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my city ISSN 1982-9922

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ADRÍA, Miquel. Dos capangas às orquídeas. Minha Cidade, São Paulo, ano 09, n. 105.02, Vitruvius, abr. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.105/1857/pt>.


Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez


Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb (Felipe Mesa eAlejandro Bernal) e JPRCR (Camila Restrepo e J. Paul Restrepo), 2006
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o metrô Calle Cundinamarca
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o jardim botânico
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista balcões desde o Passeio Caraboro
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o Passeio Caraboro
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

 

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb (Felipe Mesa eAlejandro Bernal) e JPRCR (Camila Restrepo e J. Paul Restrepo), 2006
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Medellín se transformou. Quatro anos de governo municipal focado no urbanismo social converteram um território de matadores de aluguel e sede do famoso cartel de drogas em uma cidade exemplar. Quatro anos bastaram para tornar realidade uma mudança radical que transformou uma conurbação de guetos em uma cidade de todos, levando à rua uma sociedade que viveu oculta em suas casas durante anos por causa do medo.

O prefeito destaque – o independente Sergio Fajardo – entendeu que a melhor inversão que podem fazer os governos é a que tem como protagonista a comunidade. Seu aprendizado começou escutando as pessoas em assembléias de bairro, tomando nota de suas necessidades, seus sonhos e seus ideais de cidade. Foi a semente de um processo de participação onde os projetos deviam ter um componente social, que induziria a transformação do território através de um esquema participativo. De pouco servem as infra-estruturas se não se apóiam em uma política de gestão social, baseada na comunicação, na participação e na sustentabilidade. Assim, arquitetos, engenheiros, comunicadores, sociólogos e um prefeito matemático – filho de arquiteto – levaram a cabo a recuperação da cidade a partir do redesenho do espaço público.

Medellín é como uma folha de árvore dobrada. Duas ladeiras inclinadas sobre o rio homônimo abrigam uma população de dois milhões e meio de habitantes, e outro milhão mais nos municípios da periferia. O projeto urbano foi dirigido por Alejandro Echeverri – arquiteto paisagista (da cidade) formado em Barcelona – a partir de cinco pontos: planejar para não improvisar; equipamentos educativos modelos para dignificar os bairros, projetos urbanos integrais, contra a exclusão e a desigualdade; habitação social para amenizar dívidas históricas, e planos de passeios e ruas emblemáticas, com a criação de parques lineares que reconectam a cidade, recuperando a rua como valor fundamental.

O programa de equipamentos é provavelmente o trabalho mais espetacular. Quatro parques-biblioteca, dez escolas públicas modelo e centros de desenvolvimento empresarial local para orientar os novos empreendedores que vêm da margem da sociedade, para que se insiram no denso magma de barracos auto-construídos sobre uma inclinada topografia. Os parques-biblioteca, resultado de concursos públicos, são obras de autoria, destacando dois de Giancarlo Mazzanti e um de Javier Vera. Tratam-se de espaços públicos e abertos, com praça para eventos como aulas de baile e concertos, salões para a comunidade e bibliotecas transbordando de crianças, onde poucos anos atrás as tropas de Pablo Escobar pagavam a qualquer adolescente um milhão de pesos colombianos (uns quarenta euros) por cada policial morto. O parque-biblioteca de Vera se resolve de baixo de uma cobertura, usando o declive do terreno para escalonar em seu interior os distintos elementos unidos que a compõem. As duas construções de Mazzanti fragmentam o programa em três elementos unidos em sua parte posterior pelas áreas comuns. Os três volumes abrem suas vistas para a cidade e se convertem em marcos da cidade: em La Ladera, com auditórios abertos em seus telhados, e na Biblioteca Espanha do bairro de Santo Domingo Savio, em três espetaculares rochas negras incrustadas na montanha. Para chegar a este bairro marginal, onde nem a polícia se atrevia a entrar, foi construído o espetacular teleférico Metrocable, conectado á rede de metrô. Na 6ª Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo, celebrada em Lisboa no fim do mês de abril, esta biblioteca singular recebeu o prêmio de melhor obra de arquitetura.

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Orquideorama, Planb e JPRCR, 2006
Foto Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o metrô Calle Cundinamarca
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o jardim botânico
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista balcões desde o Passeio Caraboro
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

Parque Explora, Museu Interativo de Ciência e Tecnologia, Alejandro Echeverri, 2008. Vista desde o Passeio Caraboro
Foto Carlos Tobón, Sergio Gómez

A partir destas intervenções, a regeneração dos barracos foi quase imediata. Com o apoio municipal se construiu escadas e plataformas de acesso às edificações existentes e foram dotadas de conexões de gás e eletricidade. Algumas casas cresceram, outras viraram pequenos comércios, cabeleireiros e academias, entrando assim na legalidade cadastral e fiscal.

A habitação social não só serviu para amenizar dívidas históricas como também para regenerar áreas muito precárias. Boa parte das 4 500 moradias de reordenação urbana serviu para consolidar o bairro de Moravia, sobre uma montanha artificial que foi aterro sanitário. E entre os córregos se legalizam e reparam as moradas, ao mesmo tempo em que se constroem edifícios de dez unidades para substituir os barracos mais precários. Junto a elas o novo centro cultural projetado pelo recém falecido Rogelio Salmona, monumentaliza a periferia.

O plano de passeios e parques lineares que reconectam a cidade levou a priorizar o pedestre em alguns eixos que são vértebras ao longo da cidade, como a rua Carabobo, restaurando edifícios, dotando de serviços e mobiliário urbano. Esta rua emblemática liga as novas praças e bibliotecas com a Orquideorama no jardim botânico e o novo centro Explora, que abriga o museu da ciência e da tecnologia. A Orquideorama, projetado por Planb y JPRCR, é um emaranhado de guarda-sóis hexagonais entre árvores centenárias do parque, que organizam o espaço de exposição da feira anual das orquídeas. O Centro Explora, desenhado por Alejandro Echeverri, é um espaço vermelho e fragmentado, capaz de acolher programas independentes de divulgação científica. Junto com o novo Centro de Convenções (Giancarlo Mazzanti, Daniel Bonilla e Rafael Esguerra) e a praça de Cisneros (José Manuel e Luís Fernando Peláez) estas novas construções conforme o novo centro monumental onde a cultura e a convivência em torno do espaço público deixam clara a nova vocação da cidade.

Menos de quatro anos deram vida e esperança à regeneração de Medellín ao aliar urbanismo e social no ideário municipal. Arquitetura de autoria e trabalho com as comunidades, que habitualmente ocorrem distintamente, se realizaram conjuntas. E em boa medida foi possível pelo talento de um prefeito com idéias claras que soube comunicar, aliado a uma sociedade disposta a dar tudo para recuperar com orgulho sua auto-estima coletiva.

notas

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Artigo publicado originalmente no El País, 21/06/2008

sobre o autor

Miquel Adría é Arquiteto pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona. Desde 1994 se mudou para o México, onde concilia prática, docência e crítica. Tem catorze livros sobre arquitetos mexicanos e latinoamericanos, assim como numerosos ensaios.

Tradução Pamela Bassi

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