Espaço Cultural Casa da Ribeira-Memorial Arquitetônico
A Ribeira é o segundo bairro mais antigo de Natal, está localizada a margem direita do Rio Potengi na parte baixa da cidade. No primeiro e segundo quartel do século XX ocorreu o seu apogeu, culminando na época da segunda guerra mundial quando tropas americanas ali transitavam. Nos anos sessenta inicia-se a decadência do bairro.A Casa da Ribeira é um dos edifícios deste sitio histórico. Sua data de construção não pôde ser comprovada, mas presume-se que era uma casa térrea erguida no século XIX e que foi acrescida de outro pavimento no inicio do século XX. Abrigou a padaria Palmeira, uma hospedaria, posteriormente uma loja de materiais de construção e uma movelaria. Depois o edifício ficou abandonado por um longo período à ação das intempéries.Em 1997 o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, definiu um programa de necessidades para o edifício que consistia na sua adaptação para abrigar um teatro de 160 lugares destinado também a apresentações musicais, cinema e palestras, com sala de exposições multifuncional, um café, administração, camarins e banheiros para o público. No mesmo ano é elaborado o projeto arquitetônico e em 2000 o edifício é inaugurado.A fachada teve suas aberturas originais recuperadas. As esquadrias em madeira com duas folhas, já deterioradas, foram substituídas por outras de mesmo tipo em alumínio natural e vidro laminado refletivo verde. Foi escolhida a cor branca para a pintura da fachada, de modo que esta formasse uma máscara do passado a emoldurar o presente, através da transparência dos seus vãos. Isto é ressaltado pelas cores utilizadas no interior do edifício e valorizado a noite com a iluminação interna, quando o olhar do observador situado na rua traspassa seus vãos.No pavimento térreo estão localizados o foyer, os banheiros públicos, a bilheteria e a escada, disposta no mesmo local da anterior. No espaço intermediário entre os banheiros e o pavimento superior, a cabine de som e luz. A sala do teatro, com palco italiano, foi climatizada e recebeu tratamento acústico nas novas paredes. O forro é em ipê encerado, com desenho serrilhado para melhor desempenho acústico e o piso em carpete.No limite da ampliação do corpo do edifício, foram deixados os vestígios da antiga parede que o separava do quintal. As duas alvenarias laterais foram mantidas sem reboco recebendo apenas selador fosco para proteger os tijolos, proporcionando ótimo desempenho acústico graças à irregularidade de suas superfícies e espessura (0,50m). A caixa cênica do teatro permite o completo içamento dos cenários. No nível intermediário da caixa cênica foi criado um depósito entre a casa de máquinas e o piso dos camarins, cujo madeiramento foi reaproveitado do antigo assoalho. Próximo ao nível do urdimento criou-se banheiro para funcionários e área de serviço.No pavimento superior o assoalho foi substituído por laje treliçada revestida em réguas de madeira. Neste, encontra-se um espaço climatizado para exposições com iluminação natural e artificial. O forro em madeira encerada recebeu tratamento acústico interno com lã de vidro. As tesouras do telhado foram substituídas e acrescidas de um lanternim, sendo também substituídas as telhas de cimento amianto por telhas de fibra vegetal na cor cerâmica que têm baixa condutividade térmica e acústica. Contíguo a sala de artes visuais, está a administração e o café onde, de suas sacadas pode-se debruçar sobre a velha Ribeira cansada de Guerra e assistir no real palco do presente, o espetáculo futuro da história.