A futura unidade do Sesc, na cidade de Franca, parte da premissa de ter sua interioridade sempre disponível a acontecimentos, desde os atos coletivos, as aglomerações, até os encontros em ocasiões não-programadas ou mesmo a fruição do passante livre. Um lugar impregnado de possibilidades ao ser humano em sua vida cotidiana: o lazer, o ócio, o lúdico, o afeto.
Em sua essência, o projeto é o desenho de uma quadra aberta urbana, tanto na relação que se propõe com o contexto ao redor, quanto no caráter público alicerçado na fluidez espacial do interior. Propõem-se aberturas e acessos nas quatro faces que compõem o perímetro da edificação, sem a construção de longos muros opacos, que desqualificam as calçadas. Ao possibilitar ao pedestre o livre atravessamento do interior desse quarteirão construído para atividades culturais e esportivas, as várias entradas potencializam o movimento de gente que sustentará o sucesso do programa proposto pela instituição.
Em uma análise geral, a distribuição do programa parte de uma lógica em que dois conjuntos espaciais organizam-se em polos opostos. Junto à rua Rio Grande do Sul, o bloco quadrado maior concentra os programas de uso público e coletivo. Ao longo da rua Dr. Nelson Presotto, posiciona-se um volume linear destinado às funções administrativas e serviços.
A intermediação entre esses pólos programáticos - espaços cobertos - é feita por três patamares destinados às atividades ao ar livre,com áreas de lazer infantil, piscinas, quadra poliesportiva e campo de futebol. Desenhados em continuidade aos pisos internos, cada "belvedere" – cujos níveis no projeto baseiam-se na altura da topografia original do terreno – opera como uma extensão dos programas posicionados no interior dos blocos das extremidades do quarteirão.
Tectonicamente, o conjunto edificado fundamenta-se na dialética entre peso e leveza. De caráter pétreo, o embasamento é constituído por muros de gabião, cuja função varia entre arrimo, que transforma a topografia original, e fechamento, para estacionamentos e áreas técnicas. Tal parte inferior contrasta e compõe – concomitantemente – com os volumes superiores, de estrutura em aço e concreto, cujos fechamentos privilegiam transparência e translucidez.
O senso de leveza que observamos pelas fachadas do volume que reune os programas públicos reflete-se nos vazios interiores do bloco. Amplas áreas de estar, de convívio, de encontro e de ócio somam e sobrepõem-se às circulações – corredores abertos, passarelas e escadas – que articulam os diferentes acessos, salas, teatro, quadra e piscina cobertas. O resultado dessa justaposição é um grandioso e imponente espaço central visualmente integrado, que leva à percepção de um lugar de congregação cívica. A monumentalidade espacial se fortalece com o desenho do teto: uma estrutura em formato de grelha, que permite a passagem de luz natural. Graças a dispositivos agenciáveis de diferentes modos, o controle dessa iluminação externa trará como efeito uma "modulação" heterogênea dos raios da luz solar.
Em síntese, este projeto para o Sesc representa a construção de um lugar que se dispõe ao abrigo, à convergência e à potencialização de um contexto humano latente na cidade de Franca.
ficha técnica
Escritórios
SIAA – Cesar Shundi Iwamizu
Apiacás Arquitetos - Anderson Freitas, Acacia Furuya e Pedro Barros
Arquitetos
Anderson Freitas
Bruno Salvador
Carlos Ferrata
Cesar Shundi Iwamizu
Equipe
Alexandre Gervásio
Andrei Barbosa
Barbara Francelin
Daniel Constante
Daniela Andrade
Fábio Garrafoli
Fabio Teruia
Francisco Veloso
Henrique Costa
Maíra Barros
Marcelo Otsuka
Maria Wolf
Pedro Paredes
Rafael Carvalho
Rafael Goffinet