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PORTAL VITRUVIUS. Sede da Fundação Iberê Camargo. Projetos, São Paulo, ano 08, n. 093.01, Vitruvius, set. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/08.093/2924>.


"A arte, para mim, foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vida com a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão"
Iberê Camargo

Primeiro projeto assinado por Siza no Brasil, o prédio que abriga a nova sede da Fundação Iberê Camargo começou a ser construído em 2003, na avenida Padre Cacique, às margens do lago Guaíba, e é um dos mais desafiadores empreendimentos culturais do país.


Desenho escritório

Vencedor do Troféu Leão de Ouro da 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002 – ano do lançamento da Pedra Fundamental –, láurea inédita na América, o prédio, orçado em R$ 40 milhões, tem o patrocínio da Gerdau, Petrobras, Camargo Corrêa, RGE, De Lage Landen, Itaú e Vonpar. Do total investido, R$ 24,3 milhões (60,8%) são oriundos de incentivos fiscais, por meio da Lei Rouanet e da Lei de Incentivo à Cultura do RS. Os demais R$ 15,7 milhões (39,2%) são recursos próprios dos patrocinadores, parte deles com aproveitamento do benefício gerado pelo Certificado de Utilidade Pública concedido à Fundação Iberê Camargo.

A Fundação

A Fundação Iberê Camargo foi instituída em 1995 a partir do desejo de Iberê Camargo e de Maria Camargo, hoje presidente de honra, com o apoio de amigos e a liderança de Jorge Gerdau Johannpeter, indicado para a presidência da instituição.

Desde o início da construção, em julho de 2003, a maquete da obra já foi exibida como um dos mais importantes projetos de Siza em Portugal, França, Itália, Espanha, China, Japão, Rússia e Coréia do Sul. Dezenas de periódicos especializados, que costumam apresentar somente projetos finalizados, publicaram matérias sobre a nova sede enquanto ainda estava em construção.

O prédio

Arquitetada com tecnologia de ponta, a nova sede é o primeiro prédio cultural do Brasil construído dentro de todas as normas internacionais de segurança e atendimento. Considerado por profissionais da área um marco internacional em arquitetura e soluções em engenharia, a obra já recebeu a visita de mais de oito mil pessoas, entre estudantes, estudiosos de arte e arquitetura, críticos e curiosos pelo projeto.

Sede da Fundação Iberê Camargo, croquis de concepção. Arquiteto Álvaro Siza, 2008
Desenho escritório


A coordenação da obra ficou a cargo do engenheiro José Luiz Canal, mestre e doutor em arquitetura e professor de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A obra contou com uma equipe de consultores brasileiros para adaptar os materiais originais do projeto aos existentes no país.

De modo semelhante ao Guggenheim nova-iorquino, de 1959, a Fundação conduz o visitante, ao chegar, a subir de elevador até o último andar. De lá, ele desce pelas rampas, percorrendo de cima para baixo as nove salas de exposição distribuídas nos três andares superiores. O prédio tem estrutura monolítica, sem pilares, vigas e lajes. São as paredes maciças que suportam o carregamento da estrutura e garantem a estabilidade horizontal do conjunto – o que lhe dá ares de uma gigantesca escultura. As poucas aberturas da construção foram calculadas para enquadrar perfeitamente a paisagem e valorizá-la, sem tirar a atenção das obras expostas.

O andar térreo do prédio tem um grandioso átrio que dá acesso ao balcão da recepção, à chapelaria e à loja cultural, e de onde se pode visualizar os andares superiores. Neste espaço está localizado o café/bistrô da Fundação, com uma vista privilegiada para o Guaíba.

No subsolo está instalado o ateliê de gravura, o ateliê do educativo, um auditório com recursos audiovisuais para receber, aproximadamente, 100 pessoas, um estacionamento com capacidade para 100 veículos e a parte de infra-estrutura. O local terá, ainda, um centro de documentação e pesquisa com biblioteca especializada e banco de dados sobre a obra do artista, voltado ao atendimento de pesquisadores nacionais e internacionais e ao trabalho editorial.

No subterrâneo também ficou instalada a área de utilidades e reserva técnica, onde está localizado o sistema de ar-condicionado e a rede de tratamento de esgoto. No acesso ao estacionamento foi incluída uma passarela subterrânea construída sob a Avenida Padre Cacique, ligando os dois lados da pista, para maximizar a segurança no acesso dos visitantes. Todos os acessos à nova sede da Fundação Iberê Camargo atendem pessoas portadoras de necessidades especiais. Rampas e elevadores, por exemplo, foram projetados para oferecer maior comodidade desde o estacionamento.

O terreno da nova sede foi doado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul e a área do estacionamento foi cedida em comodato pela Prefeitura de Porto Alegre em 1996. Íngreme e densamente arborizado, o lote, de 8.250 m2, tinha menos de 2 mil m2 de área plana. A solução encontrada por Siza foi verticalizar a construção, edificando vários andares entre a mata e a Avenida Padre Cacique. O prédio é o único do país construído em concreto branco, que dispensa pintura e acabamentos e oferece leveza à construção. O aço utilizado na construção foi galvanizado a fogo, para evitar a oxidação.

Sede da Fundação Iberê Camargo, maquete. Arquiteto Álvaro Siza, 2008
Foto divulgação

A escavação foi feita sem o uso de explosivos. Por meio de uma parceria com o Laboratório de Pesquisa Mineral da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi encontrado um plano de clivagem onde as rochas estavam mais fragmentadas e poderiam ser retiradas com um equipamento pneumático. Foram retirados 30 mil metros cúbicos de terra das escavações. A Fundação doou a terra à Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre (Smov), para uso na pavimentação de vilas da cidade.

