Programação reúne filmes e vídeos, sendo um deles acerca da origem e o sentido da instalação “Eu, Você e a Lua”, obra exibida no MAM. Após sessões, acontece um bate-papo mediado por Antonio Gonçalves, com Eryk Rocha e José Augusto Ribeiro

Nos dias 01 e 02 dezembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo traz mais uma edição de sua Mostra de Filmes, desta vez com uma seleção da obra audiovisual de Tunga (1952 — 2016), exibida em sessões gratuitas no Auditório Lina Bo Bardi. Com curadoria de Antonio Gonçalves Filho e apoio do Instituto Tunga e da Millan, a mostra reúne registros de performances e filmes dirigidos pelo próprio artista e por cineastas como Eryk Rocha, Evandro Salles, Lúcia Helena Zaremba, Marian Lacombe, Murilo Salles, Shelagh Wakely, entre outros.

Gravado em 2015 e inédito das vistas do público, o filme dirigido pela documentarista francesa Marian Lacombe apresenta a origem e o conceito por trás da instalação Eu, Você e a Lua (2015), obra de Tunga exposta até 03 de março de 2024 na Sala de Vidro do MAM, com curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do museu. Composta por elementos recorrentes no vocabulário poético do artista, como garrafas de cristal, pedras e pratos presos em aros e hastes, a instalação é uma das últimas obras realizadas por Tunga.

Segundo Cauê Alves, “a Mostra de Filmes é uma oportunidade inédita de compreender tanto a trajetória de filmes feitos por Tunga como aqueles produzidos sobre ele. A partir da obra de Tunga apresentada na Sala de Vidro do MAM e da seleção de filmes, é possível mergulhar no universo simbólico e na poética de um dos artistas fundamentais da arte brasileira”.

O curador desta edição da Mostra, Antonio Gonçalves, explica que em Eu, Você e a Lua, e em muitas outras obras, Tunga faz alusão às histórias sobre Santo Agostinho e ao dogma da Santíssima Trindade.

“Essa obra monumental é uma síntese das preocupações filosóficas de Tunga. Ele conta como sua obsessão pelo aspecto antediluviano da Terra o levou a encontrar um tronco petrificado com mais de duas toneladas. Nessa representação alegórica da relação humana com o transcendental, em que dedos apontam simultaneamente para o céu e a terra, Tunga fecha um ciclo iniciado com a perturbadora obra ÃO (1981), apresentada na retrospectiva, que cobre toda a carreira do artista”, comenta Antonio Gonçalves Filho.

ÃO, inclusive, é uma das obras apresentadas na Mostra de Filmes. A programação ainda traz registros de performances icônicas de Tunga, como Xifópagas Capilares entre Nós e Almas Laminadas, ambas de 2007, e entrevistas inéditas do artista.

Entre as produções assinadas por Shelagh Wakely, escultura e videomaker inglesa, o espectador pode ver os bastidores da montagem de À La Lumière de Deux Mondes (2005), obra que Tunga exibiu no Museu do Louvre, em Paris. Ele foi, inclusive, o primeiro artista brasileiro a expor no museu parisiense.

“Shelagh, que conheceu Tunga em 1989, durante uma exposição do artista na Whitechapel Gallery, em Londres, tornou-se sua amiga e de muitos brasileiros que recebeu em sua casa londrina em Kentish Town. Também é dela o registro em vídeo de Lucido Nigredo na Bienal de Lyon do ano 2000”, conta Antonio Gonçalves, que conheceu o artista em 19XX e manteve uma relação de amizade desde então.

A lista completa dos filmes que compõem a mostra está disponível no site do MAM São Paulo (clique aqui).

Após as sessões no Auditório Lina Bo Bardi, no MAM, acontecerá um bate-papo mediado pelo curador desta edição da mostra, Antonio Gonçalves, com o cineasta e documentarista Eryk Rocha e o curador e crítico de arte José Augusto Ribeiro.

Sobre o artista

Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, o Tunga, nasceu em 1952, em Palmares, Pernambuco, viveu e trabalhou no Rio de Janeiro. Foi o primeiro artista contemporâneo a exibir sua obra na pirâmide do Louvre, além de ter participado de exposições como a Bienal de Veneza, em 1982, e Documenta de Kassel, em 1992. Hoje o trabalho do artista está nos acervos do MoMA, em Nova York; do Museum of Fine Arts de Houston; do Centre Pompidou, em Paris; do Barcelona Museum of Contemporary Art, e da Tate Modern, em Londres.

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Sobre o Instituto Tunga

Criado em 2017 logo após o falecimento do artista, o Instituto Tunga é uma entidade sem fins lucrativos cujo objetivo é estudar, preservar e difundir o legado do artista. Fundado por seu filho Antônio Mourão, diretor executivo, e por Clara Gerchman, gestora do acervo, o Instituto Tunga transformou em realidade uma vontade que o artista manifestava em vida. O Instituto Tunga é formado por uma equipe de profissionais composta por pesquisadoras, museólogas, montadores, arquivista, bibliotecária e gestores que cuidam do acervo que Tunga deixou, contemplando desde as obras de arte até seus materiais e ferramentas de trabalho, cadernos de anotações, fotografias, cromos, publicações e uma importante biblioteca do artista.

Serviço

Mostra de filmes no MAM: Tunga

Curadoria: Antonio Gonçalves Filho
Data: 01 e 02 (sexta e sábado) de dezembro de 2023
Local: Auditório Lina Bo Bardi no MAM São Paulo
Programação (em ambos os dias):

15h — início da sessão

17h — conversa com Eryk Rocha e José Augusto Ribeiro, mediada por Antonio Gonçalves Filho

Gratuito
Ingressos clicando aqui.
Classificação indicativa: 12 anos
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº — Parque Ibirapuera, Portões 2 e 3
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h. Gratuito aos domingos
Telefone: (11) 5085-1300

www.mam.org.br/