Manual básico para a elaboração e para o uso da Carta Geotécnica
Manual básico para a elaboração e para o uso da Carta Geotécnica
Álvaro Rodrigues dos Santos
Rudder, São Paulo; 1ª edição, 2014
edition:
paperback
112 p
15 x 21 cm
illustrated
fullcolor
ISBN
978-85-68709-00-9
about the book
Além dos trágicos desastres associados a enchentes e deslizamentos, mais conhecidos por sua ampla repercussão jornalística, as cidades brasileiras arcam com vários outros graves e crônicos problemas decorrentes de erros técnicos cometidos na ocupação de espaços urbanos. Ocorrendo de uma forma mais difusa, mas não menos deletéria do ponto de vista econômico, social e ambiental, destacam-se entre esses problemas: abatimentos e recalques de terrenos com comprometimento de edificações de superfície, solapamentos de margens de cursos d’água, colapso de obras superficiais e subterrâneas, patologias diversas em fundações e estruturas civis, contaminação de solos, contaminação de águas superficiais e do lençol freático, deterioração precoce de infraestrutura urbana, acidentes ambientais, degradação do meio físico geológico e hidrológico etc.
Principal ferramenta para o acerto das relações técnicas da cidade com seu meio físico geológico, a Carta Geotécnica é um documento cartográfico que informa sobre o comportamento dos diferentes compartimentos geológicos e geomorfológicos homogêneos de uma área frente às solicitações típicas de um determinado tipo de intervenção, como a urbanização, por exemplo, e complementarmente indica as melhores opções técnicas para que essa intervenção se dê com pleno sucesso técnico e econômico.
A Carta Geotécnica se destaca, portanto, como uma ferramenta de caráter preventivo e de planejamento. Ela provê aos administradores públicos as informações necessárias para não ocupar áreas de alta potencialidade natural a eventos geotécnicos e hidrológicos potencialmente destrutivos e a utilizar as concepções urbanísticas e as técnicas construtivas mais adequadas para a ocupação de áreas com restrições geológicas, mas potencialmente urbanizáveis.
No entanto, a adesão espontânea das administrações públicas brasileiras, especialmente no que diz respeito ao âmbito municipal, na elaboração e uso da Carta Geotécnica tem sido ínfima, praticamente nula, pelo que se compreende a trágica multiplicação e sucessão de problemas urbanos gravíssimos.
Mais recentemente, justamente como decorrência do recrudescimento de inúmeras tragédias associadas a deslizamentos e enchentes por todo o país, várias iniciativas no âmbito do poder público e do meio técnico afim acabaram por consolidar o entendimento sobre a imprescindibilidade de aplicação de instrumentos técnicos de caráter preventivo e de planejamento, única forma de se estancar a geração de novas situações de risco e de se reduzir os variados tipos de problemas advindos de uma má adequação das técnicas de urbanização às características geológicas dos terrenos que vão gradativamente sendo ocupados pelas cidades brasileiras. O documento símbolo dessa atitude marcada pela ótica da prevenção e do planejamento é a Carta Geotécnica. Reforçando essa preocupação seguidas legislações, como a Lei Federal nº 12.608, o Estatuto das Cidades e até Planos Diretores mais atualizados, vem estabelecendo a elaboração e o uso da Carta Geotécnica como providências obrigatórias para os municípios brasileiros.
No âmbito dessa virtuosa perspectiva, tem esse Manual o objetivo de colaborar para a consolidação dos aspectos conceituais e metodológicos envolvidos na elaboração e no uso das Cartas Geotécnicas. Esse desejado status normativo constitui condição essencial para que o meio técnico brasileiro, especialmente seus geólogos, engenheiros geotécnicos, geógrafos e arquitetos, se lance à produção e ao uso dessas cartas no patamar quantitativo e qualitativo que as necessidades do país impõem.
about the author
Álvaro Rodrigues dos Santos
Geólogo, ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia, autor dos livros e consultor na área de geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente.