O edifício foi construído num terreno estreito e longo, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre. A experiência envolveu todas as etapas do empreendimento, desde a busca pelo terreno, estudos de viabilidade do projeto até a execução da obra.
O terreno fica há duas quadras da Usina do Gasômetro, ponto de referência da área central da cidade e um marco que define a ponta da pequena península onde se originou Porto Alegre. O lote, decorrente do parcelamento urbano da cidade antiga, permaneceu vazio por décadas e não mantinha nada mais do que uma topografia acidentada e a vegetação nativa entre muros em ruínas.
O projeto de uso misto, comercial e residencial, ocupa a largura máxima do terreno, encaixando a fachada principal e o volume no quarteirão em continuidade aos edifícios da Rua dos Andradas.
O nível térreo se divide em duas longas faixas, sendo a mais estreita delas, o acesso ao conjunto residencial. A loja de pé-direito duplo se desenvolve numa forma alongada, resultante da configuração do próprio edifício e terreno, o que gerou dois ambientes distintos e a passarela sob o corredor residencial.
Doze apartamentos se distribuem em seis pavimentos tipos, com dois modelos diferentes de unidade, uma maior à frente e outra menor aos fundos.
A definição do pavimento tipo abusou de estratégias para aproveitar o espaço disponível e organizar o zoneamento funcional. As limitações do lote demandaram inúmeros estudos de projeto, dos quais, surgiram os pátios internos curvos, desenhados com o diâmetro mínimo exigido pela legislação, o que garante a ventilação cruzada nas unidades e amplia a iluminação natural em diversas gradações.
A obra toda foi executada em técnicas construtivas tradicionais, numa estrutura mista, com pilares em concreto armado e paredes de alvenaria portante nas divisas.
As opção em manter as lajes aparentes nos apartamentos e escada do edifício reforçam a atmosfera despojada e de detalhes simples.
Nos espaços internos, o reflexo da forma sinuosa dos pátios configura o layout das atividades no ambientes, que são distribuídos de acordo com dimensão de cada recanto.
O condomínio tem acesso ao pátio dos fundos. O quintal ocorre em dois níveis bem distintos. Uma pequena área no nível térreo abriga o volume de serviços e reservatório inferior do edifício. A parte mais alta do pátio manteve a vegetação original existente nos fundos do lote, onde foi criado um espaço de uso comum do condomínio.
Os terraços, pertencentes aos apartamentos do último andar, tiveram parte da sua área revestida com cobertura verde, o que garantiu uma melhor proteção térmica e contribuiu na ambientação destas áreas abertas. As visuais para o rio e a cidade coroam a ocupação deste pequeno lote com surpreendentes perspectivas - o encontro da cidade com a paisagem natural, que costeia a margem do rio Guaiba e se debruça sobre marcante geografia do parque do Delta do Jacuí.
ficha técnica
projeto
Edifício Península
local
Porto Alegre, Brasil
datas
Projeto: 2010
Conclusão da obra: 2013
áreas
Terreno: 256m2
Construída: 969,20m2
projeto
Cantergiani + Kunze Arquitetos
Arquitetos Cristiano Kunze e Nathalia Cantergiani
estrutura e fundações
Pasquali e Associados Engenharia de Estruturas
projetos complementares
Simone Möllerk e Evandro Medeiros
construção
Juarez Santos