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my city ISSN 1982-9922

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MANSKI, Sonia. Rua Fabrizio Fasano, São Paulo: projeto no lote, sorte da rua. Minha Cidade, São Paulo, ano 05, n. 053.01, Vitruvius, dez. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/05.053/1988>.



Ao receber o convite de casamento, fiquei na dúvida se seria realizado em São Paulo. Onde ficaria a igreja barroca que eu não conseguia reconhecer na foto? Seria em Minas Gerais? Não, não. Era apenas uma homenagem da mãe da noiva ao local que se misturava à história de sua família. Que a terceira geração viesse a se casar na mesma Igreja Nossa Senhora do Brasil, na mesma esquina do Jardim América em São Paulo, configurava o início de uma tradição. Por que não comemorar o fato?

Portanto, assim como uma decoração iria realçar o espaço interno da igreja, da mesma forma o edifício recebeu externamente o destaque a que faz jus. Claro que para se chegar a esse estado ideal em que as interferências visuais instantaneamente deixassem de existir só mesmo por meio do artifício de retocar a foto.

A conclusão diante do quadro é impressionante: vivemos mergulhados numa tremenda poluição visual sem nem ao menos nos darmos conta dela. Para não mencionar a calma que a foto transmite. Na comparação, claro.

Que a propaganda – em certos casos – seja considerada um elemento altamente causador de prejuízo à paisagem não é nenhuma novidade. Mas que a profusão de postes, tanto os de transmissão de serviços, com seus incontáveis fios, como os de suporte para fixação de sinalização urbana, com inúmeras placas, seja tão nociva quanto, foi uma revelação. O mais surpreendente disso tudo é que a simples retirada das supostas obstruções conferia à paisagem um novo e superior status. Independente da qualidade dela em si.

A associação com outro local da cidade foi imediata. Como não lembrar da rua Fabrizio Fasano, onde se localiza o hotel do mesmo nome, que recentemente recebeu o mesmo tratamento de beleza? Do campo virtual para o real, uma intenção transformada em gesto.

Não é dizer que outros logradouros não apresentem, melhor dizendo, escondam, sua fiação. Claro que na época da implantação das ruas pedestrianizadas no centro nos anos 80, a passagem subterrânea dos fios fez parte do projeto. Estranho seria se a oportunidade não fosse aproveitada para tal. Outras avenidas receberam mesmo tratamento por ocasião de reformas, como é o caso da avenida Paulista. Porém, a quantidade de outras interferências tornou quase imperceptível o benefício.

Lamentável que tão pouco se tenha feito nessa direção ultimamente. Talvez porque quando se trate de oferecer um melhoramento urbano, muito antes se pense em fazer do que em desfazer algo, nem que seja um mal feito. Por uma óbvia questão de visibilidade. Não é verdade que os presentes são mais valorizados quanto maiores forem as caixas?

Mais uma razão para aplaudir a iniciativa dos responsáveis pela transformação da pequena travessa entre as ruas Haddock Lobo e Bela Cintra numa ilha de excelência. Pequena amostra de como um projeto, apesar de se referir apenas a um lote particular, pode levar em consideração também o seu entorno, particularmente melhorando-o por meio de uma verdadeira operação de limpeza urbana. Embora inegavelmente o objetivo primeiro tenha sido privilegiar o próprio quintal, o efeito colateral é demonstrativo de como seriam nossas ruas, caso fossem iguais às do mundo civilizado.

Sem falar que além de tudo é mais uma demonstração de como a iniciativa privada pode colaborar para o bem público. Aliás, na mesma tendência, projetos de revitalização de ruas comercias patrocinados por associações de lojistas têm sido veiculados pela imprensa: boulevard Gabriel Monteiro da Silva, avenida Pacaembu etc. Mas por enquanto, que se tenha notícia, nenhum deles saiu do papel. Uma pena! Permanecem imersos no campo virtual das idéias.

Por tudo isso, por mais que qualquer intenção de embelezamento seja válida, que se aplaudam mais os bons exemplos concretos, como o do hotel Fasano – dignos de serem seguidos – e que venham logo os novos.

sobre o autor

Sonia Manski é arquiteta formada pela FAU USP e trabalha no CONDEPHAAT.

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