O Conjunto Arquitetônico Histórico de Manguinhos, sede da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, Brasil, foi projetado pelo arquiteto português Luis de Moraes Júnior e construído a partir de 1904.
Concebido segundo os padrões da arquitetura eclética e tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – em 1981, esse complexo é formado pelos seguintes edifícios: Pavilhão do Relógio (1904, utilizado para experimentos na fabricação de vacinas contra a peste bubônica), Pombal (1904, antigo biotério destinado a pequenos animais), Cavalariça (1905, onde era extraído o sangue dos cavalos para a fabricação de vacinas contra a febre amarela), Pavilhão Mourisco (1905-1917, principal edifício do conjunto arquitetônico e ocupado no início do século por bibliotecas, museu e laboratórios), Hospital Evandro Chagas (1912-1917) e Quinino (1919-1939, construído para abrigar laboratórios de química).
O sistema construtivo dos edifícios tombados consiste em fundações corridas de blocos de granito, paredes de alvenaria de pedra e tijolos, lajes construídas com vigas metálicas de perfil 1, sendo os vãos entre as mesmas preenchidos com tijolos furados abobadados.
Com exceção do Pavilhão Mourisco, que possui terraços pavimentados com material cerâmico e do Pombal, com coberturas de laje pigmentada, os edifícios são cobertos por telhas de Marselha apoiadas em estrutura metálica ou de madeira. Os materiais de construção utilizados foram quase todos importados: cerâmicas portuguesas da "Bordalo Pinheiro", azulejos alemães de "Meissen", fechaduras e dobradiças norte-americanas "Yale", tijolos de Marselha, ferro e cimento ingleses. As obras foram executadas por artífices italianos, espanhóis e portugueses, orientados por um mestre de obras austríaco.
O trabalho de conservação e restauro do Núcleo Histórico de Manguinhos tem sido desenvolvido desde 1987 pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz. O trabalho de preservação segue os princípios modernos de restauração, como: salvaguarda de testemunhos históricos; respeito pelas características originais dos bens culturais; e registro, através de relatórios teóricos, vídeos e "slides", das intervenções que vão sendo feitas.
Em linhas gerais, os serviços já executados foram os seguintes: impermeabilização dos terraços; tratamento e reforço de estruturas metálicas; recuperação de azulejos e pintura murária; recuperação ou substituição de ornamentos originais; restauração de esquadrias e substituição das instalações hidrosanitárias, elétricas e telefônicas.
Além da execução do projeto completo de restauração, que inclui estudo histórico, levantamento arquitetônico, mapeamento de danos, análise dos materiais de construção, estudos das causas de deterioração, diagnóstico e metodologia de intervenção, a ocupação atual do conjunto arquitetônico de Manguinhos tem como princípios a valorização, a conservação e o respeito ao caráter histórico-cultural do local.
No Pavilhão do Relógio hoje funciona a Casa de Oswaldo Cruz, que trabalha com a memória da Instituição; no Pombal e Cavalariça são desenvolvidas atividades de difusão científica através do Espaço Museu da Vida; no Quinino, fica a administração central da Fiocruz; e, finalmente, o Pavilhão Mourisco abriga a Presidência da Fiocruz, setores de apoio e a biblioteca de obras raras.
Pavilhão dos Cursos
Projetado pelo arquiteto Jorge Ferreira, o Pavilhão Arthur Neiva ou Pavilhão de Cursos conta com dois pavimentos divididos em dois blocos distintos e interligados por uma laje sobre pilotis. No primeiro, um retângulo estreito e comprido com um corredor avarandado voltado para o pátio externo, localizam-se as salas de aula. Já o segundo bloco, em forma de parábola e contendo o auditório, é mais alto do que o primeiro e se destaca por sua forma livre. A 2/3 do bloco retilíneo, os dois blocos se encontram, formando um pátio livre marcado pelos pilotis.
O Pavilhão de Cursos conta ainda com um belo mural de azulejos de Roberto Burle Marx, enfocando os microorganismos, em tons azuis e brancos. Datado de 1947, é o segundo realizado pelo famoso paisagista. Originalmente, o painel consistia em duas partes. Uma delas, localizada no térreo do edifício, ladeando a porta e atrás de pilastras, foi inexplicavelmente retirada.
Mesmo com a construção de uma lanchonete, em 1994, que avança pelo pátio livre do térreo, o prédio mantém as características originais, continuando com a mesma volumetria, jogo de blocos e com os vãos das janelas do primeiro bloco. O Pavilhão de Cursos foi construído na década de 40, durante a gestão do então presidente do Instituto Oswaldo Cruz, Henrique Aragão. Por iniciativa do Intituto Oswaldo Cruz, com projeto de nossa equipe e supervisão do INEPAC, o painél de Burle Marx está sendo restaurado e contará com uma iluminação especial, ao final da obra já em andamento.
Equipe do Departamento de Patrimônio Histórico/COC
Arquitetos
Bettina Marion Collaro Goerlich de Lourenço
Marcia Lopes Moraes Franqueira
Renato da Gama-Rosa Costa
Sônia Aparecida Nogueira
Engenheiros
Marcos José de Araújo Pinheiro
Marco Antônio Andrade Barbosa
Bolsistas de arquitetura
Ana Lucia de OliveiraAlexandre José de Souza PessoaCristiane Cabreira
Estefânia Neiva de Mello
Giovanna Ermida Martire
Mônica Rosa de Freitas
Bolsista de desenho industrial
Vitório Benedetti
Bolsista de engenharia
Felipe da Silva Schramm
Estagiário de história
Bruno Norbert
Artesão
Adorcino Pereira da Silva
FotosFlávio de Sousa,Vinícius Pequeno, Roberto Jesus Oscar e Acervo lconográfico da Casa de Oswaldo Cruz
Casa Oswaldo Cruz Avenida Brasil 4365
Pavilhão Mourisco
Térreo/Sala 13
Tel.: 55+(21) 2598-4493
CEP:21045-900Rio de Janeiro RJ – Brasil
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