Conceito
O projeto partiu da remodelação do antigo prédio do Banco Sur, localizado na esquina da rua Andrés Reyes com a Avenida Rivera Navarrete, no Bairro de San Isidoro, em Lima, Peru, para ser a nova sede da ProFuturo AFP, uma administradora privada de fundo de pensão.
Nos últimos anos o edifício teve diversos proprietários que alteraram sua fachada com a aplicação de letreiros e propagandas corporativas. Em 2005, a AFP ProFuturo adquiriu o imóvel para convertê-lo em sua sede administrativa.
Anteriormente a empresa não tinha uma sede propriamente dita, mas se encontrava dividida em quatro locais, o que dificultava os relacionamentos internos e originava perdas de tempo no traslado de um local ao outro.
Para a nova sede, buscava-se um edifício de acordo com os standards de empresas internacionais, que oferecesse eficiência desde sua infra-estrutura até o desempenho corporativo no ambiente de trabalho.
O edifício deveria contribuir para atingir os objetivos intelectuais da empresa, por essa razão optou-se por desenvolver um modelo que ajudaria a elevar a imagem da ProFuturo AFP, influenciando positivamente na tomada de decisões, na aprendizagem, na liderança, no trabalho em equipe e nas inovações.
Foi assim que a idéia para a fachada surgiu: criar um edifício diferenciado do entorno, que projetaria os valores e a imagem da empresa, imprimindo-lhe personalidade e presença. O projeto teve como desafio aproveitar o antigo prédio existente no local, criar uma imagem forte e atraente para uma esquina importante da cidade e adequar-se à escala do entorno.
Interiormente, a reforma rompeu o molde de trabalho individual dentro da empresa proporcionando maior conexão entre as áreas de trabalho, melhor relacionamento pessoal, agilidade nos processos, e criando espaços adequados para o trabalho em equipe e para treinamentos. Para cada área de trabalho foram criados ambientes diferentes, com um design de interiores que visava a qualidade do ambiente de trabalho de forma a acabar com a monotonia dos ambientes típicos de escritórios.
Descrição
O destaque principal do projeto é uma fachada envidraçada que muda de cor constantemente durante a noite devido ao sistema de iluminação aplicado. Essa superfície descansa sobre um volume de cores vibrantes, constituindo um divertido desafio à formalidade dos edifícios vizinhos.
Basicamente, o projeto compreendeu três áreas de trabalho: base, corpo e torre.
Incluindo os três primeiros pavimentos, a base se constituiu num sólido rasgado por aberturas que garantiram o acesso e a integração com a rua. Este volume foi revestido por placas de alumínio composto com acabamento termolacado nas cores branca, vermelha e amarela para acentuar seu caráter corporativo, já que essas são as cores de identificação visual da empresa.
O corpo central do edifício foi tratado como uma tela translúcida e luminosa, formada por estrutura metálica composta de perfis de alumínio anodizados, revestidos por uma pele de vidro onde se desenvolveu o sistema “Flash Glazing”. Feita de vidros laminados de alta segurança, com ótima planimetria, e que garante o controle de raios UV assim como o controle acústico; a pele de vidro recebeu a aplicação de LEDs (Lighting Emitting Diodes) para sua iluminação. Softwares específicos alteram a luminosidade e as cores da fachada em espaços de tempo previamente definidos, proporcionando dinamismo ao edifício.
A torre é o elemento que une a volumetria e permite que o edifício atinja a escala do entorno, além de suportar o letreiro corporativo da AFP e ser o espaço onde se localizam os ambientes de trabalho.
Outro detalhe do projeto foi a criação de espelhos d´água junto a rua para criar um ambiente mais agradável ao pedestre e contribuir com o desenho urbano local.
O conjunto dessas três áreas resultou na imagem monumental e contemporânea buscada pela empresa. O uso da iluminação e de materiais em cores que antes não eram utilizadas em edifícios corporativos no Peru, transformou esse projeto numa das propostas arquitetônicas mais inovadoras do país.
