A casa ficou pronta no carnaval de 1964, pouco antes do golpe militar.

O condomínio Mirim-Açu junto a Represa de Ibiúna SP, foi projetado pelo Carlos Lemos no início dos anos 1960, com os lotes adquiridos por amigos e professores da USP. Sem muitos recursos, o grupo começou a adquirir e armazenar materiais de demolição.

As casas foram sendo construídas conforme a disponibilidade financeira dos proprietários e o Lemos ia projetando e construindo as casas com materiais simples utilizando-se de peças de demolição (caixilhos, portas, gradis, escadas, vitrais etc.), como o desenho de algumas portas com restos dos vitrais provenientes da demolição do Parque Balneário de Santos e assim por diante. Tudo com mão de obra local.

O resultado foi um conjunto de residências de um único autor, com casas de diversas tipologias e tamanhos, com o mesmo espírito de simplicidade com colagens criativas de elementos dos séculos 18, 19 e 20. Os desenhos dos fogões à lenha são famosos. O condomínio Mirim-Açu foi apelidado de “República de Ibiúna” na época do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Casa de Ibiúna, Toninho Sarasá e Carlos Lemos na sala de estar, 1964. Arquiteto Carlos Lemos
Foto Victor Hugo Mori, dez. 2005

sobre o autor

Victor Hugo Mori é arquiteto do Iphan São Paulo desde 1987. Autor de Arquitetura militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos (Imesp/Funceb, 2003) e organizador de Patrimônio: atualizando o debate (Iphan/Dersa, 2006).