about the book

O Livro analisa a cidade de São Paulo como um organismo vivo e estuda a relação com seus habitantes, apontando desafios e soluções da vida na metrópole

Compreender uma metrópole é como esmiuçar uma história, observar seu caminhar. É preciso entender os personagens que a criam e a transformam. O arquiteto Jorge Wilheim partiu da premissa de que a vida urbana se assemelha ao teatro - no qual as estruturas físicas são o palco e os habitantes atores – para escrever São Paulo: uma interpretação (Editora Senac São Paulo), com lançamento marcado para o dia 15 de março, às 19 horas, na Livraria da Vila – Al. Lorena.

A ideia da obra surgiu a partir da releitura de Projeto São Paulo, escrito pelo arquiteto em 1982. Inicialmente, a intenção era publicar uma edição revista e ampliada do título. Wilheim decidiu, entretanto, escrever um novo livro, com um olhar diferente sobre a vida da cidade. Nele, discute algumas propostas da edição antiga (algumas ainda não implementadas), mas, sobretudo, faz uma abordagem sociológica, estudando como o indivíduo molda a metrópole ou é moldado por ela. “Para entender o fenômeno urbano é necessário dar amplitude ao pensamento, aceitar e refletir sobre a percepção intuitiva, usar a imaginação que abre perspectivas ousadas e jogar neste caldo os dados que dão precisão”, afirma o autor.

Entre as questões levantadas por Wilheim estão: Até que ponto os cidadãos se servem (ou são servidos) da estrutura física à disposição de seus anseios?; Em que medida a estrutura acolhe, sustenta e alimenta os múltiplos e pessoais sistemas de vida que constituem a vida urbana paulistana?; Quais as carências e onde estão?; De que modo poderia ser melhorado o ambiente em que vive o paulistano?; Como garantir que a cidade de São Paulo seja apropriada de maneira mais justa e mais democrática?.

Ao repassar a história da cidade, desde sua fundação até os dias atuais, Wilheim interpreta a metrópole não só pelos aspectos físicos, mas também sob o viés da vida urbana e das pessoas que dela fazem parte. Para isso, investiga o passado de São Paulo - que até o século XIX era apenas uma vila pobre, limitada por uma colina plana entre dois rios-, e busca identificar raízes, estabelecendo conexões com os tempos de hoje e com a cidade moderna.

Para esmiuçar a vida cotidiana da capital paulista e compreender as dinâmicas das transformações por que passaram os palcos ali construídos, o autor analisa seus habitantes, sob o enfoque das principiais características culturais, como a miscigenação – que permitiu o convívio com o diverso – e as mobilidades espacial e social – que deram liberdade de penetrar na vasta amplitude territorial e a possibilidade de ascensão. Wilheim analisa também como se deu a exploração mobiliária, que tornou a metrópole excludente, especialmente, ao final do século XX, quando surgiram os bairros sem vida comunitária e, mais tarde, os condomínios murados.

O último capítulo é dedicado às propostas pontuais para a construção de uma São Paulo mais sustentável e justa.  São destacados alguns pontos como habitação, segurança, civilidade, direitos humanos, transporte, infraestrutura e serviços. Entre as sugestões de Wilheim estão: criação de políticas de transferência de renda que diminuam o distanciamento entre as classes sociais; implantar a progressividade da tributação territorial; criar e implementar a renda básica da cidadania; criar impostos sobre grandes fortunas; resgatar o poder regulador do estado; estabelecer incentivos para a melhoria da qualidade arquitetônica do setor habitacional, evitando a paisagem massificada das unidades; elaborar planos de bairros, através das subprefeituras, identificando suas peculiaridades e implementando os equipamentos socais e de lazer.

about the author

Jorge Wilheim
Arquiteto, autor de diversos projetos, criou cerca de vinte planos diretores, entre outros o de Curitiba, dirigiu a elaboração do Plano Diretor de São Paulo. Consultor internacional e conferencista em diversas universidades do exterior.

how to quote

WILHEIM, Jorge. São Paulo. Uma interpretação. São Paulo, Senac São Paulo, 2011.

comments