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O projeto “Requalificação do Parque Natural do Pedroso” foi apresentado como Trabalho Final de Graduação no curso de arquitetura da FMU FIAAM FAAM em 2014. A banca contou com Caio Boucinhas, Helena Degreas e Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima.
MOLINARI, Arthur Ribeiro. Parque Natural do Pedroso. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 182.02, Vitruvius, set. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.182/5680>.
O Parque Natural do Pedroso, localizado na Estrada do Pedroso, Santo André SP, foi instituído em 1998 como unidade de conservação e em 2000 foi transformado em unidade de conservação de proteção integral.
O parque possui aproximadamente 842 há (8,42 Km²), equivalente a um dos maiores Parques Municipais da Cidade de São Paulo, com 15 lagos e 37 nascentes (Abastecendo 4% da cidade de Santo André além de elementos históricos como a antiga olaria, marquise do teleférico, Parque Japonês etc.
Ele obteve grande importância na década de 1970, devido a sua preservação, além das suas intervenções como implantação de palco para shows, teleférico com 03 estações – o mais atual da época além de ser projetado pelo Arquiteto Ruy Ohtake –, pedalinhos, lanchonetes e outros diversos itens que o deixaram atraente e turístico.
Atualmente o parque encontra-se totalmente deteriorado e esquecido pela sua administração, ocasionando apenas 1500 visitações em um fim de semana, devido à falta de policiamento, infraestrutura para os visitantes, divulgação e incentivo da prefeitura – além de pouco conhecido pela população, o parque é rotulado como inseguro.
Apesar do último investimento no parque, atualmente ele conta com 11 funcionários que dividem as tarefas de vigilância, limpeza e administração, um trailer que serve como lanchonete (único ponto de alimentação do parque e entorno), dois sanitários, quadras esportivas deterioradas, falta de equipamentos além de falta de ambientes que acolham os visitantes.
Devido a minha frequência quando criança e histórias dos meus pais, que iam no restaurante situado no último ponto do teleférico, realizei inúmeras visitas no local e decidi desenvolver um projeto de requalificação, onde pudesse realizar intervenções paisagísticas e arquitetônicas conforme a legislação, propor uma área maior de lazer e cultura para os munícipes, além de continuar a preservar a fauna e a flora, que hoje correm riscos com os núcleos próximos.
Concepção
O projeto de requalificação do Parque do Pedroso (1) tem como principal objetivo, recuperar, preservar e evidenciar os seus recursos naturais.
Todo o projeto – incluindo os elementos arquitetônicos, sistemas de drenagem de águas pluviais, iluminação, mobiliários e áreas de adensamentos arbóreos – tem como finalidade propor conforto e segurança aos frequentadores e funcionários, além de proteger a fauna e vegetação já existentes, promovendo assim o uso sustentável dos recursos naturais, a recuperação e preservação da biodiversidade, da fauna e da flora, recursos hídricos e também o patrimônio histórico e cultural, consolidando opções de lazer, contemplação da natureza e proporcionando um número maior de visitantes minimizando assim a degradação do meio ambiente.
A diretriz fundamental do projeto é preconizar soluções inovadoras, criativas, lúdicas e sustentáveis, proporcionando ambientes para todas as idades e demonstrar que a técnica, a ciência e a arte podem trazer ganhos ambientais e contribuir com o equilíbrio e harmonia entre o ambiente proposto e o natural.
Diretrizes
Considerar os significados históricos e culturais do Parque e do seu entorno, buscando referências nos usos verificados ao longo do tempo (pedalinhos, canoagem, palco para shows, restaurantes etc.).
Acolher grande diversidade de usos e frequentadores, onde as edificações e equipamentos promovam de forma integrada o convívio de jovens, idosos, crianças, pessoas portadoras de necessidades especiais e assegurando a acessibilidade universal.
Estimular a participação da comunidade, associações e universidades, estabelecendo parcerias para apresentações pedagógicas, cursos e visitas ecológicas.
Implantar mobiliários ecológicos e inteligentes, possibilitando maior segurança e propondo o uso noturno do parque (teleférico, Skate Park, Praça da Luz e palco de shows).
Implantar o plano de manejo (plano em execução da Semasa, USP e Dersa) em diversas áreas do parque, promovendo a recuperação ambiental das áreas degradadas existentes, aumentando a biodiversidade da fauna e preservando os recursos hídricos.
Utilizar soluções ambientais, como pavimentação que propiciem a manutenção e permeabilidade do solo, diminuindo áreas pavimentadas e priorizando os percursos de pedestres e ciclistas.
Valorizar as nascentes e demais cursos d'água existentes, recuperando as matas ciliares e mantendo a permeabilidade das faixas das APPs – Áreas de Proteção Permanentes.
