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Uma obra que leva ao limite as possibilidades do gênero biográfico

Poucas figuras públicas foram mais brasileiras do que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Chegando ao Brasil logo após a Segunda Guerra, ela se afeiçoou à cultura brasileira de tal maneira que se tornou uma de suas principais intérpretes, capaz de uma leitura das tradições locais ao mesmo tempo rigorosa e abrangente.

Crítico de arquitetura e ensaísta de mão-cheia, Francesco Perrotta-Bosch examina a trajetória dessa artista brilhante à luz da seguinte questão: como uma estrangeira foi capaz de enxergar tanto de um país que não era o seu, a ponto de traduzi-lo para os próprios brasileiros?

Bastariam três projetos para que ela inscrevesse seu nome no panteão da arquitetura brasileira: o Masp e o Sesc Pompeia, ambos em São Paulo, e o Solar do Unhão, em Salvador. Mas sua trajetória vai muito além desses prédios icônicos. Ela se envolveu com teatro, cinema, deu aulas na universidade. Trazia na bagagem a formação erudita dos círculos letrados de Milão, mas não via hierarquia entre uma tela de Giorgio De Chirico e um brinquedo de madeira feito à mão nos rincões da Bahia.

Para Lina Bo Bardi, tudo poderia ser projetado, da arquitetura às páginas de revistas, de instituições culturais aos cardápios, dos acontecimentos às recordações. Tudo ela quis decidir — até mesmo seu país.

Lina tinha horror à oficialidade e aos ritos sociais da vida burguesa. Foi comunista, teve papel importante no combate ao regime militar, mas era também a senhora de uma majestosa casa modernista no Morumbi e esposa de Pietro Maria Bardi, o todo-poderoso escolhido por Assis Chateaubriand para criar e gerir o Museu de Arte de São Paulo.

Com base em pesquisa extensa, minucioso levantamento de fontes inéditas, calcado em dezenas de entrevistas, bibliografia brasileira e italiana, mas sobretudo narrado com leveza e numa estrutura temporal engenhosa, este livro leva ao limite as possibilidades do gênero biográfico.

Como a obra de Lina, é denso, alegre e sedutor.

Sobre o autor

Francesco Perrotta-Bosch nasceu no Rio de Janeiro, em 1988. É arquiteto pela PUC-Rio, mestre e doutorando pela USP. Em 2013, venceu o prêmio de ensaísmo da revista Serrote com “A arquitetura dos intervalos”.

Dizem por aí:

“Achillina Bo. Lina. Lina Bo Bardi. Dona Lina. A personagem prismática dá-se a ver nestas páginas em retrato que, sob luz intensa, exibe planos simultâneos, traços inesperados, ângulos elegantíssimos, ásperos. Deste livro nossos olhos saem mais limpos, porque a verdade de sua personagem — falo de política e de moral, de arte e de liberdade — não é menos que isto: cristalina.”
— Eucanaã Ferraz

“Mais do que nunca no Brasil é necessário rememorar Lina. Não a ilustre figura, mas sobretudo a fabulosa mulher. Francesco o faz lucidamente! Tece uma biografia criteriosa e afetiva entrelaçando história e relatos da vida vivida. Um sopro de ar, em tempos sombrios.”
— Marta Bogéa

“Lina Bo Bardi trocou a Europa arrasada pela guerra por um país ‘sem nenhum traço de índole civilizatória’. Ela reconheceu na miséria nacional a beleza daquilo que é útil, abolindo a fronteira entre artesanato e arte, antropologia e arquitetura. Numa hora tão perdida, essa biografia vem nos lembrar do extraordinário Brasil que Lina, um dia, vislumbrou.”
— Fernanda Torrres

“Francesco Perrotta-Bosch cria uma narrativa caleidoscópica, segundo a qual significativas passagens da vida e da obra de Lina Bo Bardi vão sendo montadas em ordem não linear. Afinal, como defendia a própria arquiteta, o tempo é um maravilhoso emaranhado de acontecimentos sem começo nem fim.”
— Guilherme Wisnik

Um trecho

— Eu disse que o Brasil é meu país de escolha e, por isso, meu país duas vezes. Eu não nasci aqui, escolhi este lugar para viver. Quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu escolhi o meu país.

Cada palavra era articulada de modo claro. Pausado. O tom da voz continha algo de melódico, mas não que fosse afinado. Os erres não eram expressos de modo forçado, porém claramente bem marcados sempre que fossem uma letra intermediária da palavra falada. Também não havia substituição do “l” pelo “u” ao pronunciar a palavra “Brasil”. A fala poderia se assemelhar a um eloquente discurso ufanista, mas, quando emitida com um peculiar sotaque italiano, não soava patriótica. Queria sim rememorar, ao seu interlocutor e a si mesma, o encantamento inicial da descoberta de um “país inimaginável”.

Lina Bo Bardi tinha atravessado o oceano Atlântico seis anos e meio antes da data em que renunciara à nacionalidade do país onde nascera, tornando-se brasileira.

Dados técnicos

Lançamento
7 de maio de 2021

Gênero
Não ficção brasileira

Categoria
Biografia

Capa
Daniel Trench

Páginas
576

Formato
15,7 × 23,0 × 3,55 cm

Peso
0,900 kg

Preço
R$ 89,90

ISBN
978-65-5692-128-0

Preço e-book
R$ 34,90

E-ISBN
978-65-5692-130-3

<br />Imagem divulgação  [Todavia]


Imagem divulgação [Todavia]

Lina: uma biografia

source
Editora Todavia
São Paulo

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