A região de Piura se caracteriza por condições climáticas bastante próprias que a diferenciam não só do resto país, mas também do resto do mundo. Muito próxima da Linha do Equador, a região apresenta um clima predominantemente quente, e com um dos índices pluviométricos mais altos do Peru. Trata-se também da região mais afetada pelo fenômeno El Niño, que contribui com o volume de chuvas e com a persistência das altas temperaturas do verão durante todo o ano.
O edital do concurso, levando essas características em consideração, enfatizou a necessidade de se priorizar as condições climáticas na proposta arquitetônica, além de pedir seu aproveitamento como recursos renováveis para a manutenção do edifício.
O objetivo era desenhar um edifício de salas de escritórios para locação ou venda, cuja planta tipo deveria ser um espaço único de 600m2 subdivisível em até quatro salas de 150 m2 cada. Além disso, deveria contar com salas de reuniões na planta baixa e uma cafeteira na cobertura. Outra exigência do edital era que parte das vagas da garagem estivesse no mesmo nível da rua, cuja cota está três metros mais baixa que a parte mais alta do terreno.
A proposta apresentada colocou o edifício junto ao limite norte do terreno, dividindo-o em três blocos distintos. O primeiro, mais ao norte, uma caixa de serviços e circulação vertical; o segundo, o bloco com as salas de escritório; e o terceiro, a segunda escada de emergência pedida no edital, disposta propositadamente na extremidade do edifício oposta à outra escada, a fim de facilitar uma eventual evacuação de emergência.
As salas deveriam desfrutar da vista privilegiada para o Rio Piura, à leste do terreno, como pedia o edital. Para isso, e seguindo novamente a exigências da organização do concurso, os escritórios foram vedados com grandes panos de vidros incolores, exigindo proteção solar que trazia consigo uma dificuldade: Como proteger as salas da excessiva insolação e ao mesmo tempo garantir uma vista desimpedida para o rio? Foi proposta uma série de brises-soleil horizontais, cobrindo toda a fachada oeste, e parte da leste. Nesta fachada, os brises foram dispostos até uma determinada altura, garantido que um homem em pé, em qualquer um dos escritórios, possa desfrutar da vistas para o rio, mas permitindo a entrada de sol nas primeiras horas da manhã (ver figura 01). A entrada do sol contribui com o aquecimento do ar no interior do edifício. Para a saída desse ar quente, o caixilho foi desenhado de forma que sobre os forros internos das salas exista uma livre circulação de ar exterior, que cruzaria o edifício garantindo uma constante ventilação e reduzindo os gastos com ar-condicionado.
Para o reaproveitamento de energias renováveis, foram propostas placas fotovoltaicas no topo do edifício e uma cobertura inclinada sobre a cafeteira, o que otimiza a captação das águas pluviais levando-as a uma cisterna para sua reutilização.
Também foi pedida a utilização de luzes Leds nas fachadas a fim de se personalizar a imagem noturna do edifício. Os brises foram, então, desenhados de forma que suportassem linhas de Leds na suas extremidades exteriores, formando uma espécie de mosaico de cores nas fachadas.
ficha técnica
Autor
Luiz Alberto Backheuser