Iluminação

O sistema de iluminação do prédio é controlado por sensores computadorizados, baseados na luz externa que entra pela clarabóia de vidro leitoso do último andar. A luz é reproduzida com a mesma intensidade por lâmpadas nos andares inferiores, conforme o dia nasce ou se põe, o que economiza uma grande quantidade de energia. Com o sistema, a luz interna do prédio se mantém a mesma durante todo o dia. O posicionamento das lâmpadas foi pensado para não projetar sombras nas salas de exposição.

Controle de temperatura

A temperatura e a umidade interior são gerenciadas por um controle inteligente de monitoramento para garantir a proteção do acervo. O sistema de ar condicionado produz gelo à noite, quando o custo da energia elétrica é mais barato, para refrigerar o ambiente durante o dia, reduzindo os custos da operação e maximizando a utilização de energia. O ar condicionado foi embutido nas paredes das salas de exposição, de modo a ficar invisível. O ar circula através de duas aberturas, localizadas nas extremidades superiores e inferiores de cada parede.

As paredes são revestidas com lã de rocha, um potente isolante térmico e acústico. As paredes dos braços externos (suspensos) do prédio ocultam um sistema hidráulico de tubos capilares plásticos, por onde corre constantemente água fria durante o dia, o que mantém o prédio resfriado naturalmente e economiza energia.

Utilização da água

O prédio possui um sistema de aproveitamento da água da chuva, que prevê sua a reutilização nos banheiros e a criação de uma estação de esgoto, responsável pelo tratamento dos resíduos sólidos e líquidos no próprio local. A água tratada resultante do processo também serve para regar a área verde do entorno. Com a atenção especial dedicada ao meio ambiente, a nova sede consome de 30% a 40% menos energia do que uma construção convencional.

Mobiliário e sinalização

Todos os móveis, em madeira, foram desenhados por Siza e importados de Portugal, assim como as portas corta-fogo. As placas que indicam as saídas do prédio e os sanitários masculinos e femininos também foram criadas pelo arquiteto.

Trilha ecológica

Por meio de uma parceria com a Fundação Gaia, hoje liderada por Lara Lutzenberger, filha do professor José Lutzenberger, a mata nativa de 16 mil m2 localizada às costas do prédio está recebendo cuidados especiais. Uma trilha de cerca de 200 metros na mata foi criada para que o visitante possa associar a arte à natureza. Importante lembrar que Lutzenberger, mestre do movimento ambiental no Brasil, foi quem assinou este projeto para a FIC.

Sede da Fundação Iberê Camargo, vista aérea. Arquiteto Álvaro Siza, 2008
Foto divulgação

A Fundação assumiu a repavimentação de cerca de 500 metros da avenida Padre Cacique e a reconstrução da curva em frente à nova sede. Para maximizar a durabilidade do asfalto, foram adicionados a ele polímeros de última geração. A via agora atende a padrões nacionais de segurança.

Ficha técnica

Projeto: Sede da Fundação Iberê Camargo

Diretor responsável: Domingos Matias Lopes

Coordenador do empreendimento: Eng. José Luiz Canal

Consultor geral: Arqto. Pedro Simch

Projeto arquitetônico

Arquitetura: Álvaro Siza Vieira

Arquitetos coordenadores: Bárbara Rangel e Pedro Polónia

Arquitetos colaboradores: Michele Gigante, Francesca Montalto e Atsushi Ueno

Projetos executivos

Sondagens de fundações: Eng. Everton Luis Granado Ghignatti – CREA-RS 056329

Projeto Implantação escavações/contenções: Eng. Antônio Alberto Nascimbem Kenan – CREA-SP 385584

Projeto estrutural: GOP, Lda. + Eng. Jorge Nunes da Silva e Eng. Fausto Favale – CREA-SP 0601093969

Hidráulica: Motter Engenharia Ltda + Eng. Antônio Motter – CREA-RS 010880 / Grau Engenharia LTDA + Eng. Deborah Mota Parente – CREA-SP 077221 e Eng. Valdernaque de Assis Melo – CREA-RS 150062

Elétrica: Motter Engenharia Ltda + Eng. Antônio Motter – CREA-RS 010880

Incêndio: Rcc Ltda + Eng. Alexandre Rava Campos – CREA-RS 059602

Segurança: Intellisistemas + Eng. Raphael Ronald Noal Souza – CREA-RS 126723

Climatização: Heating Cooling Ltda + Eng. Antônio Carlos Zedik – CREA-SP 0210037

Projeto de pavimentação e sinalização de tráfego: Eng. Antônio Ricardo Froner de Souza – CREA-RS 012489

Consultores especialidades para projeto executivo arquitetura

Estruturas: GOP, Lda. + Eng. Jorge Nunes da Silva, Eng. Ana Silva, Eng. Raquel Dias e Eng. Filipa Abreu

Elétrica: GOP, Lda. + Eng. Raul Serafim e Eng. Alexandre Martins

Hidráulica: GOP, Lda. + Eng. Raquel Fernandes

Climatização: GET + Eng. Raul Bessa

Acústica: Eng. Higini Arau

Consultores fiscais

Incêndio: Cláudio Hansen

Elétrica: Roberto Freire / AVAC + Mário Alexandre

Concreto branco / laudos: Leme – Engenharia Civil – UFRGS

Escavações: Lpm – Engenharia Minas – UFRGS

Obra

Início: 2003

Término: 2008

Área total: 8250 m²

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