Prêmio
Menção Honrosa no International Architectural Competition “Ephemeral Structures in the City of Athens”
Instituições
União Internacional de Arquitetos – UIA
Hellenic Ministry of Culture
Título
Ephemeral Labyrinth?! Immaterial Leisure!! / Labirinto Efêmero?! Lazer Virtual!!
Autores
Laís Carla de Pimentel
Diogo Longhi Diaz
Pedro Paes Lira
Robson Canuto da Silva
Orientador
Prof. Paulo Raposo Andrade
Escola
Universidade Federal de Pernambuco
Curso de Arquitetura e Urbanismo
O concurso
Em 2004 a cidade de Atenas, bem como outras cidades Olímpicas – Volos, Patra, Thessaloniki e Herakleio – sediarão as Olimpíadas. Sendo assim, sofrerão grande demanda por estruturas para receber eventos culturais sob o título de Olimpíadas Culturais. O concurso se estabelece justamente nessa relação entre as Olimpíadas 2004 e esses eventos culturais que acontecerão antes e durante as Olimpíadas.
Neste contexto, foi organizado o Concurso Internacional de Arquitetura ”Ephemeral Structures in the City of Athens”, promovido pela UIA e pelo Ministério de Cultura da Grécia.
O concurso foi aberto a profissionais e estudantes, sendo os quais puderam optar por 5 diferentes temáticas. O tema escolhido pela nossa equipe foi “City Leisure Activities Generators”, que propunha uma reflexão sobre o lazer nas Cidades Contemporâneas.
Foram apresentados 470 trabalhos de 54 diferentes países. Nossa equipe foi premiada com uma Menção Honrosa, ficando entre os quatro primeiros de sua categoria e sendo a única equipe premiada de toda a América Latina.
Dentre os membros do júri estavam os arquitetos Elias Zenghelis, Zaha Hadid, G. Peponis e Wolfgang Tochterman.
Todos os projetos premiados estão sendo expostos no Byzantine and Christian Museum, em Atenas, e no mês de abril, seguirão para o RIBA, em Londres, onde será publicado um livro com detalhes de cada projeto, bem como o parecer do júri.
Labirinto efêmero?! Lazer virtual!! – Memorial do concurso
“Ser é perceber ou ser percebido”
George Berkeley
"Uma das meias cidades é fixa, a outra é provisória e quando termina a sua temporada, é desparafusada, desmontada e levada embora, transferida para os terrenos baldios de outra meia cidade. [...] A cidade de quem passa sem entrar é uma; é outra para quem é aprisionado e não sai mais dali; uma é a cidade a qual se chega pela primeira vez, outra é a que se abandona para nunca mais retornar...”
As cidades invisíveis, Ítalo Calvino
Base conceitual
Nosso primeiro sentimento quanto ao tema arquitetura efêmera foi a concepção de uma estrutura que não fosse efêmera apenas pelas suas qualidades físicas de provisório e técnicas de fácil montagem, desmontagem e mobilidade.
Ao contrário, vemos no tema arquitetura efêmera a possibilidade de novas especulações conceituais, arquitetônicas e espaciais. Novas especulações em termos de uma arquitetura que não tenha necessariamente propriedade na matéria.
Pode existir estrutura efêmera sem matéria? Pode existir espaço sem matéria? Pode existir uma experiência arquitetônica sem matéria?
A resposta a essas questões são as bases da nossa proposta de estrutura efêmera para Atenas2004.
Entendemos que, a “efemeridade” de uma elemento qualquer ou mesmo de estrutura arquitetônica não está necessariamente no plano real-físico-palpável, mas também no virtual-imaterial-intocável.
“Ser é perceber ou ser percebido”, não é somente ser visível e palpável. Enfim, ser não é necessariamente constituir-se de matéria física.
Concepção
Os sistemas eletrônicos contemporâneos, por sua vez, forjaram uma nova categoria de espaço. O espaço cibernético – das redes, da realidade virtual e das comunicações eletrônicas – vivenciado por múltiplas pessoas ao mesmo tempo e tão imaginário quanto o espaço subjetivo, talvez efêmero.
Apesar de não existir materialmente, não ser palpável, pisável, sensível, ele existe.
Trata-se de um território invisível, mas real, onde a imaterialidade é o fundamento principal.
Mas o que tem haver entre Labirinto, Lazer, Cidade, Efêmero, Virtual e Imaterial?
Isto não é loucura... É revolução!
As tecnologias modernas propiciaram novos tipos de lazer nas cidades, revolucionando o conceito de espaço para lazer. A interação entre diferentes pessoas, das mais distintas raças, etnias e classes, acontece agora também através do espaço de lazer virtual – é a comunicação virtual.
A interação entre os personagens e o lazer nas cidades contemporâneas não ocorre mais apenas nos parques e praças como o urbanismo moderno idealizou – espaços projetados para públicos genéricos. Mas também no espaço virtual, onde cada um escolhe o lazer a seu critério – espaço para públicos e atividades múltiplos.
Parques, praças, jardins...
Espaços permanentes e reais
X
Ambientes virtuais
Espaços Efêmeros e Imateriais
Pensando nisto, é que projetamos para Atenas 2004 um Labirinto Virtual – uma estrutura invisível, imaterial e efêmera para o lazer contemporâneo.
Proposta
O Labirinto Virtual foi concebido como um local para novas visões culturais e para a interação virtual. Nele o público de habitantes e visitantes de Atenas podem conhecer diversas culturas e pessoas de diferentes partes do mundo através da comunicação virtual.
O Labirinto consiste em uma grande plataforma e projetores de luz instalados em canaletas abaixo dela. Estes são os únicos elementos físicos da proposta, uma condição para que ela exista.
Os projetores formarão paredes de luz, marcando a estrutura na paisagem amorfa de Atenas. Através dessas paredes perceptíveis, porém intocáveis os visitantes viverão uma experiência arquitetônica imaterial.
A plataforma é composta por painéis fotovoltaicos, os quais captam energia durante o dia, liberando-a à noite em forma de luz. Estes painéis modulares possuem dimensão de 3,60 X 3,60m, flexibilizando a estrutura. De forma que ela possa ser montada em diferentes arranjos e tamanhos.
Vídeos, associados a sons, em tempo real com manifestações culturais de diversas partes do mundo serão projetados nessas paredes de luz, através da comunicação pela internet.
A intenção é que o Labirinto propicie uma experiência diferente a cada momento. As cores das paredes de luz, assim como os sons e vídeos projetados, estão em estado de constante mudança.
Na Mitologia, o termo labirinto de origem grega simboliza o lugar onde foi encerrado o Minotauro – é um mundo de caminhos que se cruzam e entrecruzam, de modo que quem nele entra nunca mais saí. Talvez por isso, o labirinto carregue a idéia negativa de aprisionamento.
O Labirinto Virtual proposto para Atenas não pretende assumir esta conotação. Preferimos encará-lo como um desafio e esperamos que as pessoas encontrem suas identidades culturais nesse local.
É um convite a um lazer virtual e a um diálogo mundial.