Huni Kuin, Cleudo Huni Kuin, Nawa Ibã Neto Huni Kuin, Ibã Huni Kuin, Kássia Borges Karajá, Isaka Huni Kuin, Leone Huni Kuin, Maná Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Rita Huni Kuin, Tene Huni Kuin e Yaka Huni Kuin.
A mostra do MAHKU integra o ano da programação do MASP dedicado ao ciclo Histórias indígenas, que inclui exposições de Carmézia Emiliano, Paul Gauguin (1848-1903), Sheroanawe Hakihiiwe, Comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e Melissa Cody, além da grande exposição coletiva Histórias indígenas.
MAHKU: Mirações é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, e Ibã Huni Kuin, curador convidado.
Artista indígena pioneira no cenário brasileiro contemporâneo, Carmézia Emiliano (Maloca do Japó, Roraima, 1960) trabalha com pintura desde a década de 1990. Sua obra se concentra em representações de temas da cultura macuxi: festas, danças e brincadeiras associadas ao cultivo e consumo da mandioca e a seu cotidiano, paisagens com lagos, pássaros e outros animais, com destaque para o monte Roraima. Os macuxis habitam a região fronteiriça entre a Venezuela, a Guiana e o Brasil, e são mais de 30 mil só em nosso país, onde vivem na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, cenário de embates com o garimpo ilegal. Na pintura de Emiliano há muitos detalhes intrincados, interconectados e ritmados que compõem extraordinários retratos de uma sociedade comunitária dotada de uma forte consciência ecológica.
Carmézia Emiliano: a árvore da vida apresenta 34 pinturas, quatro delas pertencentes ao acervo do MASP e produzidas especialmente para o museu, que revelam a relação que a instituição vem desenvolvendo com a artista desde 2018. A mostra também inclui oito trabalhos inéditos realizados para a ocasião. O subtítulo da exposição parte de uma obra do MASP que referencia o mito da Wazaká, a Árvore da Vida: cortado por Makunaíma, seu tronco fez surgir o monte Roraima e espalhou as sementes culturais macuxi pelo mundo. Makunaína é uma divindade brincalhona disseminada pelo romance Macunaíma de Mário de Andrade (1893-1945), um marco do modernismo brasileiro. O monte Roraima é um tema recorrente na obra de Emiliano e uma metáfora da imortalidade ou da fertilidade, por meio da qual a vivacidade da árvore transformada em monte confirma a continuidade da vida no universo.
A exposição está organizada em sete núcleos, que abordam desde temas relacionados à subjetividade da artista e à representação da figura humana, até a vida em comunidade, manifestada em pinturas que mostram habitações coletivas e espaços de sociabilidade. Destacam-se, ainda, os registros da transmissão de saberes, as redes de apoio entre as mulheres e a relação de profundo respeito e cooperação com a natureza. Trata-se de uma obra fundamental para compreender modos de viver, pensar, representar e criar tão singularizados por Carmézia Emiliano, numa perspectiva mais ampla, diversa e plural da arte e da cultura brasileira.
Carmézia Emiliano: a árvore da vida é curada por Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP.
A mostra de Carmézia Emiliano integra o ano de programação do MASP dedicado às histórias indígenas, que inclui exposições do Movimento dos Artistas Huni Kuin (Mahku), Paul Gauguin (1848-1903), Sheroanawe Hakihiiwe, MASP Landmann e Melissa Cody, além da grande mostra coletiva Histórias indígenas.
Imagem divulgação [Masp]