O Museu Casa Juscelino Kubitschek consiste em um projeto de uma casa de fim de semana, feita para o próprio, na época em que administrava o município como prefeito que mais tarde, em 2013, passa a ser um museu casa, como forma de fomentar a preservação histórica, tornando-se um espaço cultural para visitação.
História
A Casa Juscelino Kubitschek, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, está localizada no Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Pampulha, servindo como residência de fim de semana do, na época prefeito da capital, Juscelino Kubitschek.
O tombamento foi aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – Conep em 30 de Junho de 2009 e inscrito nos Livros n. II, III e IV, respectivamente, do tombo de Belas Artes, do tombo Histórico, das obras de Artes Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos e do tombo das Artes Aplicadas.
Durante a gestão do prefeito Juscelino Kubitscheck, a Pampulha se tornou um grande projeto urbanístico na capital mineira, através de uma encomenda do prefeito JK ao arquiteto Oscar Niemeyer, pois pretendia com um conjunto de obras na margem da lagoa, incentivar a sociedade e criar novas formas de habitar um espaço. Mandou construir uma casa que seria utilizada para fins de semana em um terreno com vista privilegiada para a represa.
Construída em um terreno de amplas proporções, em aclive, a residência é feita de concreto armado, com empena sobre a varanda, o que traz um ar de arquitetura vernacular à edificação. Concluída em 1943, mesmo ano da inauguração do conjunto arquitetônico e paisagístico da Pampulha, teve seus jardins concebidos por Burle Marx.
O projeto da casa JK
A casa foi projetada por Oscar Niemeyer e construída entre 1940 e 1943. Com telhado em forma de asa de borboleta e planos inclinados. A Casa, que ocupa 680m² de um terreno de 2.800m², configura tipologia característica da arquitetura brasileira do modernismo, com referência a uma arquitetura vernacular brasileira.
Foi projetada para preservar a intimidade da família, objetivo alcançado tanto por meio da estratégia de recuo da casa para o fundo do terreno, quanto pela criação do jardim de Roberto Burle Marx na entrada da residência, que distancia a edificação da área pública e também com a setorização dos seus espaços internos.
No interior da casa a organização dos espaços e os detalhes na decoração, incrementada pelos painéis de Alfredo Volpi e Paulo Werneck, revelam os traços da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer e suas parcerias. A área social foi pensada para abrigar as salas de estar, jantar e de jogos; já a área de serviços, possuía cozinha, banheiro e dependência de funcionários e a área íntima, mais reservada, possuía três quartos, o banheiro se ligava ao quarto por uma porta extra com saída para a área da piscina.
Nos fundos da casa principal, próximo a piscina, foi construída uma casa menor, com três quartos, duas salas e um banheiro, que era utilizada por JK como escritório.
A visita contou com um trajeto guiado pela casa, que será explicitado a seguir.
Walkthrough pela Casa
Walkthrough consiste em um trajeto pela edificação, registrado através de fotografias e textos, como demonstrado a seguir.
O início do trajeto se dá pelos jardins frontais da casa, que destaca o riquíssimo projeto paisagístico de Burle Marx, como mostrado na figura a seguir.
A seguir, encontra-se a recepção da casa, com uma maquete que expõe toda a volumetria da construção e as técnicas utilizadas.
Após a recepção, o trajeto conduz o visitante a duas salas, sendo que uma delas leva também ao segundo pavimento.
Subindo a escada para o segundo pavimento, há uma exposição artística de mobiliário inspirado em artefatos indígenas.
A “Cadeira de beira de estrada” assinada por Lina Bo Bardi, por exemplo, une materiais simples e abundantes, como madeira e fibra, de maneira engenhosa e denota apreço da arquitetura pela cultura popular e pelo fazer vernacular. Lina, esperando o ônibus sob o sol do Nordeste, decidiu agregar os materiais que encontrou na região (informação encontrada no próprio local).
A seguir, encontram-se os quartos da casa, que representam claramente a arquitetura tradicional brasileira, com forte presença de madeira nobre, “pés palito” e formas simples.
Ao longo de todo o trajeto, é possível observar painéis pontuais de revestimentos do artista Portinari.
Móveis posicionados como obras de arte remetem aos objetos presentes nas décadas entre 1940 e 1960.
O banheiro – com seu espaço generoso e quantidade de peças sanitárias – remonta às casas tradicionalmente coloniais do Brasil: resultado da transição de estilos que acontecia na época.
Todo o trajeto conta com telas expositivas que explicam as origens e desenvolvimento de cada ambiente e móveis presentes.
Objetos e fotos antigas remontam aos hábitos da época em que foram preservados.
O pátio de fundos da Casa Kubitschek, segundo a Fundação Municipal de Cultura, representa uma homenagem a Diamantina, cidade natal de JF, exibindo cores azuis e brancas, treliças nas portas e janelas.
O jardim interno moldado por curvas – como de costume no paisagismo de Burle Marx – abriga espécies características da flora da região de Diamantina. O destaque para os cincos pés de jabuticaba relembra a fruta preferida de Juscelino.
A antiga piscina – que atualmente consiste em um espelho d’água – foi uma das primeiras residenciais da cidade de Belo Horizonte.
Saindo da casa, o destaque é o paisagismo exuberante de Burle Marx e o painel de Cândido Portinari.
sobre as autoras
Karla Carvalho de Almeida é arquiteta e urbanista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF, 2020), e pós-graduanda em Arquitetura da Paisagem pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).
Rosiane de Oliveira Souza é arquiteta e urbanista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF, 2021) e técnica em Design de Móveis pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IFET, 2013).