No Brasil, as construções em pedra datam do primeiro século da colonização, variando a técnica de aplicação das pedras conforme as argamassas em que são assentadas. Pedra seca, que dispensa argamassa e se obtém a acomodação das pedras maiores pela interpolação de pedras menores; pedra e barro, em que as pedras são assentadas em argamassa de terra; pedra e cal, em que a alvenaria é erguida com argamassa de cal e areia.
Nas Minas setecentistas, a pedra era de uso corrente na arquitetura, tendo sido aplicada na construção e na ornamentação de equipamentos e edifícios públicos, igrejas e residências tanto de pessoas abastadas quanto de pessoas das camadas populares.
Adobes são blocos de barro produzidos manualmente, em moldes preenchidos com barro compactado e secados ao ar livre, adquirindo maior resistência e permitindo que sejam assentados com argamassa de barro.
Já o pau a pique é a técnica que consiste em tomar troncos e galhos de madeira retos, que nas extremidades inferiores são fincados no chão e nas extremidades superiores são fixados a suportes horizontais – normalmente vigas que servem de suportes para a estrutura do telhado. Trata-se, por assim dizer, de uma grade de madeira cujas frestas são preenchidas por barro. A técnica do pau a pique pode apresentar uma variante na qual a madeira, em lugar de ser fincada no chão, apoia-se sobre um baldrame.
A taipa de pilão, que é outra técnica de construção do período colonial, consiste em amassar a terra umedecida com água dentro de moldes ou caixas compridas, sendo que paredes de taipa de pilão podem ter espessura de 50 a 60 centímetros.
Cidades coloniais inteiras foram erguidas em alvenaria de pedra, adobe, taipa de pilão e pau a pique. Este ensaio fotográfico mostra produtos desses sistemas construtivos tradicionais, resquícios da cultura material dos séculos 18 e 19 muito presentes em Mariana, Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina, em Minas Gerais.
fontes consultadas
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sobre o autor
Elio Moroni Filho é sociólogo e realiza estágio de pós-doutorado em História da Arte na Universidade Federal de São Paulo.