A necessidade de um espaço educativo para os funcionários da fábrica Bridgestone-Firestone de Argentina, localizada em Buenos Aires, foi o pontapé inicial para um novo empreendimento arquitetônico paradigmático.
A idéia era aproveitar um antigo galpão, mas passados os primeiros estudos de projeto, vimos que o programa deveria ser um pouco mais complexo e não podíamos estar atados à configuração existente. A proposta seria então que o novo edifício se conceberia como um centro de capacitação e de convenções polifuncional.
Assim se foi materializando o que hoje é a nova Escola de Negócios Bridgestone.
Um terreno particularmente estreito e comprido, limitado pela grande nave de 300m de extensão do depósito de pneus e por outro lado pela Avenida Camino de Cintura era o lugar destinado ao desafio de criar um novo edifício, com a demolição total do galpão obsoleto.
O que poderia parecer um obstáculo para a implantação ao final jogou a nosso favor, entendemos que um edifício representativo de Bridgestone devería transmitir toda a velocidade e desenvolvimento tecnológico da Empresa e seus pneumáticos, e estar ao lado de uma via rápida representou uma aproximação conceitual interessante.
Geramos um volume alargado com um pouco mais de 50 metros e seção ovalada como se a trajetória de um pneu fosse capturada e materializada no perfil da obra; as extremidades inclinadas do edifício parecem querer seguir em frente representando o compromisso com a inovação e o crescimento.
As premissas que guiaram o projeto foram a consolidação de uma nova imagem institucional-corporativa, a contemporaneidade arquitetônica e a flexibilidade.
A visão que se tem é a de em logo abstrato, um novo símbolo da modernização da empresa.
A pele exterior de painéis de alumínio Alucobond representou um desafio técnico porque não era comum aplicar este material de esta forma, foi estudado profundamente o detalhe sobre a cobertura interna de chapa, já que era importante assegurar a total estanqueidade do sistema, além disso os tetos em distintos níveis formam uma câmara de ventilação e isolante térmico e acústico.
O grande corpo de alumínio com aplicações de chapa perfurada com as cores corporativas, cortado por uma língua de vidro negro com brises metálicos que acentuam a horizontalidade, os tubos externos que marcam o ritmo dos módulos da construção, recompõem virtualmente a seção do edifício e enfatizam a analogia ao pneumático.
O edifício foi projetado sobre um embasamento e o acesso principal se dá a partir de um ambiente de transição semicoberto hierarquizado.
A recepção, que com a administração compõe o primeiro bloco funcional, reafirma o compromisso de todo o processo de desenho, a mesma lógica se incorpora em todos os ambientes – com as proporções, os elementos arquitetônicos, suas formas, materiais e cores institucionais e complementares.
O hall central é o articulador principal de toda a Escola, se desenvolve em forma de arco, o que lhe permite certa privacidade quando se está na recepção além de acentuar o sentido de recorrido linear proposto pela exibição de imagens ao longo de este espaço, onde o plano com chapa horizontal na cor vermelha reforça o caráter industrial da obra.
No segundo bloco se localizam as salas de reuniões, de informática e o auditório – sala de projeção. As salas estão desenhadas para prover máxima possibilidade de usos, painéis móveis permitem integração entre si e com o hall central.
O auditório tem capacidade para 86 espectadores (3 espaços reservados para deficientes físico) e está equipado com um moderno sistema de áudio e vídeo. O escalonado permite perfeita visão para todos os assentos e a disposição no sentido mais largo permite maior aproximação ao tablado e à tela de projeção.
Na parte traseira estão os espaços de serviço, a copa (office) se encontra dentro de um volume curvo que dialoga com a grande curva central a partir de sua materialidade de chapa de alumínio colocada no sentido vertical, os sanitários e a plataforma técnica terminam de compor este setor.
Todo foi pensado sem barreiras arquitetônicas para deficientes físico, como os acessos, espaços preferenciais, sanitários, texturas de referência, saídas de emergência. Maximiza-se o uso de luz natural e se otimiza todos os sistemas energéticos e de segurança.
A nova Escola de Negócios Bridgestone plasma um conceito singular de espaço de trabalho e educação contemporâneo, onde a única constante é a transformação.
ficha técnica
Projeto
Escola de Negócios Bridgestone
Localização
Buenos Aires, Argentina
Data de projeto
2003
Data de inauguração
2004
Área
680m2
Promotor
Bridgestone-Firestone Argentina
Concepção, projeto e direção de obra
Arq. Gustavo H. Ghibaudi – MMO. Facundo Anatrella – MMO. Maximiliano Seif
AGS Arquitectura
Colaboradora
Arq. Débora de Souza Bessa
Construtor
Enobra S.A.
Revestimento externo
CG S.A.
Pele de vidro
Alumbra
Iluminação
Philips
Equipamento
Fenix
Climatização
Brignone
Áudio e vídeo
TodoMusica
Fotografias
Gustavo Ghibaudi