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my city ISSN 1982-9922

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LIMA, André Luiz de A.. Da fachada do homem à fachada do edifício. Minha Cidade, São Paulo, ano 03, n. 027.01, Vitruvius, out. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/03.027/2052>.



 

Nos tempos modernos, as cidades se identificavam através de signos. Cada cidade tinha seu significado e representava um lugar único. Dentro das cidades os bairros também tinham seus significados que o distinguiam.

Com sua popularização, a palavra globalização passou a ter um significado que não atinge a escala do bairro. Só se sabe e só se fala de globalização na escala mundial sendo que a tendência existe dentro dos micro-setores de nossas cidades.

Algumas coisas que parecem irrisórias são fundamentais para entendermos o processo de homogeneização nas cidades, como por exemplo, a mudança dos telefones fixos para os móveis.

O celular passa a impressão de igualdade entre o cidadão de classe média baixa e o milionário não permitindo o preconceito urbano, por não estar vinculado com a localidade do usuário. É só impressão, o que existe é uma falsa premissa de igualdade, pois sempre existirão diferentes tipos de aparelhos e de planos que separarão e diferenciarão os usuários.

Um dos maiores signos de uma cidade são seus prefixos de telefone, que contribuem na relação social urbana entre seus habitantes. O cidadão, rico ou pobre, se identifica com os demais moradores da sua rua, bairro ou cidade numa relação de cumplicidade e entendimento aproximando-os.

A tendência de homogeneização, não iguala os homens, apenas cria um sentimento de preconceito social que atinge aos próprios atingidos, num estupro aos seus próprios egos. A tentativa de massificar é responsável incondicional da desordem social, como diria Chico Science: “bandidismo por uma questão de classe” e não necessariamente por uma necessidade verdadeira e sim por uma necessidade criada e imposta.

A imposição dessa cultura de capital que gera a desordem também gera a ignorância coletiva causando uma falsa impressão de que a cidade está indo no rumo certo.Especificamente na arquitetura ou na falta dela, temos construções de subúrbio que utilizam os mesmos materiais utilizados nas torres comerciais da marginal Pinheiros, e assim como a maioria deles possui uma arquitetura de significado estritamente econômico.Em Vitória, onde moro, a tendência do momento é estampar enormes painéis de propaganda nos edifícios, a maioria deles de empresas de telefonia móvel, e não existe vergonha nisso, existe até um significado de status. Tal significado nos mostra que ninguém mais se importa nem mesmo em rotular suas casas, uma vergonha tal que começa no vestuário e atinge a cidade como um todo, trazendo a imagem de uma cidade-produto que está à venda.A arquitetura que segue o caminho do marketing e da perda de sentido é responsabilidade dos arquitetos de mercado, que vão perder seu espaço por insistir nesse caminho que acaba com o real sentido da profissão. E uma coisa é certa, não se precisa de arquiteto para fazer o estamos fazendo, o mercado que não é nada bobo sabe disso. Quanto tempo vamos esperar?Concluindo, acredito que antes de qualquer coisa devemos ter ciência de que não somos um país rico. Como pobres devemos assumir e agir como pobres, só assim criaremos condições para lutar contra a exploração e a imposição cultural que assola esse país, e aí sim fazer uma arquitetura barata, de qualidade e de significado. Mesmo que tal significado nos envergonhe revelando quem realmente somos.
sobre o autor
André Luiz de Alcântara Lima Cursa o 10º período de Arquitetura e Urbanismo da UFES e estagia a dois anos no LPP – Laboratório de Planejamento e Projetos (grupo ganhador de 2 prêmios IAB-ES em 2001 e 2002).

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