No mundo globalizado onde o Patrimônio Mundial é representado, por florestas, cordilheiras, lagos, desertos, edifícios, complexos ou cidades, tem na classificação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação), que visa a catalogar e preservar locais de excepcional importância cultural ou natural, como patrimônio comum da humanidade, pensamento que a União Européia comunga principalmente nas questões voltadas para a recuperação de areas urbanas históricas.
A reflexão sobre a preservação dos bens culturais passa pela Espanha em Valencia que apresenta ao mundo globalizado o mau exemplo da preservação e revitalização de áreas, urbanas ignorando a reivindicação dos seus moradores e demais seguimentos sociais que solicitam a preservação da área marinheira do bairro Cabanyal que se enquadrariam dentro de critérios da UNESCO e UE (União Européia):
“ser um exemplo de um tipo de edifício ou conjunto arquitetônico, tecnológico ou de paisagem, que ilustre significativos estágios da história humana; ser um exemplo destacado de um estabelecimento humano tradicional ou do uso da terra, que seja representativo de uma cultura (ou várias), especialmente quando se torna(am) vulnerável(veis) sob o impacto de uma mudança irreversível; ou (vi) – estar diretamente ou tangivelmente associado a eventos ou tradições vivas, com idéias ou crenças, com trabalhos artísticos e literários de destacada importância universal”
Valencia a terceira maior cidade espanhola em desenvolvimento e crescimento, somatório dos ibéricos, romanos, visigodos e árabes todos que compõem a grande parcela da historia das civilizações que formam a Espanha, terra do arquiteto Santiago Calatrava que entre um dos seus muitos projetos espalhados pela cidade, citamos a implantação do brilhante projeto o “Parque El Jardines del Turias” como uma dádiva que deveria servir de exemplo para todas as cidades do mundo pela generosidade dos seus espaços públicos e integração com seus habitantes, exemplo para um cidadão que contribuem com seus impostos para uma melhor qualidade de vida e lazer ..., neste espaço urbano surge a arquitetura faraônica de Calatrava com um brilho eterno como o personagem do Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde ...eternidade....
Valencia conquista com o investimento da UE (União Européia) a qualidade urbana, após o período de Franco que ainda é muito presente na sua memória histórica dos espanhóis, que busca a perfeição urbana européia das ultimas administrações da UE... uma utopia para atual realidade urbana brasileira...mas tem como calcanhar de Aquiles a preservação dos bens culturais do Cabanyal ou Canyamel-se a partir do Século XIX um bairro de marinheiros, com um sistema urbano ainda reticular obtidas a partir da quartéis, casas antigas típicas da área valenciana.
Novamente testemunhamos o eterno confronto: entre a conservação do patrimônio cultural e o desenvolvimento urbano com a especulação imobiliária de uma cidade, seja qual for o lugar do mundo. Desde o último século o povo de Cabañal tem vivido com a constante ameaça do prolongamento da Avenida Blasco Ibanez, que dividira o bairro trazendo ameaça de toda uma historia cultural de um povo com a eliminação de 1651 casas e toda memória cultural que serviria a futuras gerações.
Não podemos negar a contribuição espanhola em relação ao seus bens históricos como exemplo em sua metodologia de técnicas de recuperação na arte da restauração e pela qualidade de seus restauradores no imenso acervo cultural existente nesse país, principalmente na sua política de recuperação de seus bens culturais que remontam a Península Ibérica, Valencia que foi fundada em 138 A.C, pelo cônsul romano Décimo Junio Bruto, para instalar soldados.
Não podemos deixar de relatar que as questões passam pelas reivindicações das organizações sociais existentes que esta muito distante do que poderíamos definir como participação popular nos rumos urbanos de uma cidade em busca de melhores condições de vida para seus habitantes, independente do grau de conquistas de urbanicidade que tenha conquistado Valencia, algo que jamais imaginaria encontrar no país do primeiro mundo... a falta de compreensão dos políticos com os segmentos sociais.
Cabanyal é um marco de resistência como um bairro de etnias, que hoje na Europa tem um significado especial no trato aos imigrantes que nos permitira refletir as ações urbanas como sentido mais amplo que incluem os direitos econômicos, sociais, culturais alem dos diretos civis e politicos.
bibliografia
CORBETTA, Piergiorgio. Metodología y técnicas de investigación social. Editorial McGraw-Hill (Edición revisada) Madrid, 2007
DEL VAL CID, C.; GUTIÉRREZ BRITO, J. Prácticas para la comprensión de la realidad social. Editorial McGraw-Hill Madrid, 2005.
ESCOBAR, Arturo. La invención del Tercer Mundo. Construcción y reconstrucción del desarrollo. Colombia, Grupo Editorial Norma, 2004.
websites
www.cear.es
www.fundacioncear.org
www.cabanyal.com
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MANIFESTO: "SALVEM EL CABANYAL – CANYAMELAR – CAP DE FRANÇA"
sobre o autor
Jose Geraldo Vieira da Costa, arquiteto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, membro do GEDURB (Gabinete de Estudos em Documentação Urbana) de Porto Alegre RS, Aluno do Master en Politicas y Procesos de Desarrollo da UPV – Universidad Politecnica de Valencia, Espanha