Limites do design
Limites do design
Dijon de Moraes
Studio Nobel, São Paulo; 3ª edição, 2008
Revista e ampliada
edition: português
paperback
168 p
21 x 28 x 1,5 cm
1400 g
illustrated
fullcolor
photos
ISBN
978-85-85445-73-4
(design)
about the book
Se acreditamos ser a atividade de design uma forma inconteste de avaliação da capacidade criativa e intelectual de um povo, temos que concordar com o livro “Limites do design...”, escrito pelo designer Dijon De Moraes.
Oportuno, por estarmos justamente vivendo em tempos de globalização econômica e de formação de blocos multinacionais, o autor vem nos alertar da importante ferramenta que demonstra ser o design para a identidade e soberania de um país, através da sua produção industrial e da sua cultura material, fator que nem sempre é percebido por governos, pelos meios empresariais e pelas elites de muitos países que, muitas vezes, tendem a não lhes transferir os verdadeiros créditos necessários que os legitimem.
Corajoso, pelas suas contestações quanto às expectativas dos teóricos e estudiosos de design dos países de Primeiro Mundo, que mantêm um paradigma para o desenvolvimento do design no Brasil, e para todos os outros países chamados de Terceiro Mundo, que, hoje, mais sutilmente, são considerados países de economia em ascensão.
Segundo esses estudiosos dos países desenvolvidos, o design a ser praticado nos países em ascensão não deveria ter o mesmo percurso que o de seus países, vindo a criar desta forma um dualismo entre design de centro e design de periferia, fato que o autor repudia categoricamente, defendendo o conceito de design como único e indivisível, tendo a pessoa humana como referência maior, independentemente de sua origem; raça e religião. Contraria, desta forma, propostas divisionistas para essa atividade como as de design "ricco" e design "povero".
Nem por isso, o autor deixa de ter um projeto de design para os países em desenvolvimento; ao contrário na sua explanação deixa clara a preocupação com o baixo custo dos produtos industriais, que proporciona uma faixa maior de aquisição para diversas camadas sociais da população, mas sem o estigma de ter como resultado final um produto com “design de segunda ordem e de referências culturais limitadas”.
Como o antropólogo Darcy Ribeiro, o autor recusa um projeto pronto e determinado das elites dos países do norte para soluções dos problemas vividos pela população do sul do nosso planeta, seja no sentido econômico, industrial e/ou político.
Poderíamos afirmar que o livro de Dijon De Moraes é uma mensagem política que traz como protagonista o universo do design, tendo como cenário a realidade da era atual denominada pós-industrial, onde as limitações tecno-fabris estão sendo banidas e a esperança social dos bens da produção industrial para todas as pessoas são reafirmadas.
O autor, que conviveu durante anos com colegas, professores e designers europeus, responde aos questionamentos sobre o futuro do design nos países do sul do planeta com extrema precisão e arte, às vezes ironicamente, às vezes com certa desconfiança sobre as verdadeiras intenções dos signos incutidos na expressão design de periferia, mas sem jamais perder a polidez e a elegância que o caracterizam.
Na verdade, o autor sabe o que diz, embasado em uma experiência de mais de quinze anos de atividade em design, com aproximadamente cem produtos produzidos e comercializados pela indústria brasileira e do exterior. Dijon De Moraes, nosso estrategista designer multidisciplinar, correu mundo, ganhou vários prêmios, escreveu vários ensaios e nos brinda com este livro.
Esta publicação, como sabiamente afirma o próprio autor, não é afirmativa, nem mesmo uma interrogação; é uma questão aberta a ser discutida. De igual forma, não é um discurso de designers para designers, pois pode envolver a todos: políticos, jornalistas, professores universitários, economistas e também aqueles que se preocupam com um projeto de vida melhor e mais harmonioso entre os povos para o próximo milênio.
O livro proporciona ainda uma rica contribuição à cultura material junto às empresas produtoras e aos formadores de opinião dentro do intelecto ativo e fascinante mundo do design.
(Aluísio Pimenta, Reitor da UEMG e ex-ministro da Cultura)
about the author
Dijon de Moraes
Bacharel, mestre e doutor em Design, obteve seu título de Doutor junto à Universidade Politécnico de Milão, Itália e revalidação nacional do diploma junto à UnB. Atualmente é Professor do curso de Desenho Industrial na UEMG.