Premiada pelo IAB-SP em 2006, a casa grelha, conforme denominaram seus autores Fernando Fortes, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, deriva das várias soluções engenhosas proporcionadas também pela natureza excepcional do lugar, próximo à Serra da Mantiqueira. Implantada dentro de uma área de 22 alqueires, numa clareira onde a mata virgem se abre e afloram grandes pedras cercadas de araucárias, a casa “suspensa sobre o vale e fundida nos morros, se transforma em terreno e o terreno em casa, construindo uma nova paisagem “, salientam os arquitetos. Da clareira nascem trilhas naturais que percorrem a mata até o ponto mais alto do terreno, de vista deslumbrante, e aí, como uma plataforma, a elevação acolhe parte do programa da casa. O paisagismo, elaborado por Sidney Linhares e Fernando Chacel, colabora com a intenção plástica, sempre com respeito à mata nativa.
A partir da definição por uma casa térrea e em um único corpo, orientaram ainda a concepção do projeto mais dois fatores: a grande umidade do solo indicava a elevação da casa, resolvida por meio de pilotis; outra questão determinava uma estreita relação com a natureza.
A grelha estrutural em madeira é a grande expressão do projeto. Calculada em módulos de 5,5m por 5,5m, está suspensa sobre os núcleos de acesso que ligam os ambientes, conectando os caminhos existentes e criando novos, como uma ponte. Atravessa-se a estrutura por meio do teto-jardim - uma continuidade do terreno; pela parte de baixo, através do jardim com espelho d’água; e pelo meio da casa, por uma circulação externa. Dessa maneira, ora os módulos são ocupados por espaços fechados, ora totalmente abertos para que árvores atravessem a estrutura. A disposição das massas permite que dos vazios se observem as pedras e o jardim sob a grelha, a mata virgem, as árvores do entorno, os arrimos em pedra.
No interior da grelha desenvolve-se o programa composto de um núcleo com áreas de serviço, áreas sociais, quarto de hóspede e apartamento do proprietário; em outros três, isolados, estão os aposentos para os filhos; e entre eles, módulos vazios que dão continuidade visual e reforçam a desejada privacidade.
Composição da estrutura
Um conjunto de pilares de concreto apóia a grelha de madeira que está engastada no morro em duas laterais. O terreno, nesse ponto, é circundado por grandes muros executados com pedras do local. Para evitar número excessivo de pilares nos 2 mil m2 de projeção da estrutura e conseguir visuais mais abertas no jardim superior, foram empregadas grande vigas-vagão em aço cor-ten a cada dois módulos, com 11 metros de comprimento cada.
Essas vigas, observam os arquitetos, compõem com o paisagismo um aspecto importante do projeto.
Sobre a elevação, portanto com melhor vista, foi projetado o pavilhão de lazer, dividido em dois blocos por um pátio, estruturado com a mesma modulação da casa. Essa construção apóia-se em vigas metálicas em forma de asa que permitem balanços totais nas bordas do morro. Os arquitetos ressaltam que tanto o pavilhão de lazer quanto o bloco da residência, embora com diferentes ocupações e topografia, foram projetados com a mesma grelha estrutural. Já os outros três pavilhões destinados à área de serviço, garagem e casa de caseiro também contam com módulos de 5,5m por 5,5m, mas são estruturados em pedra em grandes empenas paralelas que, fincadas no solo, suspendem as lajes. O projeto procurou um contraponto entre a leveza da madeira e as pesadas estruturas de pedra a fim de evidenciar as diferentes funções.
Sobre a elevação, portanto com melhor vista, foi projetado o pavilhão de lazer, dividido em dois blocos por um pátio, estruturado com a mesma modulação da casa. Essa construção apóia-se em vigas metálicas em forma de asa que permitem balanços totais nas bordas do morro. Os arquitetos ressaltam que tanto o pavilhão de lazer quanto o bloco da residência, embora com diferentes ocupações e topografia, foram projetados com a mesma grelha estrutural. Já os outros três pavilhões destinados à área de serviço, garagem e casa de caseiro também contam com módulos de 5,5m por 5,5m, mas são estruturados em pedra em grandes empenas paralelas que, fincadas no solo, suspendem as lajes. O projeto procurou um contraponto entre a leveza da madeira e as pesadas estruturas de pedra a fim de evidenciar as diferentes funções.
Paisagismo
Na intervenção paisagística houve a proposta de reconstruir as margens da mata e criar uma transição entre o campo aberto e a densa floresta, alcançada por meio de vegetação nativa. No restante da área descampada, a intenção foi reproduzir um parque, com percurso e descanso nos principais pontos visuais. Nos locais próximos às construções, os jardins seguem a arquitetura. Como a cobertura gramada que dá continuidade ao terreno, ou o espelho d’água que faz o papel da guarda-corpo e se relaciona com o espelho d’água maior, situado no jardim inferior ao redor da maior pedra conservada do local.
Os arquitetos
Os três arquitetos são formados pela FAUUSP. Fernando Forte fundou o escritório FGMF com seus dois colegas, é especializado em sistemas estruturais e foi professor de Projeto Arquitetônico na UNIP. Lourenço Gimenes fez mestrado e está desenvolvendo doutorado na FAUUSP, na qual foi assistente do Departamento de Projeto por quatro anos. Trabalhou em escritórios como o de Jean Nouvel e Cabinet Alliaume, ambos em Paris; Índio da Costa, Rio de Janeiro e Baggio Pereira & Schiavon, Curitiba. Rodrigo Marcondes Ferraz é mestrando da FAUUSP, trabalhou no escritório Zanettini Arquitetura e foi professor de Projeto na Unip. Com vários trabalhos realizados em São Paulo, e várias premiações pelo IAB, os jovens arquitetos participam atualmente como finalistas do Concurso Living Steel, dentre mais de mil concorrentes de 22 países, cujo resultado será anunciado entre os dias 25 e 30 de junho, em Helsinki, Finlândia.
ficha técnica
Título do projeto
Casa Grelha
Autor
Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos (Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz)
Colaboradores
Renata Davi, Renata Buschinelli Goes, Luiz Florence, Adriana Junqueira, Paloma Delgado, Ivo Magaldi, André Malheiros, Luciana Muller, Débora Zeppellini, Marília Caetano, Nilton Rossi.
Paisagismo
CAP – Fernando Chacel e Sidney Linhares
Projeto/Construção
2005/2007
Localização
Serra da Mantiqueira, SP