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interview ISSN 2175-6708

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John Gero, pesquisador de ciência da computação e da arquitetura, concedeu entrevista à arquiteta Gabriela Izar sobre seu método analítico de estudo morfológico, que se aproxima em certa medida dos estudos formais precursores do CAD.

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IZAR DOS SANTOS, Gabriela. Entrevista com John Gero. Entrevista, São Paulo, ano 17, n. 067.01, Vitruvius, set. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/17.067/6209>.


Lionel March. Descrição booleana da Maison minimun de Le Corbusier
Imagem divulgação [KELLER, Sean. Fenland Tech: Architectural Science in Postwar Cambridge]


Gabriela Izar: Quando falamos sobre diagramas, isso não diz respeito ao modo como você lança diagramas, mas você pode encontrar representações diferentes, que te permitem ter pensamentos que você não teria antes. Esse é o poder da combinação de seres humanos e computadores. Não que produzam belos desenhos, o que fazem, e imagens de aparência magnífica, mas é o que está por trás disso, algo mais profundo do que as simples representações. Não só nos computadores, mas nos diagramas, em diagramar...

John GeroEm diagramar... um diagrama tem vários significados, mas quando projetamos normalmente pensamos em diagramar considerando apenas um conjunto muito limitado de significados. Você está sempre diagramando ideias ou espaços. E ao começar a diagramar, a maioria das pessoas emprega isso (sic) para descrições espaciais, que é outro modo de descrever o espaço, diferente de um tipo de representação dos limites. Normalmente pensamos o espaço como sendo descrito pelos limites. Na verdade, não desenhamos espaços, de forma alguma desenhamos espaços quando desenhamos uma planta de arquitetura. O que desenhamos são os limites do que compreendemos criando espaços, mas se você encarar isso como um diagrama, você pode agora colocar um ponto nos espaços e conectá-los. Digamos que toda a vez que houver uma parede, você pode colocar um ponto entre dois espaços e ligá-los, e então você tem como resultado uma representação diferente. Isso passa a ser um gráfico ambíguo (dual). Isso não é o interessante sobre diagramas; o que é interessante é um tipo de representação diferente da representação espacial dos limites, é essa representação que o diagrama permite, de fazer algo que você não pode fazer facilmente com outras representações.

GI: E acionar emergências de significados que não seriam acessíveis sem diagramas.

JG: Há também representações qualitativas do espaço que parecem muito diferentes da representação espacial dos limites e da representação teórica dos gráficos, que possibilitam fazer outras coisas, como descrever o espaço apenas simbolicamente, apenas a partir de símbolos que têm significado, em vez de pensar o espaço descrevendo-o por meio de um gráfico ou limite. Por exemplo, se você tem um símbolo para uma quina e coloca quatro desses juntos, dando-lhes uma estrutura de modo que o último possa estar ao lado do primeiro, você está descrevendo um espaço delimitado, porém de um modo diferente. Com aquilo, você pode construir outro tipo de representação da qual se obtém significados diferentes sem absolutamente nenhum desenho, sem diagramar nada, e que você não obtém a partir de diagramas. Portanto, o poder está na representação e no processo que você aciona em diferentes representações, de tal modo que você pode encontrar características emergentes no nível simbólico sem nunca ter olhado desenhos, e não só configurações emergentes, mas também compreensões emergentes. Por exemplo, se eu uso um computador para realizar algo porque eles operam sobre símbolos, a parte interessante é usá-lo para encontrar coisas que, para mim, são difíceis de descobrir. Consequentemente, eu posso produzir uma representação simbólica que me dirá se isso é um espaço seguro apenas conceituando-o, sem nunca tê-lo desenhado. Então o significado das coisas pode ser encontrado por meio do processamento dos símbolos, sem desenhar. Pensamos em diagramas como sendo o único modo de lançar ideias sobre o espaço, mas esse não é o único modo.

GI: O termo “desenho” refere-se à noção clássica de desenho?

JG: Há desenhos e diagramas: diagramas são representações; uma representação é um desenho. Mas pode haver também diagramas que têm sentido semântico, isto é, o significado está na representação, não na interpretação da representação. Se olho para uma planta de arquitetura, eu construo o sentido que diz que “esses dois espaços estão próximos um do outro”. Se produzo um diagrama daquilo, eu posso atribuir-lhe um vínculo que já contém o significado “esses dois espaços estão próximos um do outro”. Então agora eu passo a representar sua semântica no diagrama, agora tenho gráficos semânticos e assim por diante.

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