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reviews online ISSN 2175-6694


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A resenha biográfica escrita por Abilio Guerra trata da trajetória profissional dos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz, titulares do escritório Brasil Arquitetura e responsáveis por projetos arquitetônicos marcantes na área cultural.

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GUERRA, Abilio. Sobre o escritório Brasil Arquitetura. A obra maior de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz. Resenhas Online, São Paulo, ano 15, n. 180.04, Vitruvius, dez. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/16.180/6333>.


O portal Vitruvius tem há muitos anos publicado material – entrevistas, resenhas de livros, críticas, projetos etc. – referente à produção do escritório Brasil Arquitetura, capitaneado por Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz (1). A dupla de arquitetos é conhecida e reconhecida no Brasil e no exterior como especialista em projetos de intervenção em edifícios preexistentes e em projetos com programas institucionais – museu, estação, prefeitura, complexo cultural etc. – e tem sido merecedora de diversos prêmios de Bienais nacionais e internacionais e do Instituto de Arquitetos do Brasil, com seus projetos publicados em revistas e livros no Brasil e exterior. Assim, estar nas páginas de nosso portal não é uma gentileza ou uma idiossincrasia pessoal, mas uma obrigação que os editores, eu e Silvana Romano Santos, nos colocamos ao priorizar a excelência do projeto arquitetônico e os fundamentais desdobramentos relacionados à sua finalidade social. Nossa mais recente publicação de obra de Fanucci e Ferraz foi sobre o Instituto Socioambiental – ISA, São Gabriel da Cachoeira AM.

Instituto Socioambiental – ISA, São Gabriel da Cachoeira AM, escritório Brasil Arquitetura
Foto Daniel Ducci

Em algumas ocasiões estive diretamente envolvido com os dois arquitetos – ambos com trajetória de primeira grandeza, com participações diversas não só no campo específico da arquitetura, mas também nas áreas da cultura e da educação –, tanto em situações onde o que estava em questão eram as qualidades arquitetônica, urbanística, técnica, institucional e social de suas conhecidas obras, como em encontros presenciais sobre temas da arquitetura. Um destes foi em 2014, quando ao lado de Marcelo Carvalho Ferraz e Silvana Barbosa Rubino participei do debate “Lina Bo Bardi: além das cidadelas” na Bienal do Livro de São Paulo (2). Eu, na condição de editor de livro sobre a obra da arquiteta ítalo-brasileira (3); Rubino, como autora de livro sobre o mesmo tema (4); Ferraz como estagiário, colaborador e parceiro de projetos de Lina Bo Bardi por duas décadas. Além desse encontro, o último ocorrido em público, muitas outras situações me aproximaram dos arquitetos e de sua obra.

Teatro Polytheama, Jundiaí SP, escritório Brasil Arquitetura
Foto Nelson Kon

Em primeiro lugar, menciono que, como reconhecimento da importância dos projetos do Brasil Arquitetura para a discussão teórica e prática do restauro e preservação do patrimônio arquitetônico, sugeri alguns projetos exemplares – Teatro Polytheama (Jundiaí SP, 1995-1996), Conjunto KKKK (Registro SP, 1996-2001), Museu Rodin Bahia (Salvador BA, 2002-2006) e Museu do Pão (Ilópolis RS, 2005-2007) – como tema de trabalho acadêmico que orientei na universidade, que resultou em excelente mestrado com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp):  Brasil Arquitetura: memória e contemporaneidade. Um percurso do Sesc Pompéia ao Museu do Pão, de Patrícia Viceconti Nahas, de 2009 (5). Neste trabalho é possível constatar a enorme expertise dos arquitetos em relação ao tema da intervenção em subsistências, experiência que se origina, no caso específico de Marcelo Ferraz, no contato direto com Lina Bo Bardi (Recuperação do Centro Histórico, Salvador; Sesc Pompéia, São Paulo).