Quanto a sua distribuição interior, o primeiro piso está destinado à recepção dos visitantes, com salas de dimensões variadas, destinadas a diferentes tipos de atenção. Além disso, conta com dois auditórios com capacidade para 100 pessoas, uma biblioteca de dois andares com vista para o espaço central do edifício, uma cafeteria para uso interno e a área de tele-marketing da empresa.
No mezanino está a área de Negócios Empresariais com acesso pelas escadas rolantes e por uma escada individual que a separa do restante da empresa. Nesse local também se encontram áreas de trabalho em equipe, cabines de internet e monitores espalhados pelas circulações. Há ainda uma sala de serviços múltiplos, a área dos auditores e assessores operacionais e também dois escritórios individuais.
No segundo pavimento estão o auditório circular, equipado para treinamentos e reuniões, o terraço, um espaço de descanso para o pessoal e outra cafeteria. Esse pavimento conta ainda com escritórios privados e uma estação de trabalho compartilhada.
No terceiro pavimento estão a Sala de Investimentos, o escritório da gerência, as salas de uso interno, a Sala de Estratégia, Unidade Legal e Controladoria. Outras áreas presentes são as Unidades de Risco, a Unidade de Gestão Estratégica e a Financeira.
O quarto piso é um pavimento típico de escritórios administrativos. Nele estão localizadas as Unidades de Desenvolvimento Humano e Organizacional, Marketing, Premium e Logística.
Sistema de iluminação
O projeto desenvolvido para o edifício da ProFuturo tinha como um dos objetivos permitir a sua observação a partir de diferentes locais, para isso procurou ressaltar os elementos geométricos que compõem a fachada com materiais de revestimento e iluminação.
A partir de um ponto de observação distante deveria ser possível visualizar a pele de vidro da edificação, mas como o vidro não é um elemento que se possa iluminar, a solução encontrada foi projetar luz sobre a estrutura metálica que o suporta interiormente.
As passarelas metálicas que correm ao longo da superfície envidraçada foram pintadas de branco para ajudar na reflexão e o vidro escolhido foi totalmente transparente para não absorver luz.
No pavimento térreo o perímetro do edifício foi pontilhado com luminárias (LEDs) de cor vermelha e no interior dos espelhos d´água foram embutidas dicróicas para acentuar a textura da pedra de revestimento. O volume branco que fica ao fundo recebeu um banho de luz uniforme de maneira a definir a forma do edifício e atuar como pano de fundo para a fachada envidraçada.
Na pele de vidro se utilizou o sistema de Leds RGB. O RGB (vermelho/verde/azul) é uma combinação das três cores que permite obter o spectrum completo, passando também pelo branco. O Led é um diodo que emite luz e tem como característica principal o baixo consumo de energia (toda a fachada consome apenas 3 kw) e o longo tempo de vida (aproximadamente 100.000 horas, quase 25 anos, se for iluminada durante todas as noites).
Pela altura da fachada e largura das passarelas, foi possível concluir que distribuindo as luminárias ao longo das passarelas se criaria uma espécie de tela/monitor, já que desde o ângulo que eram vistas do exterior, formavam praticamente um plano. A projeção de luz foi trabalhada de cima para baixo. As luminárias foram colocadas no piso de cada passarela, com uma distância de 2,30m entre elas, iluminando a passarela inferior. No total são 7 luminárias em cada uma das 14 passarelas.
Esse sistema está conectado a um cabo de energia e a um cabo de dados que chega até o painel onde se instalou a memória, que por sua vez está conectado a um teclado de oito cenários diferentes que se alternam durante toda a noite. Os cenários foram projetados por um software para atingir o efeito desejado.
As luminárias e o sistema permitem controlar a intensidade luminosa, a direção do movimento, o intervalo de tempo e a mudança das cores.
ficha técnica
Arquiteto
José Orrego
Escritório
Metropolis - Peru