Introdução
O projeto para o Centro Histórico de Sumaré busca a sua integração aos demais centros regionais com a transformação da faixa de terra entre os trilhos e o Ribeirão Quilombo em uma grande área de lazer e cultura para a população.
Para tanto, é de fundamental importância a expansão dos limites da intervenção até o ribeirão. Tira-se partido da presença da água, convertendo um elemento que hoje é fator de degradação urbana e expulsão de atividades, na grande virtude do futuro Parque da Cidade, que será o espaço de integração entre os centros regionais e o Centro Histórico. O ribeirão, limpo, torna-se um elemento de atração não apenas do parque mas de todo o entorno da várzea.
A intervenção no Centro Histórico é caracterizada pela definição de eixos transversais ao Parque da Cidade, reforçando a intenção de sua ligação com os outros centros regionais. Um novo padrão urbanístico de 4 pavimentos vem transformar o gabarito atual, privilegiando o uso habitacional, com a idéia da valorização do espaço urbano pela intensidade de atividades ao longo de todo o dia trazida pelas habitações.
As praças da República e Manoel de Vasconcelos passam a constituir o Passeio Público, eixo caracterizado como espaço de convivência e festa. O alargamento das calçadas das frentes lindeiras ao Passeio Público vem reforçar esse caráter, valorizando os estabelecimentos que darão frente para este espaço.
Este eixo encontrará numa extremidade o edifício-mirante, marco da renovação da área. Situado próximo à única transposição da ferrovia para pedestres existente hoje no Centro (uma passagem em desnível, estreita e pouco convidativa), este edifício ocupará a última parcela do Passeio Público que, junto com a praça rebaixada, realizará a transposição de forma a ser a extensão do sistema de espaços públicos, ligando o Passeio ao Parque da Cidade. Está criado um percurso privilegiado, dotado de calçadas largas e intensa arborização, ligando importantes equipamentos (percurso Igreja-Parque).
A Av. Sete de Setembro será estendida até a Av. da Amizade, reforçando o caráter comercial da via com o aumento de circulação. O cruzamento com a ferrovia será controlado por meio de cancelas.
A readequação de usos (museu da cidade, oficinas de artesanato, bares etc) e o restauro dos edifícios de interesse histórico localizados ao longo da rua Antônio Jorge Chebabi definirão a revitalização deste trecho, compondo o Corredor Cultural, juntamente com o edifício da faculdade existente (Opep) e as novas edificações a serem implantadas: o edifício-mirante e o centro de ensino profissionalizante que funcionará no antigo prédio da sub-estação. Esse centro de ensino contemplará um conceito de centro cultural que privilegia a formação do cidadão.
A ferrovia, importante eixo de expansão de cidades no passado, atualmente é utilizada apenas para o transporte de cargas, sem parada em Sumaré, sendo uma barreira dentro do tecido urbano e separando o centro histórico dos centros regionais a ele relacionados.
Nesse contexto, este projeto, ao refletir sobre a necessidade de um estudo mais aprofundado da situação e das necessidades do transporte público da região metropolitana de Campinas, mantém num primeiro momento a ferrovia como meio de transporte de cargas, sem eliminar ou impossibilitar a hipótese de futura conversão do trem em meio de transporte metropolitano de passageiros.
As paradas do trem de carga em Sumaré, quando necessárias, passam a ser realizadas em área periférica ao tecido urbano consolidado, melhorando a articulação do sistema viário principal, e otimizando o tráfego de veículos de carga relacionados ao transporte ferroviário, evitando que circulem próximo ao Centro da cidade. A antiga estação, hoje desativada, será integrada ao Corredor Cultural.
São sugeridas a padronização do mobiliário urbano e dos pisos dos passeios, e a promoção da acessibilidade nos espaços públicos, com o rebaixamento de guias, e a utilização de piso texturizado e antiderrapante para deficientes visuais.
O conjunto de intervenções tem por objetivo não só a melhoria do espaço urbano através da otimização das articulações viárias, da qualidade dos espaços públicos e da integração dos diversos centros de Sumaré, mas principalmente o aumento de oportunidades na própria cidade por meio de instituições que estimulem o seu crescimento (geração de emprego e renda), aumentando a qualidade de vida, idealizando uma cidade mais digna para todos.
A tipologia proposta para o quadrilátero formado pelas avenidas Ipiranga, Rebouças, José Mancini e via férrea constitui um novo padrão urbanístico, com gabarito de até 4 pavimentos. A evolução para este novo padrão acontecerá conforme a demanda da cidade por adensamento e por maiores áreas construídas.
Os eixos da Praça da República e Praça Manoel de Vasconcelos (Passeio Público) e da Av. José Mancini terão um caráter diferenciado das demais vias do quadrilátero.
O Passeio Público obedecerá a um recuo maior quando da implantação das novas tipologias, sem prejudicar a largura das ruas. A área construída deverá ser implantada junto ao novo alinhamento dos lotes; a área não construída ficará no fundo dos lotes, formando um miolo de quadra livre e arborizado, sendo de uso privativo de cada lote.
A transformação deste eixo em um grande bulevar deve ocorrer em toda a sua extensão, garantindo dessa forma uma unidade ao conjunto. Como contrapartida à cessão de espaço para uso público - calçadas mais largas, os empreendedores podem receber algum tipo de incentivo por parte da Prefeitura.
A Av. José Mancini poderá receber edifícios mais altos (de até 15 pavimentos, conforme art. 68 da Lei Municipal 2831/95), justificando a largura da via existente.O Edifício-Mirante
Localizado na extremidade do Passeio Público e marcando a passagem de pedestres em direção ao Parque da Cidade, o Edifício-Mirante simboliza o processo de transformação do centro de Sumaré.O novo edifício, implantado junto à praça rebaixada, traz animação à ligação entre os dois lados da ferrovia. O térreo, no nível da praça rebaixada, é solto do chão, possibilitando seu uso como anfiteatro ao ar livre, com a escadaria funcionando como arquibancada. No nível da rua, o edifício dispõe de auditório e área de exposições; biblioteca no segundo pavimento; e midiateca no terceiro.No último pavimento está o mirante, com equipamentos de apoio como restaurante, de onde se pode contemplar o Centro Histórico, o Parque da Cidade, as águas e os núcleos urbanos além-trilhos, e acompanhar as transformações que concretizarão a desejada cidade para todos.