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EKERMAN, Sergio Kopinski. David Libeskind, a arquitetura moderna e a modernidade brasileira. Resenhas Online, São Paulo, ano 07, n. 082.02, Vitruvius, out. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.082/3057>.


A arquitetura do Movimento Moderno no Brasil é amplamente reconhecida por sua qualidade e pela forma como apropriou os peculiares valores estéticos e construtivos das vanguardas à nossa cultura, clima e lugar. O início de tudo está ainda nos anos trinta, quando nossos modernistas concretizaram no Rio de Janeiro a obra do Palácio Gustavo Capanema, antigo Ministério da Educação e Cultura, projetado por uma extensa e competente equipe comandada por Lúcio Costa. A década de quarenta seguiu marcada pela construção do Parque da Pampulha, em Belo Horizonte, obra encomendada por Juscelino Kubitschek ao jovem Oscar Niemeyer, paradigma dos avanços estéticos e técnicos do uso do concreto armado em solo nacional.

Já nos anos cinqüenta, o grande avanço econômico do país e a latente urbanização darão novos rumos ao modernismo brasileiro, processo que culminou na inauguração de Brasília, em 1960. Neste momento, uma clara política de desenvolvimento industrial alça parte da classe média ao posto de alta burguesia, fenômeno que provoca em todo país a multiplicação de obras de residências uni e plurifamiliares, símbolos do crescimento vertiginoso das capitais, junto às favelas e invasões irregulares também surgidas neste período.

Para além das questões sócio-econômicas pertinentes a este fenômeno, é fato que o período representou para a arquitetura brasileira um tempo de aprimoramento técnico, científico e conceitual de qualidade singular no âmbito da construção residencial em solo brasileiro.

O acervo bibliográfico voltado ao registro desta produção tem ganhado nos últimos anos um reforço importante, composto principalmente por títulos dedicados à trajetória e obra de alguns importantes profissionais, construtores deste “país do futuro”. Embora alguns nomes sejam conhecidos e estudados por muitos, ainda há esforço a ser feito no sentido de resgatar a produção de outros importantes arquitetos modernistas brasileiros.

Esta é, sem dúvida, uma das maiores contribuições do livro David Libeskind – ensaio sobre as residências unifamiliares, de autoria da arquiteta Luciana Tombi Brasil, prefácio do professor Luis Antônio Jorge, segundo volume da coleção Olhar Arquitetônico, lançado numa parceria entre a Romano Guerra Editora e a Edusp, em 2007.

No livro, baseado em sua dissertação de mestrado, Luciana Tombi revê a precoce carreira deste singular arquiteto, autor de importantes projetos, dentre eles dezenas de residências e o Condomínio Conjunto Nacional, em São Paulo.

A partir de uma cuidadosa pesquisa, entrevistas e acesso incondicional ao arquivo de Libeskind, a autora revela a trajetória profissional iniciada com a formação em Belo Horizonte, para onde Libeskind se mudou com a família quando tinha apenas um ano de idade. Filho de imigrantes poloneses, nascido em Ponta Grossa (PR), David Libeskind desde cedo despontaria para as artes e o desenho, instrumento fundamental no exercício da arquitetura e que demonstra dominar no âmbito de seu trabalho futuro.

O capítulo 1, dedicado ao período mineiro, destaca o efeito que a construção da Pampulha produzira sobre Libeskind e sua decisão de entrar na Escola de Arquitetura da UFMG, prosseguindo os estudos iniciados na área das artes plásticas com o professor Alberto da Veiga Guignard.

Já no capítulo 2, Luciana Tombi conta a respeito da chegada de David Libeskind a São Paulo, contextualizando a situação sócio-econômica da futura megalópole, cidade de onde o arquiteto nunca mais saiu. Radicou-se principalmente por conta da longa construção do Conjunto Nacional, projeto que conquistou ao vencer um concurso fechado de idéias realizado pelo investidor argentino José Tijurs. O ano era 1954 e Libeskind completara 26 anos de idade, recém chegado a São Paulo. Dentro do conceito multifuncional do empreendimento, o arquiteto desenvolveu seu partido a partir da criação de uma grande lâmina horizontal para a galeria de lojas ao nível da rua e um volume vertical de apartamentos e escritórios, criando um edifício que integra o público e o privado em importante ponto na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta.

Luciana Brasil analisa também neste capítulo o percurso de Libeskind como artista plástico e gráfico, resgatando trabalhos realizados como ilustrador e designer da revista AD – Arquitetura e Decoração, dentre outras, e destacando sua bem sucedida trajetória como pintor abstrato, registrada de maneira singular em exposição na Galeria Documenta, em São Paulo (1971).

O núcleo mais importante do livro, presente nos capítulos 3 e 4, revela um olhar mais cuidadoso da autora sobre a obra de Libeskind através da seleção de trabalhos realizados entre os anos de 1952 e 1983. Para seu estudo, Luciana Tombi se debruça sobre doze obras de casas unifamiliares, objetivando, segundo ela mesma, “identificar não só o método, mas também as características mais marcantes e recorrentes dessa arquitetura, e demarcar sua relação com as referências já consolidadas da arquitetura das décadas de 1950 e 1960 no Brasil”.

Sem poupar esforços para a depuração do material disponível, a autora presenteia o público com plantas, cortes e alçados redesenhados, além de perspectivas originais e fotos de época, elementos gráficos subsidiares a uma leitura fácil e dinâmica, mesmo para aqueles não ligados ao universo da arquitetura. Para os mais afeitos à prática de projeto, o livro é uma aula eficaz e inteligente por entre os planos, materiais e invenções construtivas de Libeskind, no mínimo inspiradoras. Assim, a linguagem utilizada no livro estabelece correta sintonia com a obra apresentada, cuja característica marcante é justamente o poder de síntese, a resolução dos problemas enfrentados no momento da construção.

Sobre a qualidade editorial do volume vale também menção ao trabalho de Abílio Guerra e Silvana Romano Santos, que vêm movimentando um constrangido mercado de livros especializados no Brasil com grande competência, já há alguns anos.

Por último, é preciso voltar às primeiras páginas para o marcante depoimento do próprio Libeskind, em apresentação de duas laudas, onde não se furta a elogiar o “trabalho de fôlego” da autora. Ali, Libeskind mostra-se grato a todos aqueles responsáveis pela compilação, organização e publicação de sua obra, atividade que, segundo ele, vem ajudando-o a lidar com as dificuldades do Parkinson, há mais de dez anos.

Depois do contato ampliado com seu trabalho, permitido agora pelo livro de Luciana Tombi, só nos resta também agradecer a David Libeskind, face ao inestimável conjunto por ele materializado.

[apresente resenha foi publicada originalmente na Revista 18, ano VI, n. 25. São Paulo, Centro de Cultura Judaica, set./out./nov. 2008, p. 42-44. ISSN 1809 – 9793.]

sobre o autor Sergio Kopinski Ekerman é mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia e autor do projeto do Memorial do Holocausto, em Salvador

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David Libeskind

David Libeskind

Ensaio sobre as residências unifamiliares

Luciana Tombi Brasil

2007

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