Thomaz Farkas
Thomaz Farkas
Eder Chiodetto (Org.)
Ipsis, São Paulo; 1ª edição, 2015
edition:
hardcover
220 p
14 x 16 cm
700 g
illustrated
B&W
photos
ISBN
978-859874185-7
about the book
Fotógrafo incontornável da nossa história, Thomaz Farkas [1924 - 2011] teve uma produção multifacetada, conectando de forma vigorosa a fotografia documental com o experimentalismo dos fotoclubes, além de sua produção como cineasta.
Para o quarto volume da Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira, lançado na ocasião dessa exposição, selecionamos do vasto acervo do fotógrafo, atualmente sob guarda do Instituto Moreira Salles, trabalhos que flagram a cidade de Brasília em dois momentos: a construção e inauguração, entre 1958 e 1960, e também fotografias realizadas 40 anos depois, em 1998 e 2000.
Se à época da construção e inauguração de Brasília o interesse de Farkas já estava nitidamente direcionado ao Núcleo Bandeirante, aos “candangos”, às suas moradias improvisadas e ao comércio popular, ao invés da monumentalidade da arquitetura de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, o mesmo ocorreu no seu retorno em 1998 e 2000. Em entrevista ao Correio Braziliense em 2000, Farkas disse: “a cidade mudou nas aparências. Mas, para o povo, a vida continua praticamente a mesma.”
Ao contrário de outros célebres fotógrafos que documentaram Brasília embotados pela exuberância da arquitetura, Farkas optou por um viés antropológico. Isso o levou a ver de forma bastante crítica a relação do homem com aquele novo espaço - tão grandiloquente quando negligente com a população que viveria à margem do eixo monumental. É triste e curioso notar que, mesmo com intervalo de 40 anos, as imagens realizadas na periferia do Distrito Federal são cruelmente semelhantes. A falta de infra estrutura, asfalto, saneamento básico não se alteraram.
Farkas sempre praticou a fotografia dentro do cânone da subversão, do não conformismo com os discursos oficiais e negligentes. Porém, assim como na imagem da gambiarra no Congresso (capa do livro), a crítica surge revestida pelo humor e elegância que sempre marcaram a sua trajetória.
Diante dos camelôs que se ajeitam como podem entre estruturas de concreto armado, Farkas escolhe celebrar a pulsão de vida que revigora o espaço de convívio em vez de destilar discursos inflamados. A fotografia silenciosa e ao mesmo tempo vigorosa é o seu libelo.
about the author
Eder Chiodetto
É jornalista e fotógrafo