Museu Rodin Bahia, Salvador BA, escritório Brasil Arquitetura
Foto Nelson Kon

Uma segunda situação memorável foi o convite que recebi da escola de arquitetura da Universidad San Francisco, na figura do seu diretor, arquiteto Diego Oleas, para organizar a décima edição do Foro Internacional de Arquitectura de Quito. As edições anteriores do evento tinha como tema países específicos – Portugal, em 2008; Espanha, em 2007; México, em 2006 – e no ano de 2009 o país selecionado havia sido o Brasil. A mim caberia a montagem do escopo geral, mostrando a qualidade da arquitetura brasileira, com seleção de participantes e temáticas, que foram os seguintes: Abilio Guerra (panorama da arquitetura contemporânea brasileira), Marta Bogéa (projetos contemporâneos no Brasil), Mauro Munhoz (Museu do Futebol e FLIP – Feira Literária Internacional de Paraty), Carlos Teixeira (projetos de intervenções efêmeras), Luiz Carlos Toledo (projeto de reurbanização da favela da Rocinha), Marcos Acayaba (experimentos técnicos em arquitetura), e, por fim, a dupla Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, com quatro projetos arquitetônicos para programas culturais, dentre eles o premiadíssimo Museu do Pão em Ilópolis (6).

Museu de Igatu, Andaraí BA, escritório Brasil Arquitetura
Imagem divulgação

Em 2010, o arquiteto e designer Ricardo Ohtake me propiciou o terceiro encontro com a obra do Brasil Arquitetura. Convidado para ser curador da primeira exposição da série Arquitetura Brasileira, fiz a proposta – que foi aceita de forma entusiasmada pelo Instituto Tomie Ohtake – de fazer um percurso pela história da arquitetura brasileira tendo como elo uma visão de mundo que habita nossa arquitetura desde sua origem nos anos 1930: a adaptação dos princípios modernos europeus às condições civilizacionais, culturais e climáticas locais, onde se observa algumas constantes: a preservação do meio natural e seu uso como suporte paisagístico; a liberação e a pouca interferência no solo; a incorporação de tipologias tradicionais; a reinterpretação de elementos construtivos vernaculares de proteção climática, como treliçados, beirais, venezianas etc. Desta rica genealogia – aonde se destacam projetos magníficos da invenção brasileira, como a Vila Serra do Navio, de Oswaldo Bratke, o conjunto residencial para operários da CBMM em Araxá, do escritório Rino Levi, e o Parque Guinle e a Superquadra de Brasília, ambos do próprio Costa – faz parte, ao menos eu penso assim, o Museu de Igatu, em Andaraí no interior da Bahia (7).

Uma quarta conexão com a obra de Fanucci e Ferraz me foi possível em decorrência da minha condição de delegado brasileiro na VII Bienal Iberoamericana de Arquitetura, ocorrida em Medellín, Colômbia, em 2010. Coube a mim a formação de uma comissão de seleção para escolher as dez obras construídas que representariam o Brasil no evento, que ficou assim constituída: Abilio Guerra (delegado brasileiro), Ana Luiza Nobre, Andrey Rosenthal Schlee, Carlos Eduardo Dias Comas, Fabio Duarte, Luciana Guimarães Teixeira, Maria Isabel Villac, Sonia Marques e Vanessa Borges Brasileiro. Dentre as obras selecionadas estava o projeto do Museu do Pão, com a adequação do edifício histórico Moinho Colognese, em Ilópolis RS. Além da presença do projeto em exposição dos melhores projetos da Iberoamérica, coube a Marcelo Ferraz uma das conferências principais (8).

