Essas casas nasceram de uma reflexão de como ocupar áreas ainda bastante preservadas do nosso litoral.
Itamambuca, assim como a maior parte do litoral norte de Ubatuba, ainda conserva exemplos da vegetação de restinga, o que é uma verdadeira relíquia, uma vez que as ocupações do nosso litoral têm se caracterizado por exterminar qualquer lembrança da vegetação nativa.
Hoje, a área onde essas casas foram construídas é considerada de preservação permanente e estão proibidas novas construções. Eu creio, no entanto, que em algumas circunstâncias é possível conciliar ocupação com preservação e acredito ter contribuído para esse debate com as casas que eu construí.
A estrutura de madeira se mostrou adequada para construções nessas áreas porque reduz muito o tamanho do canteiro. O concreto só foi utilizado nas fundações, que são sapatas isoladas com 50 cm de profundidade. As casas foram construídas sobre um assoalho de madeira elevado do solo. Como é de areia, o solo é totalmente permeável. Com essa solução, não houve necessidade de aterro e foi possível manter os lotes no nível em que eles se encontravam que é um pouco abaixo da rua. Os grandes beirais, além de proteger a madeira, permitem que as casas fiquem totalmente abertas mesmo durante as chuvas, uma constante em Ubatuba e as alvenarias funcionam como contraventamento de toda estrutura.
Em algumas regiões de Ubatuba ainda existe de maneira muito tênue um modo de vida caiçara que é bastante peculiar. A expressão disso na arquitetura serviu de inspiração para o projeto dessas casas. São casas de veraneio, de construção muito simples e econômica, que funcionam como pequenos pavilhões para contemplação da natureza.
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