Reestruturar o sistema de tratamento de água que o mesmo já possui, devido ao seu novo uso inserido (piscinas).
Reativar os três pontos do teleférico inserido na década de 1970: Marquise de Ruy Ohtake com bilheteria e sorveteria; anfiteatro, sanitários e áreas de picnics; restaurante mineiro e mirante da cidade.
O projeto
Todo o projeto foi pensado em termos de requalificação total do parque, usufruindo das áreas destinadas do plano de manejo.
Foram criados três eixos principais para a circulação do parque: a lombofaixa, unindo as duas áreas do parque; a ciclovia e calçada de pedestre, que com o seu circuito passa em todas as áreas e atividades do parque; e o eixo longitudinal que ressurge com a reativação dos três pontos do teleférico.
A proposta foi elaborada a partir das pesquisas e visitas in loco, que permitiram verificar a real necessidade do parque e também da população que já se encontra morando ao lado.
Os maciços e áreas de contemplação e descanso foram inseridos próximo à mata, criando lugares agradáveis e com sombra e os elementos mais chamativos, ou com o maior ruído, concentrados próximo ao Tanque do Pedroso.
Sendo assim o programa do parque ficou distribuído uniformemente e ao mesmo tempo totalmente inserido ao meio ambiente.
Elementos propostos
Todo o programa foi proposto conforme as legislações do último Plano de Manejo vigente e a partir das conversas com a administração do Parque (Semasa).
Foram propostas novas edificações, com arquitetura ecológica em madeira) e a reestruturação de edifícios– portaria secundária, nova sede administrativa, sanitários, vestiários, guarita, depósito de materiais e a Capela Santa Cruz dos Carvoeiros – e equipamentos existentes – teleférico, anfiteatro, área de piquenique, churrasqueiras, grupamento ambiental, trilhas etc.
Uma série de equipamentos, atividades e melhorias foram previstas: quadras de futebol de areia e poliesportivas; prainha, piscina natural, pedalinhos e canoagem junto aos cursos naturais de água, parques infantis e espaço para skate; pista de arvorismo, ciclovia e bicicletário; áreas para ginástica, leitura, descanso, contemplação e esculturas lúdicas; viveiro para espécies nativas, palco e arena para atividades artísticas, além de diversas outras áreas e equipamentos.
Conclusão
O projeto foi elaborado com base em pesquisas de estudos de caso, análises da região, conversas com órgãos públicos e inúmeras visitas in loco, sendo possível compreender e mapear os principais problemas e necessidades da área, desenvolvendo uma proposta inovadora, e estabelecendo um programa com desenvolvimento arquitetônico que buscou a relação do projeto com a inserção urbana local.
No entanto, os conceitos e o partido adotados, surgiram a partir dos vínculos históricos da região, a topografia, seus recursos hídricos, suas necessidades urbanas e também as principais legislações vigentes na área.
A proposta de requalificação do parque buscou considerar os significados culturais e acolher grande diversidade de usos e frequentadores, onde as edificações e equipamentos promovam de forma integrada o convívio de jovens, idosos, crianças, pessoas portadoras de necessidades especiais assegurando a acessibilidade universal, conter a expansão urbana desordenada e valorizar os elementos naturais como as nascentes e cursos d'água existentes, recuperando as matas ciliares e proporcionando mais equipamentos de lazer e cultura para a população próxima e munícipes.
A ideia principal da implantação do parque foi de promover novos usos e diagramações, buscando novas iniciativas e propostas de renovação e “quebras de paradigmas”, colaborando com o desenvolvimento urbano local e preservando, a fauna e a flora.
O parque contou com a implantação de quatro elementos arquitetônicos, usando estruturas diferenciadas e ecológicas como as tensoestruturas, e o Gridshell (Estrutura de Madeira).
O intuito foi criar ambientes inovadores e agradáveis ao mesmo tempo, usando formas orgânicas e plásticas, se destacando na paisagem urbana e remetendo a implantação do parque.
Por fim, entende-se que a requalificação do Parque do Pedroso não ficou apenas contido em restaurar áreas degradadas, e sim propor novos usos para a sociedade e mostrar que é possível criar inúmeras sensações diferentes e únicas, sem degradar o meio ambiente.
nota
1
O projeto “Requalificação do Parque Natural do Pedroso” foi apresentado como Trabalho Final de Graduação no curso de arquitetura da FMU – FIAAM FAAM em banca ocorrida em dezembro de 2014 e teve como membros os arquitetos e professores Caio Boucinhas, Helena Degreas e Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima.
sobre o autor
Arthur Ribeiro Molinari é arquiteto e urbanista.