Museu do Pão, Ilópolis RS, escritório Brasil Arquitetura
Foto Nelson Kon

A quinta relação com a obra do escritório Brasil Arquitetura ocorreu em exposição no Sesc Pompéia, em 2012, da qual fui curador ao lado da arquiteta Marta Bogéa. No texto curatorial, afirmamos que no projeto da Praça das Artes “os novos edifícios se ajustam aos antigos, deixando livre o miolo de quadra, um espaço público aberto que articula passagens das três ruas que cercam o complexo” (9). A criativa implantação desenvolvida pelos arquitetos – a partir da concepção inicial de Marcus Cartum, arquiteto da prefeitura – resulta em edificações que abrigam a contento os usos propostos e, nos seus interstícios, ofertam espaços públicos qualificados para o uso da coletividade. A exposição destacou este aspecto, em especial seu rebatimento nos múltiplos usos resultantes da ocupação destes espaços pela população. A mostra ainda contava com as presenças do Caminho dos Moinhos, proposta de recuperação de antigas construções da cultura italiana no interior gaúcho e sua reutilização com finalidades culturais e turísticas, e do Centro de Interpretação do Pampa, em Jaguarão, Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, ambos excelentes ideias ainda na condição de projetos. 

Centro de Interpretação do Pampa, Jaguarão, RS
Imagem divulgação

A sexta ocasião é minha participação no júri de arquitetura – ao lado dos colegas arquitetos e críticos de arquitetura Fernando Serapião, Guilherme Wisnik, Maria Isabel Villac, Mônica Junqueira de Camargo, Nadia Somekh e Renato Anelli – da Associação Paulista de Críticos de Arte, que outorga o mais tradicional prêmio artístico brasileiro. A Praça das Artes mereceu o prêmio APCA 2012 na categoria “Obra de arquitetura” e o texto do júri justifica a distinção destacando a enorme relevância do programa, além de três aspectos distintos do projeto: “do ponto de vista programático, o resultado final é um complexo que mescla as atividades culturais e a vitalidade própria do centro urbano”; “do ponto de vista arquitetônico, se estabelece um profícuo diálogo entre o novo e o antigo, tema recorrente na obra do Brasil Arquitetura”; “do ponto de vista urbanístico, a quadra aberta funciona como peça de ajuste entre os urbanismos clássico e moderno presentes no arruamento e quadrícula tradicionais e na grande plataforma de concreto do Vale do Anhangabaú” (10). A relevância do projeto foi igualmente destacada no texto do júri que justifica assim o prêmio na categoria “Cliente/promotor” para Carlos Augusto Calil, secretário da cultura da cidade de São Paulo na ocasião: “criou o conjunto chamado Praça das Artes a partir do Conservatório Dramático e Musical” (11).

Praça das Artes, São Paulo SP, escritório Brasil Arquitetura
Foto Nelson Kon

Por fim, a sétima ocasião foi a conferência que proferi em Bogotá, Colômbia, durante a realização do 15º Seminario Latinoamericano de Arquitectura – SAL, em 2013. Na ocasião, desenvolvendo o tema “Comunicación y Crítica”, apresentei apenas dois projetos brasileiros realizados em anos recentes, que considero os mais importantes enquanto obras arquitetônicas de interesse social. A Praça das Artes, dos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz, titulares do Brasil Arquitetura, e a Biblioteca Mindlin construída na Cidade Universitária da USP, projeto dos arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Loeb, são os dois projetos que apresentei para um enorme público em Bogotá. Na plateia estava o editor Fernando Diez, que me convidou a publicar o texto na revista Summa+, por ele dirigida (12).

Assim, a partir desses episódios que me colocaram diante de Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz e das obras que realizaram, só posso destacar a expertise dos arquitetos e a qualidade excepcional dos projetos desenvolvidos pelo escritório Brasil Arquitetura, qualidade que não se alcança sem enorme determinação nos estudos, pesquisas e desenvolvimentos nas áreas técnica, cultural e artística. A obra que assinam dignificam a profissão por participarem com destaque na evolução da arquitetura brasileira moderna e contemporânea, que forma ao lado da música as duas artes brasileiras mais reconhecidas no exterior.

notas

1
BERTHO, Beatriz Carra. Conversa com Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz. A trajetória do Brasil Arquitetura. Entrevista, São Paulo, ano 12, n. 045.01, Vitruvius, jan. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/12.045/3725>; SEGAWA, Hugo. Brasil Arquitetura: convívio entre o contemporâneo e o tradicional. Resenhas Online, São Paulo, ano 05, n. 060.01, Vitruvius, dez. 2006 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.060/3123>; ASTORGA GARROS, Jorge. Archeiros. Sobre o lançamento dos livros de Marcelo Ferraz e Cyro Lyra no Paço Imperial. Resenhas Online, São Paulo, ano 16, n. 179.03, Vitruvius, nov. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/16.179/6279>; OLIVEIRA, Raíssa de. Marcelo Ferraz. Entrevista, São Paulo, ano 08, n. 030.02, Vitruvius, abr. 2007 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.030/3295>; PORTAL VITRUVIUS. Praça das Artes. Projetos, São Paulo, ano 13, n. 151.03, Vitruvius, jul. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820>; GUERRA, Abilio. Praça das Artes. Complexo arquitetônico brasileiro começa a ser reconhecido no exterior. Minha Cidade, São Paulo, ano 14, n. 161.02, Vitruvius, dez. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.161/4984>; PORTAL VITRUVIUS. Sede do Instituto Socioambiental – ISA. Projetos, São Paulo, ano 16, n. 191.01, Vitruvius, nov. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/16.191/6284>.

2
GUERRA, Abilio; RUBINO, Silvana; FERRAZ, Marcelo. Debate “Lina Bo Bardi: além das cidadelas”. Salão de Ideias, Bienal do Livro São Paulo. Promoção Sesc São Paulo, 31 ago. 2014.

3
OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi. Sutis substâncias da arquitetura. São Paulo, Romano Guerra/Gustavo Gili, 2006.

4
RUBINO, Silvana; GRINOVER, Marina (Orgs.). Lina por escrito. Textos escolhidos de Lina Bo Bardi. Coleção Face Norte, volume 13. São Paulo, Cosac Naify, 2009.

5
NAHAS, Patrícia Viceconti. Brasil arquitetura: memória e contemporaneidade. Um percurso do Sesc Pompéia ao Museu do Pão (1977-2008). Dissertação de mestrado. Orientador Abilio Guerra. São Paulo, FAU Mackenzie, 2009 <www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=157125>.

6
GUERRA, Abilio. Los diez de Quito. Arquiteturismo, São Paulo, ano 03, n. 025.04, Vitruvius, mar. 2009 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/03.025/1503>; OLEAS SERRANO, Diego; GUERRA, Abilio (Org.) . Brasil – Documentos del Colegio de Arquitectura de la UFSQ. Quito, El Colegio de Arquitectura de la Universidad San Francisco de Quito, 2010.

7
GUERRA, Abílio. Arquitetura brasileira – viver na floresta. São Paulo, Instituto Tomie Ohtake, 2010.

8
PORTAL VITRUVIUS. Resultado da seleção de obras brasileiras para a Bienal Iberoamericana. Notícias, 16 abr. 2010  <www.vitruvius.com.br/index.php/jornal/news/read/85>; PORTAL VITRUVIUS. Inicia a VII Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo. Notícias, 12 out. 2010 <www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/428>.

9
BOGÉA, Marta; GUERRA, Abilio. Algo muito humano além de belo. Exposição Território de Contato (módulo 1). Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 144.00, Vitruvius, maio 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.144/4365>.

10
GUERRA, Abilio. Prêmio APCA 2012 – Categoria “Obra de arquitetura”. Premiado: Praça das Artes / Brasil Arquitetura e Marcos Cartum. Drops, São Paulo, ano 13, n. 063.08, Vitruvius, dez. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4629>.

11
WISNIK, Guilherme. Prêmio APCA 2012 – Categoria “Cliente / promotor”. Premiado: Carlos Augusto Calil / Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Drops, São Paulo, ano 13, n. 063.07, Vitruvius, dez. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4619>.

12
GUERRA, Abilio. Universidad y crítica de arquitectura en Brasil. Summa+, Buenos Aires, n. 134, 2014, p. 94-99.

sobre o autor

Abilio Guerra é arquiteto, professor, curador, editor do portal Vitruvius e membro da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA.

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